Amor e ódio

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(P.O.V. Remus)

(30/06/1976)

- Filho? – Minha mãe bateu à porta e entrou no quarto.

- Sim, senhora?

- Os meninos estão lá embaixo, querem falar com você.

- Fala pra eles que eu tô doente, por favor. – Me encolhi na cama, quieto.

- Pequeno, você já deu essa desculpa na última vez que os dois estavam aqui.

- Eu sei, mãe. Eu sei..., mas não quero falar com e-eles...

- Que pena, Remus, trouxemos um cesta cheia de coisas pra podermos fazer um piquenique. – Vi James na porta, sorrindo. – E uma dessas coisas é a torta de chocolate da minha mãe.

- Vem com a gente, vai. – Peter sorriu também.

- Valeu, mas tô bem aqui...

- Você tá trancado nesse quarto há tempo demais, vem com a genteeeee. – Jay se sentou ao meu lado.

O olhar dos dois caiu sobre mim e, logo em seguida, o olhar esperançoso de minha mãe também caiu, me desarmando completamente. Puta merda mesmo, não tinha nem como dizer "não".

- Tá, eu vou...

- VIVAAAA. – Os dois me puxaram e descemos os três até o jardim.

- Por que vieram? – perguntei, me sentando no chão.

- Não vamos te abandonar, simples. – James sorriu e estendeu um sanduiche para mim.

- Entendi...

Comemos e, às vezes, eles soltavam uma ou outra piada só para aliviar o clima, até que Peter entrou para pegar mais suco e James se virou para mim.

- Que foi? – questionei.

- Eu sei que você não quer falar sobre ele, mas...

- Como ele tá? – a pergunta simplesmente saiu.

James engoliu a seco.

- Ele tá com a família Black, você sabe como é...

- Estão sendo ruins com ele?

- Uhum...

- Tem alguma coisa que não tá me contando, não é?

James respirou mais fundo ainda.

- Eles estão sendo bem impacientes e cruéis...

- Uhum... – Abracei minhas próprias pernas e desviei o olhar de James.

- Tá preocupado com ele?

- Nenhum pouco – menti descaradamente. Era óbvio que eu estava..., mas isso não queria dizer que eu admitiria.

- Entendi... – James ajeitou o óculos e colocou a mão dentro do casaco. – Se mudar de ideia sobre a questão de estar ou não preocupado – ele tirou uma envelope do bolso -, você tem a opção de ler a carta.

- Uma carta? – Arqueei a sobrancelha ao pega-la após ser estendida para mim.

- Sirius rasgou e jogou no lixo em vários pedacinhos quando ainda estávamos em Hogwarts, eu restaurei e a guardei sem que ele soubesse... Acabei lendo e, sinto muito por isso, mas achei necessário que ela fosse entregue nas suas mãos.

- Por quê?

- Creio que você vá entender quando ler.

- Não acho que seja legal eu...

- A carta é pra você. Leia ela quando achar necessário, amigo. – James me abraçou. – Nos vemos na lua cheia?

- James...

- Por favor, não impeça a gente de te ajudar, só porque meu irmão errou.

O olhei por longos minutos e respirei fundo

- Vou pra sua casa... – James sorriu e me apertou.

- Se cuida.

- Eu vou. – Nos afastamos e, não muito tempo depois, ele e Peter foram embora.

Caminhei com o envelope em mãos, sem saber se deveria abrir ou não...

Ainda estava com muita raiva dele.

Ainda estava com muita raiva de mim mesmo.

Eu já havia perdoado ele, mas a questão não era essa... Eu simplesmente não conseguia esquecer. Só de pensar em olhar na cara de Sirius, um sentimento de raiva me cobria de novo... Eu não saberia como agir...

Não era tão simples como eu gostaria que fosse. Eu o odiava por ter feito aquilo, mas continuava o amando... e me odiava por ainda sentir aquilo...

O odiava por amá-lo. O odiava por ter me feito acreditar que ele me amasse também. O odiava por continuar em meus pensamentos, mesmo quando estava disposto a odiá-lo pelo restante da minha vida.

É como sempre dizem, o amor e o ódio sempre andam de mãos dadas...

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora