O filhote mais querido e precioso

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(P.O.V. Sirius)

...

- Gosto da sua atitude, de verdade. Mas é uma pena, gostaria de ouvir o desprezo pelo qual pronunciaria o meu nome. Bom... Eu me chamo Fenrir, porém, devo dizer que sou mais conhecido pelo meu sobrenome: Greyback!... – Sua unha afiada apertou ainda mais meu queixo. – Qual dos meus filhotes você conhece, Black?

- Acha mesmo que eu vou te contar? – O olhei com mais raiva.

- Não sabia que em Hogwarts aceitavam um dos meus...

- Hogwarts jamais aceitaria imundos como você! – Órion exclamou.

- Eu não teria tanta certa, Órion Black. Você se equivocou feio... Seu filhote aqui não sai de casa durante as férias, não é? Logo, o único período durante o ano que ele poderia conhecer um dos meus... seria durante as aulas... não é mesmo, Sirius? Estou errado? – O silêncio reinou na sala. – Me diga o nome do meu filhote!

- Vai se fuder, seu desgraçado! – Dei um tapa em sua mão e me afastei dele, me posicionando à frente de Mary e Régulus.

- Uau, agressivo! – Ele riu. – Meu filhote é seu amigo, então?

Fiquei em silêncio, com meus nervos já à flor da pele.

- Sinto medo, raiva, insegurança... e muito mais vindo de você. – Os olhos dele ficaram completamente amarelados enquanto ele parecia farejar algo em mim e eu apenas engoli a seco.

"Já deve saber disso..., mas... pessoas como eu... sentem somente pelo cheiro o que a vítima está sentindo, é algo como o que o predador sente antes de atacar a presa. É um instinto plenamente natural. E o odor que vem de você... Rebelde, boca suja e... apaixonado por um dos meus!

- Como ousas... – Greyback levantou a mão, ignorando a tentativa de Órion abrir a boca.

- Óbvio! – Ele riu alto. – Como não pensei nisso antes? O famoso instinto protetor! Já ouviu falar de Estocolmo? Quando a caça sente a necessidade de proteger o caçador... Por isso tá protegendo com tanta veemência, não é? Mas não se preocupe, eu não vejo problema nenhum em você namorar um dos meus filhotes... Seja fêmea ou macho. – Arregalei os olhos e Greyback assentiu. – Práticas homossexuais são completamente normais em meio à alcateia. Tem a minha benção como sogro e alfa da alcateia.

- O quê? – ouvi a voz de Órion em choque e senti meu corpo gelar mais ainda. Eu estava ferrado agora, definitivamente ferrado...

- Não seja assim, Órion Black! Não há nada de errado nisso... Você deve amar seu filhote independente do que ele seja... Inclusive, se ele achar apropriado me contar qual dos meus filhotes é, posso conversar com ela ou ele e deixá-lo te transformar, Sirius! Assim você se livra dessa família preconceituosa e pode viver livremente com muito amor e carinho em meio à alcateia. Lá, todos cuidam muito bem uns dos outros e...

"- Ninguém em sã consciência beijaria um garoto bizarro cheio de cicatrizes, que, pra completar o pacote, tem licantropia, é a realidade nua e crua. Eu sou amaldiçoado, Six, entenda isso de uma só vez!... E eu nem sei se é possível transmitir a licantropia por meio de saliva, isso pode ser perigo pra caramba! E eu não desejo que essa maldição caia sobre ninguém... nem mesmo ao meu pior inimigo."

A lembrança veio em cheio em minha mente, como se um balaço tivesse me atingido.

- Você é a porra de um mentiroso!

- O quê? – Greyback me olhou curioso.

- Você prega uma salvação mentirosa! Um lar cheio de amor e carinho, sério? Tá zuando com a minha cara? É a mesma ladainha que eles me prometeram! – Apontei para Órion e Walburga. – Você transforma crianças! CRIANÇAS! Deixa a maioria sem cuidados e sem saber o que fazer pro resto da vida! Você as deixa achando que são monstros! Você é igualzinho a toda essa gente que você detesta!

- Preciso fazer isso para que eles se tornem mais fortes. É a lei da sobrevivência, só os mais fortes sobrevivem, os fracos tem que morrer. – Sorriu, mostrando seus dentes pontiagudos e cheios de sujeiras.

"- Você tem medo de perder a gente, isso é completamente nor...

- Não, não é! Não é normal ter medo de perder seus amigos por causa de si mesmo! Não é normal eu ter medo de MATAR meus melhores amigos e só saber quando a porra da maldita lua cheia passar e o sol nascer! Não é normal eu ser um MONSTRO!

- Rem, por favor...

- Não! Não! NÃO! Não tenta me impedir de dizer que eu SOU um MONSTRO, porque eu SEI que eu SOU!

- Eu sei que aquele bicho papão te deixou em pânico, mas não leva isso pro resto da sua vi...

- Como eu não vou levar isso pro resta da minha vida, Sirius? Eu sou amaldiçoado desde a merda dos meus quatro anos! Eu sou um monstro desde que a mesma criatura que eu sou também me transformou por pura vingança! Uma aberração... é isso que eu sou! Eu sou... – ele se interrompeu, olhando fixamente para mim. – Por que você insiste tanto em cuidar de um monstro?

- Eu não tô cuidando de um monstro... Para de ficar se chamado assim! Eu tô cuidando de um lobinho que não teve escolhas! Que por causa de alguém abominável, toda vez que se olha no espelho, não consegue ver o quão perfeito é! Eu tô aqui com você, porque eu te entendo! Eu sei como é odiar estar em seu próprio corpo e jamais te abandonaria por causa de algo que não tem como mudar...

- Por que você não gosta que eu me chame de monstro?

- Porque eu sei quem você verdadeiramente é, mon cher petit loup. Eu te conheço e sei que você é muito mais do que seu probleminha peludo. Você é a pessoa mais forte e com o coração mais bondoso e corajoso que eu já conheci. Você não deveria pensar tão mal assim de si mesmo. Então, por favor, para de se chamar de monstro... isso parte o meu coração. O monstro nessa história foi quem fez isso com você, não o contrário!"

- Eu espero que você morra, seu desgraçado! – exclamei, cheio de ódio.

- Seu filhote... apesar de rebelde, seria um ótimo aliado. – Ele se virou para Órion. – Só é uma pena que não tenha aprendido a lidar com ele da forma certa. – Greyback se afastou e começou a subir a escadaria.

Órion e Walburga foram logo atrás e eu apenas fiquei paralisado ali.

"- Lobinho...

- Nunca mais!... NUNCA MAIS ME CHAME ASSIM! Pra você agora eu não passo de Lupin. E quer saber de uma coisa? Não olha mais pra mim. Não quero que chegue perto de mim. Fica bem longe. Eu te odeio! EU TE ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS!"

- Ele é um lobisomem, não é? – ouvi Mary perguntar.

- É óbvio que é, Maryanne! – Reg exclamou olhando lá para cima.

- Pra onde eles tão indo?

- Ao que aparenta... para o quarto do Sirius...

- Droga! – soltei, fazendo os dois me olharem, mas antes que falassem algo, sai correndo, disparado em direção do meu quarto.

Ele ia ver. Ele não podia ver. Se ele...

- Remus John Lupin, meu filhote mais querido e precioso! – Uma das fotos da minha parede estava em suas mãos, quando se virou para mim, sorrindo.

Merda...

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora