- Como assim "eu não sei andar de moto"?? - Changbin me encara com olhos levemente arregalados.
- Eu não sei andar de moto - eu digo e me sento no chão abraçando os joelhos.
- Como você não sabe andar de moto? - Ele começa a se aproximar parecendo irritado, o que me faz encolher levemente.
- Não sabendo, ué - Eu falo tão baixo que é quase um sussurro. Ele então bufa batendo na própria testa e deslizando a mão pelo rosto lentamente e então volta a me encarar. Ele parece estar se decidindo se vai mesmo dizer o que vai dizer ou não.
- Arranja um capacete. - Eu olho para ele que parece irritado consigo mesmo. - Até amanhã, e quem sabe, se eu estiver de bom humor, eu te ensino.
- Tá falando sério? - Ele revira os olhos.
- É, eu tô. - Sem pensar antes de agir, me levanto e o abraço bem forte, o deixando sem reação.
- Obrigado... - Quando me dou conta do que estou fazendo, me afasto uns três passos, deixando uma boa distância entre nós. Ele pisca os olhos e pigarreia virando novamente para as escadas começando novamente a subir as mesmas.
- Tanto faz, tô fazendo isso pelo dinheiro do aluguel. - E com isso ele some no segundo andar. Um sorriso bobo surge em meu rosto sem que eu possa controlar.
- Tá sim... Sei... - Com isso começo a pegar minhas coisas e levá-las para meu novo "aposento". Assim que termino de arrumar tudo, pego meu celular e vou a caça de um capacete de moto.
~~//~~
No dia seguinte acordei querendo não acordar e me dirigi para a cozinha a pedido da minha barriga que roncava sem parar. Ao chegar lá me deparo com um nanico em frente ao armário não conseguindo pegar o pote de biscoitos que colocaram lá em cima. Me aproximo tentando não rir o pego o pote para Changbin.
- Bom dia - Digo entregando o pote a ele que o pega meio irritado.
- Bom dia - Ele sai da cozinha e vai para a sala se jogando no sofá. Eu preparo um sanduíche e vou para a sala me sentando no outro sofá. - Você conseguiu? - Eu o encaro antes de perceber que ele tava falando comigo.
- Consegui o que? - Ele revira os olhos e suspira. Tenho certeza que ele está pensando seriamente em me expulsar da casa dele e me fazer morar de baixo de uma ponte.
- O maldito do capacete - Eu faço um "aaah...". Okay, com o olhar que ele me lançou, tenho certeza de que ele vai me expulsar daqui. Nesse momento, fui salvo pelo gongo, ou melhor, pela campainha.
- Eu atendo - Me levanto e me dirijo para a porta, abro a mesma e lá está o entregador carregando uma caixa e uma prancheta.
- Lee Felix? - Ele pergunta lendo o nome na etiqueta da caixa.
- Sou eu mesmo - Ele se embaralha um pouco para colocar a caixa embaixo de um dos braços e estende a prancheta pra mim, quando a pego ele faz um pequeno "x" com a caneta em um espaço em branco e me entrega a mesma.
- Assim aqui por favor. - Eu assino, devolvo a prancheta e pego a caixa. - Obrigado, tenha um bom dia. - Eu sorrio, fecho a porta e volto para a sala.
- O que que é isso aí? - Changbin pergunta lançando um olhar curioso e confuso para a caixa.
- Meu capacete. - Digo e coloco a caixa no chão me sentando em frente a ela e começo a abri-la.
- Então você realmente comprou um? - Ele diz ainda sentado no sofá, nem pra me ajudar esse folgado.
- Claro que eu comprei, achou que eu ia esquecer? - Pergunto terminando de abrir a caixa e tiro de lá um capacete preto reluzente.
- Na verdade, eu achei sim. - Eu me viro para ele e mostro a língua fazendo ele dar um risinho. - É um capacete bonito.
- É, não é? - Volto a admirar meu novo pertence e o outro se levanta se espreguiçando.
- Beleza, eu vou me trocar, daqui 20 minutos a gente vai treinar. - Eu o encaro e sinto que meus olhos estão levemente arregalados.
- A gente vai treinar com que moto? - Pergunto e ele suspira.
- Com a minha moto. - Ele começa a se afastar.
- Você tem uma moto? - Pergunto com mais surpresa do que eu pretendia.
- Se eu não tivesse uma eu não diria "minha" não acha? - Eu reviro os olhos e ele ri subindo as escadas. Okay, hora de treinar, eu consigo.
~~//~~
- Changbin, eu não consigo. - Cá estou eu, em cima de uma moto ligada, num estacionamento vazio para qual o Changbin me levou.
- Consegue sim, só não me faz perder a paciência. - Ele fala num tom irritado que me faz ficar com ainda mais medo de fazer alguma coisa errada. - Certo, vamos revisar, onde é a embreagem? - Eu aperto uma alavanca metálica do lado esquerdo. - Muito bem. Agora, onde é o freio? - Aperto uma alavanca igual a embreagem só que do lado direito. - Certo. Por último, onde é o acelerador? - Com a minha mão direita eu giro a parte direita do guidão.
O que eu não esperava era que a moto começasse a andar. Tudo o que eu lembro foi o Changbin gritando meu nome enquanto eu me lançava para frente antes de eu perder o controle e me estatelar no chão. Ali, gemendo de dor, um Changbin surge em meu campo de visão.
- Mas que caramba cara, você não consegue não se meter em problemas?

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Demi • Changlix
ParanormalSou Lee Yongbok, mais conhecido como Felix, um simples humano. Tenho 19 anos e meus pais são divorciados. Nasci e cresci em Sidney, Australia, junto com minha mãe. Mas agora, ela está me mandando para morar em Seul, na Coreia do Sul junto com meu...