Vivendo no inferno

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01 de outubro

O corpo de Melanie foi arrastado pelos corredores, seus gritos de dor ecoando pelos corredores. Parker, perdendo a paciência com o drama, desejava cortar-lhe a garganta ali mesmo, mas a presença de Roseline o deteve.

O ódio, a dor e o lamento misturavam-se ao longo do caminho.

Finalmente, Parker empurrou Melanie entre as grandes cortinas, deixando-a sozinha na escuridão.

Melanie sentia medo, um medo profundo e torturante. Era como estar frente à morte, uma morte lenta e dolorosa.

— Senhoras e senhores...— A voz ecoou pela escuridão, fazendo Melanie engolir seu choro. — Deslumbrem-se e encantem-se com o fascinante show de mágica, com vocês, Lord Rauhl.

As luzes se acenderam, os objetos foram espalhados pelo palco e, no centro, a garota assistente ainda estava de olhos fechados. As palmas foram dadas, e Melanie tentou abrir os olhos, acostumando-se com a luz.

Desta vez, ela não conseguiu derrubar uma única lágrima. Ao olhar para a plateia e perceber por que não havia espectadores no ensaio, mas apenas corpos cobertos de sangue, ela gritou tão alto que sua cabeça doeu. Os corpos estavam jogados nas cadeiras, esfolados e cobertos de sangue.

Mais uma vez, a garota gritou. Ninguém além dela poderia compreender seu desespero. Seus olhos passaram por todos os corpos até encontrar, no canto, seus companheiros integrantes do Freakshow, observando-a com sorrisos perversos.

Todas as suas forças se esgotaram, seu corpo caiu ao chão e sua única vontade era fechar os olhos e nunca mais acordar.

Ainda de olhos fechados, Melanie ouvia uma lenta música de carrossel ecoando em sua mente. A sala estava mal iluminada, com apenas duas tochas avermelhadas acesas.

— O que estou fazendo aqui? — Melanie perguntou em um fio de voz.

Price olhou para ela, massageando a cabeça, e deu de ombros antes de voltar ao seu jogo. Melanie bufou e se sentou, deixando-se cair no sofá.

Ela aproveitou o silêncio para observar a sala. Mesmo na escuridão, ela reconheceu o lugar onde havia acordado pela primeira vez. Viu o homem jogando um jogo com uma criatura estranha, um sorriso estranhamente desenhado em seus lábios. Nunca tinha visto aquele rosto antes, mas seus dentes brancos e pontiagudos nunca sairiam de sua mente. Era a criatura que a observara na escuridão.

— Você pode responder? — Ela tentou novamente, com mais firmeza.

Price olhou para ela sem expressão, analisando-a por um instante antes de voltar ao jogo.

— Você sofreu um desmaio, não uma perda de memória; deve saber por que está aqui — ele respondeu friamente, ganhando a partida e fazendo um sinal para a criatura sorridente continuar a sorrir. — Não está cansado de perder? Tudo bem, vamos mais uma.

— Eu quero saber por que estou em sua sala e não em meu quarto, Démon. - Quando terminou de falar, um arrepio percorreu sua pele ao ver a criatura sorridente virar em sua direção. Melanie desviou o olhar instantaneamente. No fundo, ela implorava para que ele não entendesse o que ela tinha dito, embora fosse nada além da pura realidade.

O circo do horrorOnde histórias criam vida. Descubra agora