Paris

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5 de dezembro

Chegava o momento da temporada mais espetacular do Circo dos Horrores. O mês de dezembro, quando o mundo se unia em uma só celebração. Pela primeira vez, o magnífico Freakshow estava em terras francesas, pronto para proporcionar o melhor evento de suas vidas.

A viagem foi breve; num piscar de olhos, eles chegaram ao seu destino numa manhã ensolarada. Da janela do trailer, Melanie contemplava as belas ruas de Paris, sentindo a felicidade e a expectativa dos melhores dias de sua vida como integrante do circo. Originária de Monte Carlo, mal se lembrava da última vez que pusera os pés naquela cidade maravilhosa.

O Trem do Horror parou, e, como esperado, os Espadas já trabalhavam, montando o grande circo em um dos pontos mais movimentados da Cidade Luz.

Os artistas, por mais excêntricos e sombrios que fossem, como Melanie, estavam encantados com a beleza daquela cidade. Alguns fantasiavam sobre o sabor do sangue dos franceses, que imaginavam ser delicioso. No entanto, isso era apenas um pensamento passageiro.

O maior festival da França, Fête de Lumières, aguardava ansiosamente a chegada do terror entre suas atrações. Eles introduziriam a escuridão, disfarçada de belas moças, homens musculosos, números grandiosos e palhaços, escondendo por trás de suas máscaras o desejo e a maldade de ver o terror nos olhos do público.

A tarde passou rapidamente, todos repetindo e ensaiando suas apresentações para a primeira noite em Paris. Com números inéditos e movimentos diferenciados, buscavam causar uma ótima impressão até o último dia, o dia dos escolhidos.

Melanie vestiu sua típica roupa circense, a primeira de várias naquela noite. Primeiro, ela seria a assistente de Lord Price, mas depois, Lady LeBlanc estrearia na dança da hipnose, como tanto desejava.

Dirigiu-se ao salão principal para ouvir os sons das pessoas do mundo real e sentir-se ainda mais em casa. Seu país, seu idioma, seu lar. Era assim que se sentia ao ver, por uma pequena fresta entre as grandes cortinas, as pessoas adentrarem ao espetáculo, encantadas e curiosas. Pessoas inocentes, atraídas pelo obscuro, como Parker lhe dissera uma vez.

A voz de Parker ecoou em seus pensamentos: "O obscuro sempre atrai muitos olhares curiosos, e por isso o circo continua de pé, boneca. O seu e o da sua amiga foram um deles."

E ele não mentiu. Eventos que fogem à nossa realidade são os que mais nos chamam atenção, querendo ou não.

Ela sentiu isso ainda mais intensamente quando, de longe, viu Price entre os integrantes que se vestiam e se preparavam. Seus trajes eram mais escuros e brilhantes que o normal, além de deslumbrantes; ele carregava uma beleza exorbitante que fazia Melanie suspirar. Nem em um devaneio alguém poderia imaginar que, por trás daquela aparência tentadora, existia um demônio. O demônio que a consumiu e corrompeu sua alma.

Era exatamente o que Parker queria dizer, mesmo se referindo ao circo; aquilo se encaixava perfeitamente no que ela sentia.

Melanie não apenas fora atraída pelo obscuro daquele circo dos horrores, como também fora principalmente atraída por seu líder.

Quando seus olhos se cruzaram, foi impossível evitar as imagens do ocorrido nos aposentos do mágico, que a invadiram intensamente.

Ele a tinha enfeitiçado, e ela sabia disso. Não havia mais nada no mundo que pudesse explicar aquela sensação.

Price, sem demonstrar nenhuma reação aparente, caminhou em direção à francesa com seus passos lentos e torturantes de sempre. Melanie também não demonstrou nenhum sinal de tensão; apenas permaneceu no mesmo lugar, com sua postura intacta.

O circo do horrorOnde histórias criam vida. Descubra agora