Acordo novamente morrendo com aquela luz que, nem é tão forte, batendo em meu olhos quase cegos. Ao menos eu estou começando a me acostumar com isso.
- Bom dia, Felix. - Minha enfermeira adentra o quarto apagando a luz, me dando a possibilidade de abrir os olhos. - Como está se sentindo hoje?
Ela coloca a bandeja com meu café da manhã no meio que criado mudo que tem ao lado da minha maca. Eu me sento suspirando, pego a bandeja e ponho em meu colo.
- Ainda meio cego. - Respondo. Olho para ela que tem um olhar triste e um sorriso magoado. - Me desculpa. Saiu mais grosso do que eu esperava. - Ela balança a cabeça.
- Não se desculpe, eu entendo. - Ela diz rapidamente, então fica sem jeito e coloca as mãos nos bolsos da sua calça azul escura.
Eu volto minha atenção ao meu café, pegando uma fatia de pão com geleia. Ela então começa a se balançar em seus pés até que a outra enfermeira, a de Changbin, também entra no quarto, o que faz ela se recompor.
- Bom dia, Felix. - Ela diz de forma bem séria e então desvia seu olhar para a mulher ao meu lado. - Helena. - Ela faz um sinal com a cabeça e segue apressada para a maca do Binnie.
A cada dia que passa, a minha culpa aumenta, por mais que a gente já esteja nessa há duas semanas. Ele ainda não acordou, nem tremeu as pálpebras. E esse sentimento de que ele pode morrer a qualquer segundo, me corroe por dentro. Helena, minha enfermeira percebe que estou me remoendo novamente, então chama minha atenção.
- Felix - Olho para ela e término de comer o meu pão. - Hoje você poderá receber visitas. - Ela sorri animada. Eu dou um meio sorriso para ela, mas acho que ela esperava um pouco mais. - Eu sei que não é como se você fosse se curar do nada, mas ainda assim, vai ser bom você rever seus amigos.
A enfermeira de Changbin termina de fazer suas anotações e vejo Helena abaixar a cabeça. A outra fecha a cortina, da um sinal com a cabeça e sai do quarto.
- Você tem razão. - Helena volta sua atenção para mim. - Vai ser bom ver meus amigos. - Me esforço para dar um sorriso verdadeiro, ela retribui, pega a bandeja e sai do quarto, mantendo a luz apagada.
--//--
- Felix? - Escuto uma voz familiar me chamando do além. Eu tô morrendo? - Felix, cara, acorda. - Sinto algo segurar meu braço. É agora, eu vou morrer. - Lix, você não morreu... Morreu?Abro meus olhos de súbito, fazendo quem estava perto de mim dar um salto para trás. Eu me sento e olho para o lado, me deparando com um Chan de olhos arregalados. Com ele hoje estão Minho, Han, Hyunjin e Jeongin.
- Eu... - Antes de eu possa começar a falar, Jeongin começa a chorar, o que me surpreende. Ele soluça algumas vezes antes de se acalmar um pouco.
- Me des- me desculpa, Lix. - Ele chora mais um pouco sem conseguir falar. Hyunjin coloca uma mão em seu ombro, para acalma-lo, então termina de falar por ele.
- Nos perdoe por não te acompanhar até em casa, naquele dia. Se a gente tivesse ido com você, pode ser que nada disso teria acontecido. Mas fomos egoístas e deixamos você ir sozinho. Nos perdoe. - Eu encaro eles sem saber o que dizer.
- Mas por que esse quarto tá tão escuro? - Han começa a caminhar em direção ao interruptor. - Eu posso acender a...
- NÃO!! - Eu falo meio que alto demais, me jogando para frente e estendendo a mão como se eu pudesse alcançar ele. Han paraliza ali mesmo e os outros meninos tem novamente um leve sobressalto. Eu respiro fundo e conto rapidamente o que os médicos me disseram sobre a minha condição e a de Changbin o que, para a minha surpresa, não chocou nenhum deles.
- Eu disse que ia precisar disso, não disse? - Minho diz levantando uma enorme maleta na cara de Chan, que concordou com a cabeça. Ele caminha até o criado que tem entre minha maca e a do Binnie, colocando a maleta ali em cima. - Hyunjin? - Esse apenas acena com a cabeça e sai do quarto.
- Aonde ele está indo? - Eu pergunto confuso, ainda sem entender como eles podem estar tão calmos mesmo com o Changbin no estado que ele está.
- Ele vai mexer com a mente dos médicos. - Jeongin, agora mais calmo, diz. Ao perceber que eu continuo sem entender, ele continua. - Ele vai meio que distrair os médicos para que eles não entrem aqui enquanto o Minho trabalha.
Eu volto minha atenção para Minho, que separa um monte de frascos com algumas ervas e líquidos um tanto quanto suspeitos. Há também uma tigela marrom, um bastão de amassar coisas, seringas, agulhas e um pequeno livrinho.
- Mas... - Continuo. - Como vocês estão tão calmos com o Changbin no estado que ele está??? - Chan sorri e cruza os braços antes de falar.
- Confiamos no nosso bruxinho ali. - Ele faz um sinal com a cabeca na direção do Minho, que está tão concentrado separando tudo aquilo que nem sequer olhou.
- Certo. - Ele diz de repente, então olha para mim e se aproxima, abrindo bem meus olhos usando o indicador e o polegar. - É, acho que você tinha razão Chan.
- ARRAAAAA - Ele exclama com empolgação até demais. - Eu disse não disse? Eu SA BI A. - Olho para ele confuso. Ele por sua vez apenas balança a cabeça. - Eu falo ou vocês falam?
- A gente te dá essa honra. - Han diz rindo e então também me encara.
- Lix, você não é só um simples humano.
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Demi • Changlix
ParanormalSou Lee Yongbok, mais conhecido como Felix, um simples humano. Tenho 19 anos e meus pais são divorciados. Nasci e cresci em Sidney, Australia, junto com minha mãe. Mas agora, ela está me mandando para morar em Seul, na Coreia do Sul junto com meu...