Capítulo VIII - A Caixa de Pandora(Pt. 1)

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Batidas na porta. Alguém batia na porta do meu apartamento. Acordei sentindo-me melhor da gripe. Olhei ao redor e estava sozinhx.

Levantei-me de prontidão, perguntando-me quem seria. Coloquei a primeira roupa que peguei nas mãos. Quando cheguei a porta, percebi que reconhecia a voz.
Abri a porta.

Eram eles.

Haviam me encontrado.

Suas palavras vieram como um dilúvio. Esqueci o quão barulhento era a família reunida. Entraram como se a casa pertencesse a eles, por vezes comentando sobre o local que morava agora e perguntando. As perguntas não paravam mais.

Estava chocadx com tudo que acontecia, tão repentino e rápido demais para que pudesse processar. Ainda estava parado na porta. Não lembro de dizer que poderiam entrar, mas dentro de meu apartamento estavam todos eles. 

Daniel, Fernandinho…

Minha mãe...

Olhavam meu apartamento como costumavam fazer com minhas coisas, procurando valores, preços, lugares. E suas perguntas nunca paravam. Se era parte do plano eu deixá-los em primeiro lugar, se eu pensava que apenas iriam deixar que eu fosse embora.

Ouvi o som de estilhaço. Haviam quebrado algo. Exclamei algo para eles, que exploravam minha casa sem qualquer senso de minha privacidade. Como se eu ainda fosse uma criança que tivesse que dividir os brinquedos.

E então percebi. Onde estava meu pai? Perguntei a eles. Não me responderam.

Foi então que escutei atrás de mim. Virei-me para ver que ele ainda estava na porta. Olhava-me com um olhar de preocupação que poucas vezes vira nele.

Então, percebi que ainda usava a maquiagem da noite passada, borrada. E as roupas da festa de ontem, onde havia enchido a cara. Nunca havia visto a mudança que eu passara quando estava na faculdade.

Que diferença era. Que diferença deveria ser observar a mim agora comparado com a criança chorosa que gostava de TI e montar computadores.

Por algum motivo, senti vergonha. Não queria que me visse no estado em que estava. Seu olhar em mim parecia tão doloroso, tão preocupado.

Era lágrimas que via em seus olhos?

Virei o olhar. Não funcionou, ele esticou as mãos para meu rosto e voltou em sua  direção novamente.

"Meu filho…" 

"Pai…"

Meus olhos enchem de lágrimas que não escorrem. Ainda me amava. Sabia quando me olhava.

Escutei estilhaçar dentro do meu apartamento. Haviam quebrado algo meu. Ainda assim, não desviei o olhar dele.

"Meu filho, tudo isso… Por que fez tudo isso? Por que me deixou para trás?"

"Meu pai…"

Minha voz saiu um murmúrio e estava chorando. Meus joelhos fraquejaram.

"Não, não, pai, por favor…"

"Ariel, você nem mesmo mandou uma mensagem esses anos todos."

Cai de joelhos em frente dele.

"Me desculpe, me desculpe, me desculpe…"

Ajoelhou ao meu lado.

"Depois de tudo que fiz, me parte o coração saber que você nem mesmo pensou em me avisar, em me dizer que estava bem… Será que realmente falhei?"

"Não, pai! Me perdoe, por favor. Você não fez nada de errado. Fui eu! Eu que errei em não falar nada, não avisar… Por favor, me perdoe. Pai, pai, olhe pra mim."

Ariel.EXEOnde histórias criam vida. Descubra agora