Presente especial

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**2 de outubro**

Ao adentrar nos aposentos de Truska, Melanie foi tomada por uma sensação de fascínio e encanto. O ambiente era diferente de tudo que já vira, com tochas avermelhadas e velas espalhadas, criando uma atmosfera única. O grande trailer estava repleto de objetos desconhecidos, mas interessantes para a jovem francesa.

No centro, uma grande mesa com panos vermelhos e um objeto misterioso coberto por um pano escuro. Nas prateleiras, frascos coloridos e uma coleção de livros. Uma grande cama ao meio e, no final do compartimento, uma última mesa, menor, com um grande caldeirão logo acima.

Era aconchegante, organizado e diferente de qualquer outro lugar no circo. Definitivamente, era o mais acolhedor. Melanie finalmente decidiu se desfazer da pesada jaqueta de Parker, que ainda carregava consigo.

Truska, a mulher misteriosa, sentou-se em frente à mesa maior e sorriu para Melanie.

— Sente-se, querida. Gostaria de um chá ou algo para comer? — Madame apontou para a cadeira acolchoada do outro lado, observando Melanie assentir e sentar-se junto a ela.

— Sim, por favor. Eu adoraria. — Melanie respondeu timidamente.

Truska balançou um pequeno sino, e logo uma criatura de vermelho apareceu, carregando um carrinho de prata com biscoitos e bolinhos, além de uma chaleira também de prata com chá. Imediatamente, a criatura as serviu.

Melanie mordeu os lábios, olhou ansiosamente para Truska e esta fez um gesto para que a garota começasse a comer.

Ela não hesitou e mastigou um dos bolinhos.

— Está uma delícia. — elogiou. Ao provar o chá quente, abaixou sua xícara, observando a criatura se afastar. — O que são eles? — perguntou curiosa. Truska olhou-a sem entender, esperando pela continuação da pergunta. — As criaturas.

— Oh, sim. — Truska sorriu ao largar sua xícara de chá. — São servos leais ao nosso líder. Trabalham e vivem no circo dos horrores. Mas antes de criaturas, eram homens.

— Eles foram sequestrados também? — perguntou rapidamente, baixando seu tom como se fosse um segredo.

— Não acredito que essa seja a palavra correta, querida. Eles optaram por essa escolha, ao se verem entre a vida e a morte. — explicou simplesmente, deixando a garota confusa.

— Isso explica muito. — ironizou, rindo de suas palavras, ao comer mais um pedaço de bolo.

Madame Dellacour sorriu para a jovem, empurrou sua xícara de chá e acendeu um charuto em seguida.

— Eles são chamados de Espadas, você os verá muito pelo circo. Têm um juramento de servir ao líder e ao espetáculo até a morte. E, como sabe, você faz parte dele, pode usá-los como desejar. Da forma que desejar. Não precisa sentir medo, eles não podem te tocar, a menos que você queira, querida.

Os olhos de Melanie se arregalaram com suas palavras, e ela engoliu em seco.

— Entendi... Acredito que não será algo que irei querer, mas obrigada, senhora.

A mulher assentiu. Melanie sorriu sozinha por um segundo, como se pensasse em algo. Madame Dellacour apoiou o queixo em suas mãos, curiosa.

— O nome deles me faz lembrar de um livro. Não sei se a senhora já leu algum livro de fantasia, não pude prestar muita atenção nos títulos dos livros que a senhora possui. Mas eu sempre fui uma amante de histórias. E, claramente, fantasia e mistério sempre foram os meus preferidos... — então se tocou da realidade por um instante e parou de falar, envergonhada. — Desculpe, Madame Truska. Eles... Eles não são os únicos? Quer dizer, as únicas criaturas que vivem por aqui?

O circo do horrorOnde histórias criam vida. Descubra agora