(P.O.V. Régulus)
(20/12/1979)
Meu peito se apertou quando o que acontecera me foi revelado.
Monstro estava mal. Muito mal. E era tudo culpa minha. Era tudo culpa de Voldemort! Quem ele pensava que era?!
Permaneci com Monstro em meus braços enquanto o efeito da poção do desespero não passava. Voldemort o havia deixado para morrer, sozinho... Como algum dia já havia idolatrado esse homem detestável?
Após um tempo a agonia finalmente passara e Monstro parecia melhorar ao longo do que ia narrando. Horcrux... Ele estava mexendo com algo mais perigoso do eu já imaginara... Voldemort falara para nós, do ciclo mais "íntimo", que alcançara a imortalidade, mas aquilo... dividir a alma... Precisava dar um basta nisso.
Com base nas descrições de Monstro pude fazer uma réplica usando de minha magia para reconstituir aquele medalhão, uma cópia perfeita. Peguei uma pedaço de papel e nele escrevi um recado, fechando o medalhão e o colocando ao redor de meu pescoço.
- Monstro, como se sente?
- Monstro está melhor, meu senhor.
- Eu sinto muito em ter que te pedir isso, mas preciso que me leve ao local que Voldemort o levou.
- Monstro não aconselha que o senhor vá para aquele lugar, é terrível!
- Eu sei. Peço desculpas por te fazer ir duas vezes, mas preciso achar essa Horcrux e destruí-la, é a melhor chance de todos.
- Monstro leva o senhor. – Assenti e observei a carta em cima de minha cama.
- Wingardium Leviosa! – A carta flutuou e queimou assim que o outro feitiço saiu pela minha boca: – Incedio! – Suspirei ao ver as cinzas caírem pelo chão. – Sinto muito, maninho, espero que um dia entenda... – sussurrei, pisando nelas. – Vamos, Monstro?
Monstro pegou minha mão, receoso, e aparatou-nos até a caverna.
Passamos por uma espécie de rio macabro e, por fim, chegamos ao destino.
A poção do desespero banhava o medalhão. Olhei para Monstro com lágrimas querendo desesperadamente sair de meus olhos e me ajoelhei perante ele, o elfo que cuidara mais de mim do que meus próprios pais.
- Nunca lhe ordenei nada como farei agora, peço perdão por isso. – Retirei o medalhão de meu pescoço e entreguei-o em suas mãos. – Monstro, minha última ordem a você é que assim que essa bacia for esvaziada, vai trocar os medalhões, encher a bacia para que ninguém saiba que ela já esteve vazia e vai voltar para a Casa Black, e lá mesmo deve destruir esse medalhão, custe o que custar. Nenhuma palavra deve ser dita a ninguém da família, nem sobre o medalhão... nem sobre mim.
- Meu senhor, Monstro...
- Isso é uma ordem, Monstro – afirmei e ele assentiu, sem poder argumentar. – Obrigado por tudo – falei, antes de tomar cada gole daquela bacia.
Cada parte do meu corpo se retraiu. Eu sabia que aquela dor seria agonizante, estava preparado para isso. Meus lábios secaram, os senti rachando até darem no sangue. Tentei me manter firme. Mas nem mesmo me vi quando meu corpo rastejou até o lago. Água, precisava tanto de água.
Eu bebi tanta água, e nada. Quanto mais bebia, mais sede tinha.
Gritei ao sentir meu braço ser puxado. Gritei de novo quando meu outro braço quase foi arrancado. Submerso, tentei gritar, mas o som foi abafado pela água. Eu estava afundando e me sentia tão bem com a água entrando até cobrir minha respiração. A sede não acabou, abri a boca para que mais e mais água entrasse. Ainda não era o suficiente...
Sorri ao fechar os olhos e ver Mary e Six, ambos deitados ao meu lado e me observando.
- Reg, sinceramente, você deveria voltar a pintar. – Engraçado essa lembrança ter vindo justo agora. – Você ama isso!
- Não posso. – Cruzei os braços ao me sentar.
- Six, fala pra ele! – exclamou, cutucando as costelas de meu irmão.
- O que quer que eu diga? Ele nunca me ouve! É um marrento teimoso.
- Fala que ele deveria fazer as coisas que ama! E ser... mais leal a si mesmo!
- Eu já tentei!
- Tenta mais!
- Eu tô aqui ainda, sabiam? – Os dois me olharam e me abraçaram.
Queria ter tido a chance de poder pintar mais... De ser mais leal a mim mesmo... Agora, já era tarde demais.
Meu irmão jamais saberia tudo que eu fizera de ruim... e minha única tentativa de fazer algo bom.
Mary morrera antes que eu pudesse tentar ser alguém melhor. Para ela. Para todos. E para mim mesmo.
Monstro conseguiria. Ele precisava conseguir!
O recado que deixei dentro do medalhão foi meu último suspiro de consciência, lembrava-me perfeitamente de minhas palavras:
"Sei que há muito estarei morto quando ler isto, mas quero que saiba que fui eu quem descobriu o seu segredo. Roubei a Horcrux verdadeira e pretendo destruí-la assim que puder. Enfrento a morte na esperança de que, quando você encontrar um adversário à altura, terá se tornado outra vez mortal. R.A.B."
...continua no próximo capítulo...
(Recadinho da autora: E lá se foi mais um... rsrs)
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Os Marotos (Livro 2)
Fanfiction"- Dumbledore, algo está acontecendo sabe disso, não é? - Minerva perguntou, perplexa. - Algo está acontecendo por debaixo dos panos há anos, cara Mcgonagall. Disso todos sabemos há mais tempo do queiramos admitir para nós mesmos. - Qual é a chance...