Capítulo 22

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Pietra Mancini

       Abro meus olhos e tento assimilar o ambiente que estou, tem uma única luz fraca iluminando o ambiente, que não é nada agradável, me parece um galpão, tem cheiro de metal e mofo. Meus olhos começam a lacrimejar com o cheiro repugnante do lugar.

      Começo a andar tentando achar a saída, mas acabo esbarrando em alguém. Um barulho estridente soou pelo lugar, o estranho cai no chão, não consigo ver o seu rosto e nem distinguir se é uma mulher ou um homem, me apresso a ajudá-lo a se levantar. Mas me afasto bruscamente quando vejo que o estranho tem um buraco de bala no meio da testa.

     Me levanto desajeitadamente, me afastando do corpo já imovel no chão.

     -Bel colpo amore (Belo tiro, amor!) - A voz de Mattia ecoa pelo galpão. Ele passa na minha frente e me dá um beijo castos nos lábios. Sinto repulsa quando seus lábios tocaram os meus.- Devi pulire,è coperto di sangue, (Tem que se limpar, está coberta de sangue) .
               
     Tiro meu olhos de Mattia e olho para as minhas mãos. Estou segurando uma Astra A-80 e minhas mãos estão ensanguentadas e com leves machucados, como se tivesse batido em alguém. Olho para as mesmas, aflita. Um aperto no coração e começo a hiperventilar.  

     -Questo figlio di puttana se lo meritava. Dobbiamo andarcene di qui prima che arrivi la polizia.( Esse filho da outa mereceu. Vamos, temos que sair daqui antes que a polícia chegue) - Mattia pega no meu braço e começa a me arrastar pelo galpão.

        Tento me desvencilhar da sua investida, mas ele agarra com mais força o meu braço. Seu contato queima a minha pele.

         -Figlio di puttana! Lasciami andare, cazzo! ( Filho da puta! Me deixe ir, porra!) - Começo a me debater na tentativa de me soltar. Mattia, para bruscamente e se vira ,me dando um tapa no rosto.

          -Cazzo! - grito.

         Ele segura no meu pescoço e começa a apertar me deixando completamente sem ar. Uma escuridão vai tomando conta da minha visão até que sobre somente escuridão.

        Achei que estivesse gritando. Acordei bruscamente e me levantei em um salto da cama. A minha respiração está desregulada e meus cabelos estão grudados na testa por conta do suor. O quarto ainda está mergulhado na escuridão, coloco meus pés para fora da cama e tento assimilar esse sonho, não foi só um sonho, foi a porra de uma lembraça.

         Passo a mão no rosto tentando afastar essa lembrança, tão grotesca. Me levanto e vou em direção a porta, preciso de um copo d'água. Mas acabo tropeçando em um corpo que estava estirado no meu chão, caio e acabo torcendo o meu tornozelo.

        -Bastardo de merda. - praguejo para o homem que continua a dormir tranquilamente.

        Me levanto mancando e saio do quarto, deixando a porta atrás de mim aberta. A casa está em um silêncio mortal. passo pela sala para ver como os dois idiotas estão. Mas somente Dominique está deitado, nenhum sinal do Dante.

         Vou  em direção a cozinha, praguejando a dor que estou sentindo. Pego um copo d'água e me sento no balcão da cozinha.

          -Perdeu o sono?

          Me viro de uma vez e vejo Dante sentado à mesa e com um copo de água em mãos.

     -Sim - falo bebendo um gole da minha água. - E você? Pelo seu estado pensei que não iria acordar tão cedo. - falo me levantando e indo me juntar a ele na mesa.

The Little Scorpion (Escorpiana - Máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora