A carta de Sirius à Remus

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(P.O.V. Remus)

29/07/1976

Três dias haviam se passado.

Sirius continuava em um sono profundo, Madame P. nos tinha dito que ele estava em uma espécie de coma e que ela não tinha noção de quando ele acordaria, nem mesmo se ele se lembraria de nós, até porque o choque de tudo que aconteceu foi grande demais para o corpo dele, ela mesma havia falado que não tinha noção de como ele aguentou vivo até aquele momento...

Eu, James e Peter estávamos fazendo um tipo de ronda, éramos três, então cada um ficava exatas oito horas ali na esperança que Sirius acordasse.

Madame P., tia Euph e tio Monty ficavam muito no quarto também, era notável a preocupação. Todas as vezes que um deles saía do quarto dizia a mesma coisa: "Se ele acordar nos chame o mais rápido que puder, por favor" e eu sempre assentia.

Lily ficou com a gente por dois dias, mas teve que voltar para casa. Prometi que contaria notícias assim que fui abraçado por ela, lírio sorriu acolhedora como sempre e se despediu de Prongs e Wormtail os abraçando também.

Ok, ok... Para ser sincero, mesmo quando se passava do meu horário de ficar ali, eu continuava. Nem James nem Peter tentavam me impedir, eles sabiam que não conseguiriam me tirar dali de um jeito ou de outro.

Com uma mão segurando a carta em meu peito e a outra entrelaçada na de Sirius, era quase meia noite e eu estava ali com a cabeça encostada na parede sem nem um pingo de sono, só eu e ele...

Pela primeira vez em dias eu soltei a carta e a coloquei em cima de minhas pernas, liguei o abajur não muito distante, tomando a carta em minha mão novamente. Já havia esperado demais, eu deveria ler logo, nem sabia ao certo porque havia remediado tanto.

Meus olhos cansados começaram a passar lentamente pelas letras e mais letras caprichadas dele...

"Meu querido Remus John Lupin

Tive a brilhante ideia de escrever uma carta para poder liberar tudo que está passando na minha cabeça e vai por mim, tem muita coisa aqui dentro... Então lá vou eu!

Você se afastou e o pior, eu sei exatamente o que eu fiz para merecer isso. Você com certeza percebeu que foi um erro se aproximar de mim. Eu não te culpo por isso, é só que... eu nem sei para falar a verdade... Realmente tive esperanças que... eu não estragaria tudo dessa vez.

Já cheguei a te falar alguma vez que amo te observar? Que sou completamente rendido fascinado por cada detalhe seu? Que te admirar é com certeza um dos meus passatempos favoritos?

Le bonheur est... sentent au paradis tout en contemplant ton gracieux sourire. (Vou traduzir para você dessa vez, só porque pela primeira vez eu quero que você saiba exatamente o que eu quero dizer: Felicidade é... sentir-me no paraíso ao contemplar teu gracioso sorriso.)

Toda manhã era a mesma coisa... Você acordava e levantava lentamente se espreguiçando aos pouquinhos. Você ia até a janela e a abria com todo seu mau humor matutino que sempre me fez rir. Só que tem uma coisa que você provavelmente não sabe querido, eu quase sempre era o primeiro a acordar, mas eu nunca levantava. Ficava apenas observando você fazer sua mini rotina e logo depois vir para me acordar, é claro que nesse momento eu estava fingindo dormir.

Se tem uma coisa que me deixa morrendo de raiva é quando você fala mal da sua aparência. Eu já tentei tantas vezes te mostrar o quão perfeito você é (e vou continuar tentando se você não desistir de mim). Você é gentil, carinhoso, inteligente, bonito... Simplesmente o paraíso! Você é perfeito... perfeito para mim... Você brilha muito mais do que imagina, não entendo como não percebe isso. Há uma luz que emana de dentro de você e todos ao seu redor notam isso, menos você. Não é exagero, é apenas a verdade lobinho.

Os Marotos (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora