O circo do horror

Palco de sangue

30 de setembro

Melanie e Roseline atravessaram as grandes cortinas vermelhas e adentraram ao local. Era um amplo espaço fechado ao ar livre, como se fosse a parte dos fundos do circo, mergulhado na escuridão da noite e iluminado apenas por chamas.

Apenas os palhaços e as criaturas de vermelho do espetáculo estavam presentes.

Havia também cenários, trailers e objetos espalhados, tudo meticulosamente limpo e organizado, em nítido contraste com as coisas horrendas que Melanie testemunhara na noite anterior. Embora não se lembrasse de muita coisa, sua única e vaga lembrança era do sangue.

Os poucos presentes no espaço focaram suas atenções na recém-chegada, o que fez Melanie estremecer ao sentir sua pele queimar sob os olhares.

A mão de Rose encontrou a de Melanie, transmitindo segurança.

Entre os trailers, Melanie conseguiu discernir uma figura na escuridão. Ela sentia o olhar, mas a única parte de seu corpo visível era um sorriso maléfico, com dentes brancos e pontiagudos.

O coração da garota acelerou e ela soltou um grunhido baixo, temendo que aquele sorriso não saísse de seus pensamentos. As risadas dos palhaços, que antes mal chegavam aos seus ouvidos, agora pareciam mais altas do que nunca. Em segundos, o sorriso desapareceu e ela viu pedaços de corpos sendo arremessados em sua direção pelos palhaços.

Roseline sentiu sua mão sendo apertada pela de Melanie e virou sua atenção para ela.

— Está tudo bem? — perguntou Rose, notando os corpos no chão. — Oh não... Não se deixe abalar, Melly. — ela forçou seu olhar sobre os palhaços, fazendo-os soltar choramingos altos e correrem dali.

Roseline puxou Melanie para longe, adentrando em outra tenda.

Era um local com vários cabides contendo fantasias femininas e masculinas, algumas caixas com objetos de circo e quatro bancadas com espelho, semelhantes à que Melanie tinha em seu aposento. Em cima das bancadas, havia itens de maquiagem. Elas eram as únicas no espaço até então.

Roseline conduziu Melanie até uma das bancadas.

— Prefere ficar sozinha ou quer minha ajuda? — perguntou Rose, enquanto alcançava alguns itens de maquiagem. Melanie deu de ombros, fazendo Rose assentir. Ela pegou um batom escuro, um pó com tom claro e começou a aplicar na pele macia e lisa de Melanie. — Está quase na hora! Está preparada?

— Não estou, para ser sincera. Nem sei ao certo para o que devo estar preparada.

Melanie suspirou.

Rose queria explicar, mas antes que pudesse, alguém as interrompeu:

— Espanhola!

Uma moça desconhecida se aproximou.

Roseline fez uma expressão impaciente no rosto e parou de maquiar Melanie.

— Fiamme. — Rose saudou sem ânimo, soltando os objetos que estavam em sua mão. — Em que posso ajudar? — forçou um sorriso amigável, dirigindo toda a sua atenção à moça.

— Você? Em nada. — a moça, chamada de Fiamme, fez uma pose forçada e finalmente olhou para Melanie. — Olha, olha só se não é a nova participante do circo. Estou certa? — aproximou-se ainda mais de Melanie, que nem ao menos tinha olhado em sua direção.

Roseline assentiu.

— Você foi o assunto principal das últimas horas. — ela segurou o maxilar de Melanie, forçando-a a olhá-la. O corpo de Roseline se endireitou imediatamente com a ação. — Mas confesso, eu esperava mais. Quando soube que era a escolhida de Jason, não imaginava alguém tão simples e sem graça como você.