The Little Scorpion (Escorpiana - Máfia)

capítulo 17

Pietra Mancini

É interessante como a vida é, não o fato dela ser injusta e cruel, mas como ela nos pega desprevenidos. Sempre imaginei um futuro diferente pra mim, não queria viver naquela merda de máfia, não quando eu sei o que acontece dentro dela, as mortes, traições, vingança e rivalidade sem sentido. É óbvio que ela tem o seu lado bom, quando liderada por alguém que tenha empatia.

Meus pais, a nossa família nunca foi perfeita, sempre existiu drogas,mortes, vingança e todo aquele papo de chefes. Mas eles sempre buscavam se redimir com boas ações,como: Doações generosas para orfanatos e nos dias que estava muito frio eles faziam doações de comida e roupa para famílias menos afortunadas.Sempre gostei de acompanhar de perto essas boas ações.

Scorpione, o nome da nossa máfia, papai sempre disse que admirava pessoas que são do signo de escorpião e o próprio animal, ele falava que as pessoas de escorpião tinham a liderança correndo dentro do seu sangue, além de seus respectivos traços de personalidade como passionalidade, escorpianos são sentimentais, mas não muito, sensíveis, ao ponto de sentir a dor do outro e emocionais, tendo em vista as suas próprias emoções e das outras pessoas. Mas ele admirava ainda mais os traços que os deixavam com o ar de superioridade ,como: vingativos, dominadores, desconfiados, intensos e intimidadores.

Nunca entendi essa obsessão com os escorpiões, nunca fui de me ligar muito a isso. Mas papai nunca me deixava esquecer, ele sempre me chamava de escorpiana, eu sempre odiei na verdade, não por ter uma ligação com a nossa famiglia, mas pelo fato dele me achar uma líder. E não, por mais excitante que pareça, chefiar a famiglia, isso nunca foi um dos meus pensamentos, não até eu fuder tudo como uma grande filha da puta ingrata.

Eu me trai e trai os meus pais no dia em que o conheci, no dia em que me deixei levar por todo o poder e luxúria que eu já sabia que existia, mas que nunca me foi atraente, não até ele me fazer acreditar que tudo aquilo era tão viciante como qualquer outra droga.

Mattia, Mattia Bianchi, meu ex namorado e ex carrasco. Conheci Mattia em uma das reuniões entre famílias, quando tinha acabado de voltar do internato , o pai dele e o meu nunca se deram bem, rolava uma tensão de puro ódio entre os dois, e vocês já podem imaginar no que isso tudo deu. Eu acabei ficando com Mattia para irritar o meu pai, ideia idiota.

No começo era tudo tão bom, o romance proibido, como Romeu e Julieta da máfia. Como Mattia me tratava tão bem sempre se preocupando com o meu bem estar e nunca, nunca sendo invasivo. A adrenalina correndo no meu sangue no nosso primeiro roubo juntos, uma pequena joalheria, nada muito grande para não chamar atenção, o êxtase de praticar o seu primeiro assasinato, a porra de um assasinato, a droga da sensação que te invade e te faz sentir como a porra de um Deus, decidindo quem vive e quem morre. A cidade temendo você, seus pais tendo nojo da pessoa que você estava se tornando seus amigos se afastando de você, alegando insanidade. Tudo isso, foi a minha ruína, e eu não percebia,estava cega de amor por alguém que estava me usando.

E quando toda aquela adrenalina e êxtase não surtiam mais efeito, o nosso relacionamento foi enfraquecendo, e decidi dar um tempo. O que não foi aceito por meu adorável amante, eu deveria saber que nunca realmente é um fim, e como ceder a uma pessoa totalmente desequilibrada podia acabar comigo, nunca o deixei de fato, nunca tive essa oportunidade. Não conseguia me afastar, com todas aquelas frases que sempre me diziam que eu não era nada e que eu tinha sorte em tê-lo na minha vida, aos poucos todas aquelas mentiras foram se tornando minha verdade e todo aquele relacionamento doce foi ficando amargo, tomando um espaço gigantesco na minha vida.

No meio de todo o caos que me tornei, Matteo foi o único amigo que me sobrou, o único que tentava me arrastar de volta para a minha realidade. O único que não temia a mim nem ao Mattia e nem ao império que nós construímos através de drogas, extorsão e sangue de inocentes, nunca me orgulhei disso. Porém nunca intervi em nenhuma ação, para evitar tudo isso.