Os Marotos (Livro 2)

Só há uma pessoa que pode julgar-lhe

...

Remus soube naquele momento que cometera uma grande gafe.

- Ah não! – Hermione arregalou os olhos ao perceber a mesma coisa. – Ele não tomou a poção hoje à noite. Ele está perigoso!

- Corram – Sirius mandou, sem tirar os olhos do marido, que já se contorcia, tentando impedir ou, pelo menos, atrasar a transformação. – Corram. Agora.

Mas Harry, como um bom Potter, não lhe obedeceu. Rony e Remus permaneciam presos a Pettigrew e o afilhado obviamente queria tirar o amigo dali. Sirius agiu de forma ligeira ao abraçar o garoto de olhos verdes e impedi-lo de cometer um erro estúpido.

- Deixe-o comigo... – afirmou após empurra-lo para longe. – CORRA!

Sirius se virou a tempo de ver a transformação quase completa e, sem pensar muito, mudou de forma também, pulando no pescoço de Moony para afastá-lo de Rony e do maldito traidor.

O lobo lutou contra ele, como se não o reconhecesse mais, como se não pertencesse mais a alcateia... como se não fosse mais seu parceiro. Mandíbula contra mandíbula. Garras contra garras. Mas havia uma pequena diferença fatal... Pads não queria machuca-lo, Moony queria.

- Expelliarmus! – a voz de Harry surgiu e o pânico alcançou-lhe o peito. Peter Pettigrew, seu desgraçado... Não poderia ajudar a pega-lo, se o fizesse libertaria Moony para atacar as crianças. – Fique onde está! – Ele soube enquanto lutava ferozmente que haviam perdido a única chance de salvação para si mesmo e de vingança para todos os mortos que tanta amava. – Sirius, ele fugiu, Pettigrew se transformou!

Mesmo sangrando, Padfoot continuou de pé. E quando viu o barranco, soube o que tinha que fazer para manter o marido longe de qualquer humano... Ele agarrou uma das pernas de Moony e o puxou, jogando-os para o deslizamento.

Sirius apagou e quando abriu os olhos novamente, o lobo já não estava mais ali, havia fugido para dentro da floresta. O corpo humano cheio de ferimentos o impedira de tentar se levantar. Ele tentou de novo, mas não conseguiu. Água tocou-lhe os dedos e soube onde estava. Nem notara que se encontrava perto do lago

- Não – murmurou, sentindo a onda de frio de Azkaban o rodear. – Não... por favor... – Dementadores o rodeavam agora. Lágrimas escorreram por seu rosto ao perceber que tentara tanto e falhara miseravelmente. Chegara a constatação mais óbvia enquanto se aproximavam de si. Morreria como um traidor. Morreria sem sua vingança. Morreria e não haveria mais nada que pudesse fazer para impedir.

Sabia que sua alma estava sendo sugada pelas centenas de dementadores ali. Aos poucos foi sentindo-a sumir. Era tão vazio... Sua essência estava desaparecendo. Suas lembranças... O primeiro que ele esqueceu foi Régulus. Em seguida, Mary. Depois James, Lily, Marlene, Dorcas, Frank, Alice e... Remus. As lembranças estavam subindo em uma espécie de bola de energia, saindo de seu corpo. Aquelas criaturas se aproximavam mais e mais, e tentavam captura-la.

Sirius quis gritar, mas perdera a vontade. Perdera tudo.

Mas então, aquela luz prateada emergiu. Sirius piscou ao ver um enorme cervo prateado o proteger. Prongs... Não. Harry. Harry estava-o protegendo.

Os dementadores sumiram e a concentração de energia... sua energia, voltou para si.

Cada lembrança. Cada nome. Cada momento feliz. Tudo voltou. Sirius desmaiou com um sorriso maroto no rosto.

Entretanto, quando acordou... Snape...

- Ora, ora, Black, que bom que acordou.

Sirius não disse nada, notando que se encontrava amarrado e amordaçado.