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   Novamente, eu e meus fones.

   Sentado na calçada na frente de casa, me perco em meus próprios pensamentos. O que aconteceu naquela faculdade ainda me assombra. Mas é bom saber que tem mais Demis como o Chan. Pelo menos é o que ele diz....

   A música alta em meus ouvidos e meu devaneio faz com que eu só perceba que alguém sentou ao meu lado quando esse alguém tirou um dos lados do meu fone e colocou em sua própria orelha.

   - Counting Stars, OneRepublic, é uma música boa. - Levemente assustado, eu faço que sim com a cabeça e ele sorri antes de começar a cantar. Ele tem uma boa voz. Voltei a olhar pro além até que a música acabasse e ele me devolvesse meu fone. - Por que exatamente você está na calçada da casa no lugar de estar dentro dela? - Eu sorri de leve.

   - O clima lá dentro não é dos melhores - Ele soltou um "hm" e balançou a cabeça como se compreendesse.

   - Aliás, você não é daqui, é? - Olho para ele meio surpreso, está tão na cara assim? - Digo, da para perceber que o coreano não é sua língua de origem. Da onde você é? - Ah, então é a minha falta de fluência que me entrega.

   - Sou de Sydney, Austrália. - Ele abre um sorriso caloroso e me encara maravilhado por um tempo. - O que foi?

   - É bom ter outro australiano aqui, eu sou de lá também. - Ele sorri ainda mais e, pela primeira vez desde que cheguei nesse país, eu sorri de verdade. De alguma forma, ter outro australiano aqui faz com que eu me sinta mais em casa. - Olha só, você sabe sorrir. Você deveria fazer isso mais vezes, combina com você. - Meu grande sorriso se torna um sorriso envergonhado e eu volto a olhar para a rua.

   - Como foi que você veio parar na minha rua?

   - Ah, bem, eu estava indo... - de repente parece alarmado. - Aí meu Deus, eu estava indo encontrar com meus amigos! - Ele pega seu celular para olhar a hora e seus olhos se arregalam.  - Era para eu estar lá já fazem 20 minutos! - Ele rapidamente se levanta e eu só sigo ele com o olhar até ele se virar para mim. - Você vem comigo. - Ele diz pegando em meu braço e me levantando.

   - Eu? O que? Por que? - Ele ri da minha reação e tenta me puxa mas me mantenho relutante, só não sei exatamente o porquê.

   - Olha, é meu dever como seu amigo australiano te enturmar e te fazer se sentir em casa. Agora, vamos. - Dessa vez eu deixei ele me arrastar. Depois que ele percebeu que eu estava mesmo indo com ele, ele me soltou.

   Andamos pelo o que pareceram ser 15 minutos até chegarmos a um barzinho chamado DanBam. O lugar parece bem aconchegante. Nós entramos e eu segui Chan até uma mesa onde tinham três pessoas sentadas. Estou com uma certa vergonha de chegar lá sem conhecer ninguém, mas Bang Chan parece seguro de que é uma boa ideia, eu estou confiando nele.

   - Olha, caras, desculpem o atraso. - os três se viraram para nós. Nas cadeiras à direita da mesa, estavam dois dos rapazes, um moreno e o outro loiro, que estava com o braço por cima dos ombros do moreno, acho que são um casal. E à esquerda... Ai meu deus. É o nanico da faculdade.

   - Tudo certo, mas você quem vai pagar a conta depois. - O loiro disse sorrindo antes de prestar atenção em mim e me olhar de cima a baixo.
Eu hein. - Quem é o guri?

   - Ah, certo. Gente, esse aqui é o Felix, ele veio da Austrália e possivelmente vai entrar para nossa faculdade, então pensei que fosse uma boa ideia trazer ele para se enturmar um pouco.  - O loiro me lançou um olhar desconfiado, o que me deixou um pouco com medo, sabe se lá o que ele é e o que pode fazer comigo. Mas depois, ele começou a rir alegremente. Confuso? Sim.

   - Você parece tão assustado e perdido. - Ele continua a rir. - Relaxa cara, você parece ser legal. E então, o que você é? - merda, ele deve achar que sou um Demi. O que eu faço?

   - Ele é humano - Foi o nanico quem disse. Muito obrigada por me entregar assim de bandeja pra eles. Dessa vez foi o moreno quem sorriu para mim.

   - Isso torna tudo bem mais legal, ter um humano no grupo vai ser bem interessante - O loiro concordou com a cabeça e o nanico só revirou os olhos. Ao meu lado, escuto Chan soltar um suspiro aliviado.

   - Que bom que já se entenderam. Felix, esse loiro bobão é o Jisung - O mesmo o encarou com uma falsa raiva. - Desculpa, desculpa. Esse é o Han. O namorado dele é o Minho. - Esse acenou para mim alegremente. - E aquele que por algum motivo tá ranzinza hoje é o Changbin. - Ele só me olhou. Medo. - Agora, vamos começar isso aqui.

   Ele se senta do lado de Changbin e eu me sento na ponta da mesa. Chan, Changbin e Han começam a conversar entre eles e o Minho se virou para mim.

    - Austrália não é? - Faço que sim com a cabeça. - Sempre quis ir pra lá, parece tão lindo. O que está achando da Coreia?

   - Bem, não estou muito tempo aqui para saber... - Ele inclina levemente a cabeça para a direita.

   - Você é sempre tão sério? - De novo isso?

   - Não tenho motivo pra sorrir - Ele finge um semblante chateado.

   - Agora você tem poxa - Ele me dá um meio sorriso que eu tento retribuir. - Mas então, você não vai perguntar?

   - Perguntar o que? - Tudo bem que tem mesmo uma questão que estou com medo de acabar sendo ofensiva.

   - Você sabe muito bem o que. Não precisa ter medo, pergunta logo que é melhor. - Ele sorri. Hesito por um momento antes de perguntar.

   - O que você é? - O sorriso dele se alarga.

   - Eu sou um bruxo.

   - Um bruxo? Do tipo que voa em vassouras, tem varinha e usa um chapéu pontudo? - Ele ri.

   - Eu não tô usando chapéu, estou? - Eu faço que não com a cabeça e ele ri mais. - Meu lance é mais com ervas e poções.

   - Deve ser bem legal...

   - E é! - Ele sorri orgulhoso, mas deixo escapar alguma emoção em meu rosto que faz esse sorriso diminuir. - Eu posso te ensinar algumas coisas se quiser... - Digo que não precisa e ele volta a atenção dele para Han e aponta para o mesmo com a cabeça para depois olhar para mim de novo. - O Han ali é um anjo - Pisco surpreso. Um anjo? Como ele namora com um bruxo? Parece meio... sei lá. - E o Changbin ali, é  um demônio. - Dessa vez meu piscar foi de medo. Um demônio... o Demi mais temido... tem um bem na minha frente... - Ei, cara, relaxa. Se alguém aqui fosse te matar, já teríamos feito. - Eu demoro um tempo para me acalmar.

   - Como vocês, mesmo tão diferentes, conseguem se dar bem. - Ele se encosta na cadeira e solta um suspiro com um ar de nostalgia.

   - No nosso grupo, decidimos ter um nome, Stray Kids, as crianças que quebram as regras. É isso que queremos fazer, sabe? Mudar essa rivalidade entre as espécies de Demis.

   - Então no grupo de vocês tem mais espécies? - Ele sorri.

   - Muito mais. E não se preocupe, todos são muito legais. Até mesmo o Changbin - Ele olha para o mesmo e eu faço igual. Ele parece bem focado escrevendo sem parar em um bloquinho. - Ele, por trás de toda essa casca preta, é um amor de pessoa, você só tem que conseguir se aproximar, o que devo dizer que não é nada fácil. - Eu faço que sim com a cabeça em forma de compreensão.

   - O que exatamente eles estão fazendo? - Minho me lança um sorriso sapeca.

   - Aprecie o show.

Demi • Changlix Onde histórias criam vida. Descubra agora