O olho mestre

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1º de outubro.

No refeitório vazio, Rose separou todas as comidas que percebeu não serem vermelhas em uma cesta, tentando ser o mais rápida possível. Ela logo pensou em levar tudo para a garota francesa, que estava sozinha. Com um sorriso no rosto, Rose imaginou se receberia algum agradecimento de Melanie após chegar com aquelas gostosuras que estava preparando. Ela queria vê-la feliz, nem que fosse por alguns segundos.

Assim, com a cesta em uma das mãos e uma garrafa de suco na outra, Rose saiu do refeitório, pensando que não havia nada vermelho como Melanie queria.

Enquanto voltava para o trailer, uma poluição sonora a acompanhava. Para Rose, não era um incômodo ouvir; pelo contrário, ela sorria a cada risada que seus amigos palhaços soltavam.

No entanto, ela se assustou ao chegar ao fim do labirinto de tendas e se deparar com Meredith e seu perverso sorriso. Rose desejou por um instante que a garota de cachos loiros simplesmente desaparecesse, mas logo afastou esse pensamento e respirou fundo.

— O que faz sozinha por aqui, Rosita? — Meredith perguntou com um tom irônico, o que incomodava completamente Rose. A espanhola optou pelo silêncio, afinal, não devia satisfações à ela. — Algum problema, cunhadinha?

Rose queria continuar seu caminho, mas ao invés disso, riu.

— Ainda com isso? Você não desiste? — questionou com sarcasmo.

— O que está dizendo? — Meredith perguntou confusa.

— Não se faça de boba, Edith, ninguém está olhando. Não sou sua cunhada.

— Oh, é isso. — Meredith fez um gesto banal com a mão, rindo. Aproximou-se um pouco mais da garota, mas ela se afastou. — Como pode ter tanta certeza disso, Rosita? Ainda posso voltar à minha posição inicial e tudo pode voltar a ser como antes. Até mesmo nosso meio parentesco, não acha?

Roseline negou ao sorrir.

— Sua posição inicial não está mais livre. Acredite, não há mais chances. — afirmou. Era engraçado ver uma garota do estilo de Meredith sonhar tão alto daquela maneira. A testa da italiana se franziu em confusão.

— Fala da vadia francesa? — questionou.

— Não a chame assim. Ela se chama Melanie, e não é uma vadia. — seu tom se exaltou quase sem perceber.

Meredith deu de ombros.

— Não me importo. A garota não durará muito tempo mesmo.

— Pensamos assim de você quando chegou também, entretanto, olhe só pra você, ainda está aqui. — Rose fez uma expressão surpresa ao ironizar.

Meredith sentiu raiva de suas palavras, mas seu silêncio durou pouco, logo ela soltou o sorriso mais sarcástico que pôde.

— Está protegendo a francesa, que bonito. — afirmou Edith. Sua voz tornou-se suave, zombando da espanhola. — Está com pena da garota, Rosita? Ou acha que sua compaixão salvará a vida dela? — Rose sentiu seu sangue ferver ao ouvir a gargalhada irritante da garota ecoar pelo vazio. — Está até levando coisinhas pra ela, que lindo.

— Por que não cuida da sua vida? — a feição meiga e carinhosa de Rose havia desaparecido, dando lugar a uma expressão de raiva.

— Estou cuidando. — Meredith deu de ombros ao ultrapassar o corpo da espanhola, sem antes completar suas palavras. — Espero realmente que seu sentimento por ela seja apenas pena, e que não lhe afete tanto quando a cabeça da garota estiver entre minhas mãos, será desagradável. — ela sorriu e virou-se de costas, andando pelos corredores de panos vermelhos.

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