Capítulo 40

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Basta que eu abra os olhos, e pronto,já estou de volta a realidade. Mas,naquela manhã, foi como se tivesse alcançado o fundo do mais profundo poço, como se tudo o que construi em anos, estivesse desmoronando.

Ouvi passos pelo quarto, e um cheiro doce impregna o ambiente. Não consegui me movimentar, me sentia fraco. Bom, é isso que calmantes fazem com você, te deixam pior do que você já está.

Abri os olhos,antes mesmo de perguntar quem estava no quarto,me lembrei do dia de hoje,véspera de natal, e o último dia em que a Pietra vai ficar ligada aos aparelhos.

-Sabe ruiva. Você tem que parar de querer ser o centro das atenções,já faz dois meses. Eu sei que você está cansada, mas aqui não é um hotel cinco estrelas. Então,trate de acordar logo, o seu babaca já está ficando desesperado.

Eu queria negar, negar com veemência, aquelas palavras da Jade, mas era verdade.

Tentei falar alguma coisa, mas nada saiu.

-Babaca? - pergunto com sarcasmo 

-Você pode ser o que for,mas continua sendo um babaca pra mim. - responde Jade.

Me levanto e vou até a cama. 

Pietra não tinha mais a pele pálida, e sim no tom rosado, ela estava linda. Jade a deixou ainda mais linda.

-A esperança é a última que morre, não é mesmo? - Jade me dá um tapinha no ombro e começa a guardar as suas coisas. - Nós combinamos de passar a noite aqui, digo, eu e o resto dos idiotas. Então, não se assuste.

Não digo nada.

-Eu vou tomar um café, depois eu volto. - informa Jade.

Vou em direção ao banheiro e me livro das minhas roupas. A água fervente cai sob o meu corpo. Fico ali, parado, tentando esquecer tudo, esperando que a água dissipe toda a minha frustração, que é ver a mulher que eu amo, esta com as suas horas contadas.

Encosto a testa no azulejo. Por mais que eu quisesse ficar aqui, me afundando na auto-piedade, não posso. Nem a água é capaz de me livrar desses sentimentos.

Desligo o chuveiro e saio do box. Quando enrolo a toalha ao redor da cintura a minha ficha cai: É o último dia dela, e o pai dela nem está aqui.

Sem mais brigas,sem mais piadas e sem Pietra.

Seria engraçado se a Pietra soubesse quantas noites eu sonhava com ela.Nos meus delírios noturnos, ela vinha até mim e me beijava de uma forma mais prazerosa possível, e eu a fodia. Seus olhos fixos em mim, a cabeça que pendia para trás quando o prazer a dominava, a boca aberta em êxtase. Eu me perdia no seu corpo. Até que ela se derretesse nas minhas mãos e se esgaçava como fumaça entre os meus dedos.

Merda.

Lá vem a porra da dor.Que me fez seu refém.

É impressionante, como a vida muda em uma fração de segundos. Muda de forma tão brusca e violenta. Olhando para o passado, quem eu era. E veja o que me tornei, um cara completamente apaixonado por uma mulher completamente foda.

Eu me seco e visto as minhas roupas, e entro novamente no quarto.

Pietra continua serena, me contento em apenas observá-la. Eu a quero de volta, e mesmo que ela não acorde hoje eu lutaria por ela.

Quando as máquinas começam a fazer um barulho estridente e infernal e a mesma que está na cama começa a fazer ânsia. 

Meu nervosismo e medo me dominam, um batalhão de médicos entram no quarto indo para cima da Pietra.

Fecho os olhos. Não aguento olhar para essa cena… não novamente. Sou empurrado para fora, sem nenhuma cerimónia.

-James! O que aconteceu? - pergunta Jade.

-Eu...eu não sei. - Olho aflito para a porta do quarto.

Desabo no chão e apoio a cabeça na parede, os braços em meus joelhos dobrados. 

Fecho os olhos e sorrio sem achar graça. Meus pensamentos são uma armadilha, estou pensando em como vai ser o seu funeral, se será aqui ou na Itália. 

Não vá por esse caminho,James.

Já faz uma hora, e não tenho notícias dela. Os médicos entram e saem do quarto, e nos ignoram completamente.

Porra!

E se ela tiver ido embora? O pânico me domina. Não, ela não vai, sem ao menos acordar para se despedir. Fico de pé, e saio pisando firme no chão? Disparo até o quarto.

-James, o que você está fazendo? - grita Jade.

Uma necessidade de ver ela irrompe no fundo do meu corpo. Ela está bem recito para mim mesmo quando chego na porta.

Respiro fundo, paro, e recupero o fôlego, do lado de fora do quarto.

Ouço uma voz familiar, a voz de Pietra.

Encosto a cabeça na porta, sentindo um alívio.

Abro a porta de uma vez, e ela estava lá, acordada e com um pote de pudim na mão. Ela me olha e sorri.

-A mamãe voltou, crianças.

Contínua...

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Boa tarde meus amores!
Tudo bem?
Depois de muita tensão e choro, a nossa Pipi acordou. Kkkk amei ler o surto de vocês.
Espero que gostem e o capítulo 40 não acaba por aqui, tem muito mais.
Então, é isso e até o próximo capítulo.
Beijo seus lindos(as)!










The Little Scorpion (Escorpiana - Máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora