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   - D-dormir?? Na SUA casa?? - Eu gaguejo enquanto sinto minhas bochechas queimarem. Que lindo, eu devo estar parecendo um pimentão. Por que eu tô tão nervoso?

   - É, cara. Você não parece muito empolgado em passar a noite nessa casa, então durma lá em casa. - Eu pisco para ele ainda chocado e ele passa a mão pelo cabelo começando a ficar um pouco desconfortável.

   - E-eu não vou incomodar? Não sei, talvez seus pais não fiquem confortáveis com isso. - Rapidamente sua expressão muda para pura tristeza, então me lembro do que ele me falou no banheiro do DamBan. - Me desculpa! Eu esqueci que...

   - Não, tudo bem. - Ele me interrompe obviamente evitando o assunto. - Bom, voltando ao assunto, eu posso chamar os outros caras para dormir lá também. A gente pode jogar algo e comer algumas besteiras.

   - E minhas roupas? - Ele pensa um pouco.

   - Eu posso te emprestar. - Eu fico quieto e olho ele de cima a baixo enquanto o mesmo apenas me encara. - O que foi? - Eu estendo minha mão encostando ela na minha testa e colocando ela para frente.

   - É que você é meio.... pequeno. - Ele cruza os braços e faz uma cara emburrada.

   - Você vem ou não? - Eu olho para casa novamente e suspiro.

   - Tudo bem. Vamos, no caminho eu vou ligando para os outros. - Eu concordo com a cabeça e então começamos a andar.

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    A verdade é que a casa do Changbin é bem mais longe do que eu pensava. Minhas pernas chegaram no ponto de dormencia pelo cansaço e estão apenas se movendo no modo automático.

   Durante a caminhada ele foi ligando para cada um dos meninos pra saber quem iria. No final o Woojin era o único que não participaria da nossa "reunião".

   Quando chegamos tirei meus sapatos e entrei balançando minhas pernas para que elas relaxassem. Changbin foi até a cozinha e me trouxe um copo de água gelada.

   - Aqui, tome e descanse, eu devia ter avisado que não era tão perto. - Ele me entrega a água passando a mão pelo cabelo novamente. - Eu vou subindo para tomar um banho, depois você pode ir. Sinta-se em casa. - Eu sorri e ele subiu as escadas.

   Eu termino minha água enquanto olho em volta ainda no hall. A casa até que é bem grande para alguém morar sozinho, deve ser meio solitário...

   Eu vou até a cozinha deixar meu copo e começo a explorar a casa. Eu primeiro vou ao banheiro e já aproveito para me aliviar. Depois vou para a sala de estar. É bem espaçosa, um sofá imenso em forma de L ocupa o centro dela e tem uma grande TV, mas duvido que Changbin passe muito tempo aqui.

   Subo as escadas para o segundo andas e entro na primeira porta, é uma espécie de escritório. Eu fecho a porta e vou para a segunda porta, é um quarto todo escuro, roupas escuras, lençol escuro, roupas escuras jogadas por aí e pôsteres de bandas metal espalhados pelas paredes. Esse com certeza é o quarto do Changbin. Na cama eu vejo uma pelúcia do Pokémon Snorlax que me faz sorrir.

   Eu saio do quarto, passo pela porta que provavelmente é o banheiro pelo barulho do chuveiro, me dirijo a última porta que fica no final do corredor  e abro a porta devagar. É um quarto que, diferente do primeiro, é bem claro e aberto. Logo de cara tem uma cama de casal, é o quarto dos pais deles.  Eu adentro mais o quarto olhando em volta até chegar no criado mudo onde vejo uma foto dos três juntos, eles parecem tão felizes...

   Por um momento eu começo a me odiar por ser um ser humano normal, pensar que minha "espécie" fez tão mal a eles quanto eles podem ter feito a nós. Então meus olhos param na mãe dele e faz com que eu me lembre da minha fazendo uma saudade esmagadora me consumir. Perdido em pensamentos não percebo quando Changbin chegou.

   - O que está fazendo aqui? - Eu coloco rapidamente a foto no lugar e me viro limpando umas poucas lágrimas que brotaram em meus olhos.

   - Nada. Me desculpe, eu só estava explorando um pouco. - Ele por um momento ele apenas encara a foto em silêncio antes de me olhar nos olhos de novo.

   - O que aconteceu com a sua mãe? - Eu fico surpreso com a pergunta. - Não precisa responder se não quiser.

   - Não, tudo bem. - Ele se encosta no batente da porta enquanto arrumo as palavras na minha cabeça. - Há 12 anos meu pai nos deixou na Austrália e veio para cá depois que terminou com a minha mãe. Antes de eles se separarem, ele sempre chegava bêbado em casa e batia na minha mãe, que era a única que trabalhava para nos sustentar. Depois do término ela ficou mal por muito tempo, acredito que lá no fundo ela realmente amava ele. - Eu suspiro me lembrando das surras que tanto eu quanto ela levamos daquele homem, mas mesmo assim ela continuava ao lado dele. - Ela me enviou para cá quando pagar as contas começou a ficar cada vez mais difícil e ela precisava de um tempo para se... reinventar.

   - Não é por nada não, mas seu pai é um puta de um babaca. - O modo como ele falou me fez sorrir de leve. Ele se desencosta do batente e me estende uma toalha limpa. - É sua vez de tomar banho, as roupas limpas estão penduradas lá. - Eu me aproximo dele ainda pensativo e pego a toalha.

   - Obrigada - Digo sorrindo fraco.

   - Por nada. - Eu começo a caminhar para o banheiro. - Ah, Felix. - Eu paro e olho para ele por cima do ombro. - Não esquenta tanto a cabeça com isso, afinal, você tem a gente agora. - Assenti com a cabeça e vou para o banheiro não conseguindo impedir um sorriso de ganhar forma em meu rosto.

   Eu tomo banho rapidamente e visto uma camisa branca e uma calça moletom preta, que ficaram só um pouco curtas, mas acho que já era esperado. Eu saio do banheiro e desço até a sala se estar da onde está vindo a conversa. Já estão todos aqui. Acho que posso me divertir hoje.

  

Demi • Changlix Onde histórias criam vida. Descubra agora