Demi • Changlix

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- A gente não pode deixar de treinar com ele - A voz de Jeongin ecoa pela sala. Eu não estou olhando pra ele, tô apenas analisando as pequenas chamas que dançam em volta dos meus dedos e que agora eu tenho total controle. Eu acho.

- Pensa que louco seria se ele tivesse uma espada de fogo!! - Eu escutei o entusiasmo na voz de Chan e levantei levemente o olhar para aquele sorriso enorme, em seguida eu abaixo novamente.

- Mas ele ainda não controla totalmente - Han diz preguiçosamente. Eu ainda encaro as chamas em meus dedos. Eles estão nessa conversa faz pelo menos uma hora.

- Por isso ele precisa treinar mais - Até o Changbin tá nessa conversa. Ele parece um pouco mais tenso do que os outros, mas ainda é como se eu não estivesse ali.

Tento aumentar um pouco as pequenas chamas, além do que eu consigo ter total controle, mas ela expandiu demais, fazendo uma onda de calor passar por nós. Seria confortável se não fosse perigoso. Eu bufo e cruzo os braços, olhando para os meus pés.

- O que você acha, Lix? - Eu levanto novamente o olhar para ver todos me encarando ali.

- Agora eu tô na conversa? - Digo e saí mais ignorante do que eu esperava. O sorriso do Chan diminuiu. Suspiro e passo as palmas das minhas mãos nos meus olhos, jogando meu corpo para trás. - Desculpa.

Changbin se aproxima e senta ao meu lado, começando a mexer em meus cabelos de forma carinhosa, como para mostrar que eu tô sim ali. Eu sei que eu tô ali. Eu hein. Respiro fundo e afasto as minhas mãos.

- Eu vou continuar treinando com a espada - Digo sério, olhando para o nada. - Eu posso fazer os dois ao mesmo tempo, quem sabe consigo mesclar os dois. - Nessa última frase eu lanço um olhar para Chan, que sorri novamente.

- Ok então - Jeongin diz suspirando. - Semana que vem a gente volta com os treinos no galpão, te espero lá. - Ele dá um pequeno aceno e deixa a casa.

- Só toma cuidado - Han diz, um tanto quanto preocupado - A exaustão para um Demi é um pouco mais sério do que parece. Só... - Ele passa a mão pelos cabelos recém cortados - Toma cuidado, ok?

Eu faço que sim com a cabeça e ele dá um sorriso fraco, que não tem nada de feliz, e sai da sala sendo seguido por Chan que mexe os punhos em frente ao corpo e sussurra um "fighting".

- Você está bem? - Binnie pergunta, ainda sentado do meu lado. Eu olho para ele que me dá um meio sorriso, ainda mexendo no meu cabelo.

- Eu só estou cansado. - Digo e apoio a minha testa na dele, sentido sua respiração calma muito perto da minha boca. Que coisa né...

- Vamos sair? - Eu me afasto olhando para ele confuso. Eu não acabei de falar pra esse tampinha que eu tô cansado?

Ele então estende a mão, e eu seguro ela um pouco hesitante. Ele me levanta e me leva para fora, na direção da moto que eu meio que aprendi a pilotar, só não pego estrada com ela. Ele me oferece um capacete e em seguida as chaves.

- Você tem certeza disso? - Pergunto encarando as chaves que ele está segurando na frente do meu rosto.

- Acredite, isso vai te ajudar. - Eu penso mais umas 735 vezes antes de pegar as benditas das chaves. Binnie sorri de um jeito que me dá vontade de meter um soco nele. - Vamos, eu vou te falando o caminho.

Nós subimos na moto, eu dei a partida e assim saímos para onde o próprio piloto, vulgo eu, não sabia onde era.

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A estrada. Changbin me levou para a estrada. Só uma entidade divina deve entender o quão tenso eu estou nesse momento.

- Falta muito? - Pergunto gritando por cima do barulho do vento. Adeus minha garganta que me proporciona uma voz tão bela.

- Só mais alguns minutos. - Ele pelo menos não precisa de esforçar tanto para falar. - Mas sabe, seria ainda mais rápido se você não estivesse pilotando a 30km/h.

Ok. Eu confesso que estou indo bem, bem, beeeeem abaixo do limite de 110km/h, mas eu tô tenso poxa, e 30 já é exagero.

Eu aumentei um pouquinho só a velocidade e seguimos assim por uns 20 minutos até eu ser tomado por uma brisa e um aroma que eu conhecia bem. O mar.

Depois de subir uma pequena serra, a água cristalina tomou conta da paisagem, refletindo entre as árvores. Manter o foco na moto foi bem difícil enquanto a maresia parecia me chamar para parar e apenas apreciar aquela vista.

Mais um pouco a frente, Changbin me pediu para parar na beira de uma praia deserta, movimentada apenas pelos pequenos siris que iam de um buraco a outro e as ondas que quebravam uma seguida da outra.

- Bom, chegamos - Descemos da moto, pendurando os capacetes em nossos braços enquanto Binnie segurava a minha mão, me guiando pela areia até chegarmos a uma ponte de pedra que parecia se estender até a borda do mundo.

- Isso aqui é... - Sem palavras. Eu estou sem palavras. Seguimos pela ponte de pedra até o final dela e ali sentamos, minha cabeça encostada no ombro de Binnie.

- O que você achou? - Eu conseguia ouvir o sorriso dele e o brilho em seus olhos, sabia que estavam ali sem ao menos eu olhar. Ele parecia tão em paz, apesar de tudo o que está acontecendo, que naquele momento eu tinha o mundo inteiro.

- Isso é perfeito. - Foi a palavra que eu achei, porque era realmente perfeito. O sol começou a se por e eu não pude evitar que a lágrimas chegassem e ali eu só desejei que eu pudesse congelar naquele momentos para sempre.