Capítulo 39

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JÁ FAZ UM MÊS. Estou me mantendo forte e otimista a todo tempo. Mas, não é fácil ver você nessa cama, sem ver seus lindos olhos, o seu sorriso e não ouvir a sua voz. Em troca eu só recebo o seu silêncio e os malditos "bips" das máquinas que estão ligadas a você.

Eu não sai do seu lado, nem por um minuto.

Me sento ao lado da cama e seguro a sua frágil mão entre as minhas e olho para o seu rosto pálido.

Os médicos insistem em dizer que tudo depende de você, e que eles já fizeram tudo o que estava ao alcance deles. Seu corpo sofreu com os traumas, ele precisa de tempo para se recuperar,mas já faz um mês, a porra de um mês, e você não acorda.

-Está acontecendo tanta coisa. - desabafo. - Minha mãe vem te visitar quase todo dia. Ela ficou preocupada com você, depois que ela ouviu alguns barulhos estranhos durante a ligação de vocês duas... A conversa entre vocês é bem agitada e estranha. Bom, ela fala sobre possíveis decorações e músicas, mas ela não sabe que assim como eu, você não liga para essas coisas... -Beijo a sua mão. - Sabe, tem tantas pessoas torcendo para a sua recuperação, como por exemplo: A Jade, ela vem todos os finais de semana, e traz consigo uma mala gigantesca. Ela diz que se você acordar e estiver parecendo um zumbi, você é capaz de nos enterrar vivos. Esse é o jeito que ela achou para lidar com a situação. E eu não interfiro, ver que não sou o único a manter a esperança por você. É de certa forma reconfortante.

-James. - Matteo está encostado no batente da porta. - Nós precisamos conversar sobre a ruiva.

Eu apenas concordo.

-Ah, antes que eu me esqueça, o Matteo e a Jade estão juntos,mas está um pé de guerra aqui. Então, a sua ajuda viria a calhar. - Beijo a sua testa e me afasto, a deixando no quarto.

Saio do quarto e encontro Matteo e a médica da Pietra no corredor. Como explicar o turbilhão de sentimentos que vieram naquele momento? Eu não sabia o que sentir. E a julgar pelo rosto do Matteo,as notícias não eram boas.

-O que acontece? - perguntei agitado.

-Senhor Walker... - Começa a médica em um tom profissional. - Eu não tenho boas notícias. A Pietra entrou em estado vegetativo, eu sinto muito.

Talvez se eu fosse médico, eu saberia o que isso significa. Mas escolhi arquitetura à medicina.

-E o que isso significa? - pergunto passando a mão pelo cabelo.

-Significa que a Pietra não demonstra sinais neurais. Acredito que a causa seja uma lesão cerebral, devido a convulsão...

Estado vegetativo. Tá de palhaçada, Pietra?

-Eu sei que é difícil assimilar, mas as chances dela acordar foram descartadas. Agora a decisão de mantê-la ligada aos aparelhos depende da família.

-Eu...ela não tem familia. - sussurro.

-Ela tem sim... - DeLucca entra com um ursinho em mãos. - O pai dela mora na Itália.

Pai? A minha surpresa e confusão estava estampada no meu rosto. E surpreendentemente no rosto de Matteo também.

-Eu preciso dele aqui até o fim do dia de amanhã. Caso contrário serei obrigada a liberar o leito. - Ela se vira e sai andando pelo corredor.

Ela simplesmente sai.

Ela literalmente arrancou de mim cirurgicamente e sem anestesia a minha esperança. Enquanto eu recebia o golpe que lhe estilhaçou em mil pedaços.

E pela primeira vez, o medo foi substituído pela raiva. Me permiti quebrar tudo o que encontrava pela frente, gritar todos os palavrões possíveis. Liberando essa dor agoniante e sufocante que sentia crescer dentro de mim.

The Little Scorpion (Escorpiana - Máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora