Demi • Changlix

3

   Dia da prova. Acordando plenas 7h da manhã. Eu não tô afim de ir não, mas meu celular tá do outro lado do quarto e cansei já do meu alarme. Eu vou ter que levantar de qualquer forma. Droga.

   Me levanto relutante e me arrasto até meu celular para desligar o bendito do alarme. Me espreguiço e bocejo antes de pegar uma toalha e ir para meu banho.

   Saio do banheiro apenas com uma toalha no quadril e quase morro de um ataque do coração quando me deparo com Wendy parada ali no meu quarto.

   - Merda... - pego minhas roupas rapidamente, volto para o banheiro e me troco para ir falar com a invasora de privacidade.

   - Nada mal, Yongbok. - Ela diz dando um sorriso malicioso. Mereço aguentar mais essa.

   - Eu já disse que é Felix. - Respondo do jeito mais frio que eu posso e vou pegar minha mochila onde estão as coisas necessárias para a prova. Só quando vou sair, percebo que aquela mulher ainda tá paradinha ali. - O que você quer?

   - Você sabe que é uma faculdade para Demis não sabe? - Ela diz se aproximando de mim lentamente. - Pode ser perigoso... - Ela começa a a passar a mãos sobre meus ombros e aproxima a boca de minha orelha para falar com uma voz quase que manhosa. - Você pode acabar morto...

   Eu suspiro, seguro firmemente suas mãos e as abaixo antes de me afastar e olhar ela bem nos olhos.

   - Talvez eu esteja esperando por isso. - Digo, a largo e saio. Desço rápido as escadas, passo reto por meu pai e as crianças e saio batendo a porta.

   Chegando no final da rua eu paro e suspiro, não está sendo tão fácil. Se eu passar nessa prova, que essa faculdade tenha pelo menos dormitórios disponíveis.

   Ligo meu celular e chamo um uber. Ele chega, me deixa na faculdade, eu pago e ele vai embora, me deixando em um ninho de perigo.

   Me viro para a faculdade. É um prédio bem bonito. Eu não sei bem o que eu esperava, além do mais, ainda é uma faculdade apesar de abrigar monstros aqui dentro. Não acredito que eu estou fazendo isso. Eu estou literalmente encarando a morte de frente. Mas talvez não seja tão ruim assim. Começo a caminhar um tanto receoso. Eu estou mesmo com medo dessas criaturas vindas do inferno que aqui habitam.

   Logo de cara vejo alguns seres esquisitos fazendo minha nuca se arrepiar e eu segurar a alça da minha mochila com mais força. Tem todo tipo de coisa aqui. Tem uns dentuços que acredito serem vampiros, uns cara peludo que acho que são lobisomens, uns cara podre que  provavelmente são zumbis, um cara todo tatuado que... esse eu não faço ideia do que seja.

   Quando me dou por mim percebo que estou parado encarando todos eles, e eles estão ME encarando. Abaixo o olhar, me recomponho e penso em começar a me dirigir para minha sala novamente mas sinto algo, ou melhor, alguém, me segurando e me prendendo no lugar. Ótimo, vou morrer aqui.

   - Olha só, não sabia que a faculdade iria dar lanches para quem vai fazer a prova - O rapaz atrás de mim diz com uma risada na voz antes de cheirar meu pescoço. - Esse cheiro de sangue novo é tão... doce... - Enquanto fala ele começa a inclinar minha cabeça para a esquerda e afasta o cabelo presente do lado direito fazendo meu pescoço ficar totalmente exposto. Eu só consigo fechar meus olhos enquanto sindo a respiração dele cada vez mais perto da minha pele, alguns garotos soltavam risadinhas. Tudo bem que eu falei que não seria tão ruim morrer aqui, mas eu não estava falando sério.

   - Olha, Moonbin, é legal saber que você não tem um pingo de respeito por quem está aqui. - Abro meus olhos quando sinto a respiração se afastando e me deparo com um garoto que tem altura pra estar no fundamental, mas ele é bonito. Está todo vestido de preto, gótico dark trevoso das trevas. Eu gostei. - Pouco me importa se você vai matar ele ou não - okay, isso doeu um pouco - mas eu não tô muito afim de presenciar você sendo o parasita nojento que você é. - Ele é tão frio, não é atoa que depois dessa o rapaz aqui atrás, Moonbin, me soltou e recuou um pouco.

   - A gente termina depois presinha. - Moonbin disse em meu ouvido antes de chamar seus "capangas" e sair. Sigo ele com o olhar até ele entrar em uma sala depois me viro de novo para o baixinho na minha frente. Não sei se devo agradecer, aliás, ele deixou bem claro que não se importa se estou bem ou não, então fiquei quieto.

   - Se eu fosse você, terminava a prova rápido e saía mais cedo para evitar ele - Ah, então ele se importa? - E nunca mais voltava aqui. Não preciso ficar salvando o pescoço de alguém o tempo todo. Então só desapareça tá bom? - Ele me olhou de cima a baixo antes de sair andando e se encontrar com mais dois rapazes no corredor.

   ~~//~~

   Consigo terminar a prova cedo e saio apressado da sala. Nada me garante que Moonbin não venha atrás de mim, e se vir, eu duvido que o nanico vai estar lá para me salvar de novo.

   Saio do prédio, tudo certo. Saio do campus, tudo certo. Viro a esquina, tudo... merda, ele tá ali. Moonbin está paradinho ali com mais dois garotos. Tá bom universo, já entendi que devemos tomar cuidado com o que desejamos.

   - Olá, presinha. - Ele se desencosta do poste em que estava e os outros dois se levantam da calçada. - Pronto para terminarmos o que começamos? - Ele sorri maliciosamente e começa a se aproximar. Como por instinto eu me viro para correr, mas é claro que com a velocidade sobrenatural os dois rapazes já estavam me segurando, um de cada lado, e Moonbin já estava atrás de mim inclinando minha cabeça para expor meu lindo pescocinho. - Dessa vez nenhum demoniozinho vai te salvar. Você teve muito sorte mais cedo. - Demônio? O nanico é um demônio? Isso explica a trevosidade.

   - Da pra largar ele, Moonbin? - Um garotinho de esperança surgiu em meu peito, mas aquela voz não era do nanico. Quem é meu mais novo salvador?

   - Eae primo, veio estragar minha diversão novamente? - Moonbin estava obviamente contrariado. Por que estou sentindo um perigo crescendo aqui?

   - Você sabe muito bem que não podemos mexer com os humanos. Como vamos viver em paz assim? É a regra da família, Moonbin, só animais. - Olha só, um vampiro consciente, já é alguma coisa.

   - Você é sempre tão... certinho. Você não vai estragar minha refeição novamente. - Eu não sei que tipo de sinal ele passou para o rapaz da minha direita, mas segundos depois ele estava avançando em direção ao garoto loiro parado ali. Em um piscar de olhos, ele estava no chão.

   - Você nunca aprende, não é Moonbin? - O garoto levanta o olhar e exibe seus olhos vermelhos brilhantes. - Você nunca vai me rebaixar, não importa no que, não importa quando. - As presas dele foram expostas também e confesso que estou aterrorizado. - Você vai ser sempre fraco e estúpido.

   A última coisa que eu vi foi os dois que estava me segurando avançando no loiro antes de me jogarem no chão.