O circo do horror

Estou em casa

— Uma salva de palmas, meu público! Para Parker Hill, Irmãos Tueurs, Dea Fiamme, Mr. Collins, Gran Zachary, Madame Truska, Rosita, Lady LeBlanc, e por fim, Lord Price. — anunciou uma voz pelos alto-falantes, enquanto os participantes principais reverenciavam os espectadores. Foram recebidos com aplausos e gritos finais do show, desaparecendo na escuridão juntamente com seus escolhidos. As cortinas se fecharam, e o Freakshow estava oficialmente encerrado em Paris.

Atrás das cortinas, alguns Espadas já encaminhavam os escolhidos, desmaiados pelo mágico, para os aposentos dos integrantes, enquanto outros começavam a recolher as tralhas para arrumar o trem. O Freakshow partiria logo cedo, viajando por diversos países da Europa e finalizando no Brasil, retornando para casa no final do ano.

Antes de deixar o local, Lord Price cochichou para a francesa:

— Tenho uma surpresa para você esta noite. Espero você em minha sala mais tarde. — disse rapidamente, saindo do palco com passos ligeiros.

Melanie mordeu o lábio com força e suspirou. A presença magnética do mágico a fazia perder o equilíbrio e sentir vertigens. Uma surpresa. Ele tinha uma surpresa para ela. Talvez me mate, pensou, rindo para si mesma. Ele era um homem extremamente imprevisível, sempre com cartas na manga, como costumava dizer.

Olhou ao redor, preocupada se alguém havia percebido, mas não. Ninguém prestava atenção neles, todos focados em seus respectivos escolhidos. E falando neles, pessoas jovens e bonitas, Melanie pensou. Era a única coisa que tinham em comum. Perguntava-se o que cada um faria com seus escolhidos. Os palhaços definitivamente arrancariam suas partes pouco a pouco, brincando e se divertindo. A parte boa era que não teria que escutar os gritos de dor e desespero, já que todas as cabines eram fortemente antirruído. Meredith cortaria seus corpos também, mas para usá-los em suas apresentações. Zachary, sem dúvidas, estupraria a garota alta, loira e magra que havia escolhido. E talvez a colocasse na gaiola de sangue, se ele tivesse uma chave extra.

Pensou sobre Parker, que também havia escolhido uma menina. Cogitou até mesmo perguntar, mas ele já havia sumido, provavelmente indo ao encontro da escolhida.

E Madame Truska? Transformaria o homem musculoso em um sapo? Aquela velha era luxuosa e sedutora, mas extremamente má, e ela sabia disso.

— Rosita? — chamou a espanhola, a última que havia sobrado. Ela também havia escolhido alguém, um menino de óculos, moreno de olhos esverdeados, magro e bem-vestido. O que Rose faria com um escolhido? A possibilidade de matá-lo nem passava por sua cabeça.

Rose a olhou amigavelmente, como de costume, e foi até ela.

— Lady LeBlanc! — a abraçou. — O show hoje foi esplêndido, não foi?

— Ah, foi sim. O melhor que já presenciei. Superou todos os outros dias.

— E se te interessa saber, posso garantir que em todos esses anos que participo, também acho que foi um dos melhores. — bateu palmas alegres. — Você é um dos maiores motivos, Melly.

— Não seja boba, Rose. Gentileza sua. — disse timidamente.

— Falo a verdade, chica. Você é muito especial para esse show. Posso arriscar em dizer que é a peça que faltava para ultrapassar o esplêndido.

Melanie adorou ouvir suas palavras. Em resposta, abraçou a espanhola fortemente, pois ela sempre a fazia se sentir acolhida de um modo que nunca havia sentido antes.

— Você é incrível, Rose.

— Nós somos, Melly. — Roseline sorriu.

Elas se afastaram, mas não tiraram os olhos uma da outra. Roseline achava aquela garota linda, dos pés à cabeça, um conjunto perfeito. Existia uma atração forte entre elas, nenhuma podia negar. Enquanto se tocavam no palco durante o show ou fora dele, Lady LeBlanc e Rosita se conectavam, um laço feminino arrebatador que apimentava ainda mais o Hipnosis Dance, tornando-o ainda mais real.