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Chego na casa de Changbin e me jogo no sofá, soltando meu ar de forma longa e pesada, fechando meus olhos.

Eu estou exausto, e só senti isso agora. Estou com a jaqueta do Binnie, mas sem nenhuma camisa por baixo, e uma bermuda que Chan estava carregando com ele de forma muito conveniente.

Escuto a porta da entrada se fechar e passos virem em minha direção, pouco antes de sentir Changbin sentar ao meu lado.

- Você está bem? - Binnie pergunta, mesmo já sabendo a resposta. A preocupação na voz dele me relembra mais uma vez aquela noite, me fazendo fechar minhas mãos em punhos com tanta força que minhas unhas chegam a machucar as palmas.

A mão de Changbin envolve a minha, fazendo meus dedos relaxarem lentamente, então passa o braço sobre meu ombros, fazendo eu apoiar minha cabeça em seu peito enquanto acariciava meu cabelo.

- Eu te amo, Lix. Estou e sempre vou estar aqui com você. Sabe, eu sou osso duro de roer. - Solto uma pequena risada e ali, no calor e segurança dos braços de Changbin, eu desabo. As lágrimas vem junto com os soluços desesperados, uma dor em meu peito me sufocando cada vez mais.

O mundo por algum momento foi apenas isso. O calor do Binnie contrastando com as minhas lágrimas geladas que eu já nem tinha forças pra tentar impedir que rolassem. Eu estou exausto. Física e mentalmente. Como isso tudo foi acontecer?

- Espera um momento, Lix. - Binnie me dá um beijo na cabeça e me afasta devagar pra depois se levantar e subir as escadas aos saltos.

Eu não tenho certeza se estou irritado com ele por me deixar chorando ali, mas consegui respirar fundo e parar essa porcaria de choro. Porcaria.

Alguns minutinhos depois, Binnie desce as escadas com um pequeno sorriso nos lábios, carregando três caixas de DVDs.

- Olha Binnie, eu...

- Xiu. - Ele diz me fazendo ficar calado em um susto. Ele se agacha em frente a TV e o aparelho de DVD. Sério, quem ainda tem um aparelho de DVD em pleno século XXI?

- O que você tá aprontando? - Pergunto enquanto pego uma almofada para abraçar em quanto sento com "perninha de índio" no sofá. Ele sorri e me mostra as três capas de filmes. - Acho que o halloween ainda está meio longe.

- Isso aqui é para te ajudar. - Diz ele revirando os olhos. - Lembrar daquela... - Ele hesita mas rapidamente continua - Os filmes vão te dar medo, mas de forma moderada, assim a gente pode trabalhar com essa sensação. - Uma pequena pausa. - Anda, escolhe um.

Eu então olhei direito para cada um dos filmes. Primeiro tínhamos O Exorcista, medo demais. Depois tínhamos Evocando Espíritos, medo de menos. Então me restou o último, que eu nunca tinha visto.

- O Hereditário - Disse e Binnie sorriu divertido. Não tinha visto ele sorrir assim desde os Wendigos....

- Ótima escolha - Ele ligou a televisão e o DVD, pegou o controle e se sentou ao meu lado, novamente pousando o braço em meus ombros.

- E se eu me assustar demais? - Ele me olhou de canto de olho com um sorriso malicioso que me fez arrepiar.

- Eu vou estar aqui com você o tempo inteiro, e tenho certeza que você não vai querer me machucar. - Ele tem muita confiança em mim. Eu mesmo não confio em mim assim.

- Não acha que está confiante demais? - Ele deu de ombros.

- Eu confio em você, Felix. - Ele disse e virou o rosto para mim, fazendo a gente ficar tão próximos que eu sentia a sua respiração em meus lábios. - Só você não vê o quão incrível você é. - Ele afastou algumas mechas de cabelo dos meus olhos e me deu um selinho curto, mas cheio de emoção. Que gay. - Bom, agora foco.

Nós dois nos viramos para a tv e ele apertou o play. Durante o filme, quando me assustava, eu acabava lançando pequenas chaminhas. Quando eu começava a ficar tenso, Changbin segurava forte meu pulso e então eu percebia que eu começava a esquentar. Quando o filme acabou, a pobre almofada estava toda queimada.

- Eu não acredito que esse filme termina assim - Disse indignado fazendo Changbin gargalhar. Esse bobão. - Eu tô falando sério, todo esse suspense e tudo o mais pra um final desses????

- Ei, não fica assim - Binnie disse entre risos - O importante é se você conseguiu entender a sensação que te faz liberar o fogaréu.

Parei um pouco para pensar nisso e então estendi minha mão para frente, com a palma para cima. Changbin se afastou um pouco, eu não culpo ele.

Fechei os olhos pensando no filme, em como eu senti aquela bolha quente se mover dentro de mim a cada susto que eu levava e, então, eu abri os olhos.

Uma pequena chama avermelhada dançava na palma da minha mão, mas foi só eu me animar um pouco que ela sumiu. Binnie abriu um enorme sorriso e se voltou para mim.

- Isso sim é o que eu chamo de progresso.

Demi • Changlix Onde histórias criam vida. Descubra agora