Capítulo VIII - A Caixa de Pandora(Pt. 3)

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Estava sentadx nos bancos do aeroporto. Minha mochila nas minhas costas. Olhava os voos que estavam sendo oferecidos no momento. Queria pegar algo imediato, porém ainda não tinha ideia de onde.

França? Espanha? Talvez algum país latino dessa vez.
Não possuía meu celular comigo. Percebi que havia quebrado a tela tanto com meu ato que a rachadura que fiz na tela tornava incapaz de ver o conteúdo.

Havia perdido o aparelho. Poderia recuperar os contatos mais tarde, todavia agora pensava para onde queria ir.

Em parte, queria ir para qualquer lugar. Um lugar onde eu era completamente desconhecido para as pessoas. Um lugar onde não houvesse muitas expectativas. Um lugar onde eu estivesse completamente sozinhx.

Um dos voos para a França chamou-me a atenção. Era recente e eu estaria no avião em poucas horas. Fui em direção a fila da recepção(?) para comprar a passagem. A fila estava um pouco grande.

Comecei a checar a lista de coisas que havia trazido comigo.

Coloquei poucas coisas na mochila. O notebook que meu pai me deu, porque precisava para os futuros trabalhos que faria. Algumas coisas essenciais. Não carregava nenhuma das jóias, brincos, ou roupas bonitas que tinha. Apenas algumas das mais simples.

Não precisaria de mais nada. Caso quisesse modelos de roupas e jóias, usaria o dinheiro que adquiri para comprar novos. Tranquei no meu apartamento, com a maioria das coisas que tinha. Devolvi a chave do quarto para o síndico do prédio, sem dar certeza se retornaria depois das minhas “férias”.

Mesmo agora na fila, não sentia mais nada. Minhas emoções pareciam o interruptor de uma lâmpada queimada. Ou estavam completamente desligadas ou estavam ligadas e prestes a queimar. Se pudesse escolher, preferia como estava agora. Completamente desligadas.

O tempo passou mais rápido do que esperava na fila, enquanto eu observava as pessoas ao redor. Em pouco tempo, eu fui chamado pela moça da recepção. Pediu minha documentação e meu passaporte.

Retirei a bolsa das costas para procurar as documentações. Entreguei a ela o que me pedira, e ela pediu que preenchesse alguma ficha. Quando fechei a bolsa e retornei a colocá-la nas costas, algo brilhou em meu peito.

Olhei para baixo e vi a chave da garagem que sempre estava usando no peito.

“Isso é para que você possa abrir novas portas para o seu futuro, Ariel."

Ao lado da chave, estava o colar que o Theo me dera. Não havia retirado do pescoço desde então. 

"Opa, essa foi por pouco, fale mais um pouco, eu amo ouvir a sua voz."

Seu sorriso que me acostumei a escutar. O estiloso Theo Moretti. O bêbado Theo Moretti. As chamas douradas de seus olhos que me fisgaram como um peixe no bar apinhado de fregueses.

Suas lágrimas. Suas cicatrizes.

"Então quer dizer que você acha meus olhos bonitos ? interessante."

Memórias voltaram a mim sem que tomasse consciência delas. Dos dias que passei trabalhando para o Theo Moretti. Das bebidas que me serviu. Das conversas que tivemos.

Por que ainda estava aqui na Itália?

"Uau, se me permite me dizer, acho que sou um cara de sorte, por ter uma pessoa tão linda(o), charmosa(o) e sofisticada(o) como meu acompanhante para hoje a noite." 

Gostava da luxúria? Apreciava as bebidas? Poderia conseguir mais delas em qualquer lugar com o meu próprio dinheiro. Talvez até mesmo um lugar melhor. Não precisaria vê-lo de novo. Não precisaria ferí-lo de novo.

Ariel.EXEOnde histórias criam vida. Descubra agora