Prof. R.J. Lupin

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...

Remus naquela mesma tarde enviou sua resposta a Dumbledore. E semanas depois, lá estava ele despedindo-se de Liam e embarcando na mesma cabine que um dia fora de um grupo de amigos unidos que se amavam imensamente... Tudo aquilo parecia ser de outra vida.

Os olhos de Remus viram abaixo do banco em que se sentaria, e que tantas vezes já havia sentado, aquelas quatro assinaturas que jamais se esqueceria. E um coração que marcava dois nomes específicos.

As lágrimas quiseram cair, mas Remus respirou fundo e se escondeu dentro de si mesmo. Encostando o rosto contra o vidro e fechando os olhos, as vozes ecoavam pela cabine.

Ele deu um suspiro longo, ainda cansado da noite que tivera – alguns cortes ardiam e o braço que havia sido recolado no lugar por um feitiço de Liam ainda doía –, e tentou deixar-se levar para bem longe, ignorando todas aquelas lembranças e tentando desesperadamente fazer com que seu coração não sentisse a falta daqueles cabelos sedosos jogados por seu colo ou daquelas piadinhas ridículas que ele fazia nos piores momentos possíveis ou daquele maldito sorriso ladino e... chega! Precisava parar!

Após um longo tempo ali, já estava começando a se acostumar com o silêncio e a solidão, achava até mesmo que estava à beira de um cochilo, mas aquela voz que surgiu pelo corredor fez com que todos os pelos de seu corpo se arrepiassem. James estava...? Não, obviamente não era James, porque...

Remus jamais imaginara tamanha coincidência ser possível. Mas quando percebeu que o filho de seus dois grandes amigos estava ali, sentado no mesmo lugar que seu pai já sentara tantas vezes, não conseguiu evitar que seus olhos marejassem.

Haviam outros dois adolescentes com ele, provavelmente amigos dele. Remus não disse nada, nem mesmo se mexeu. Apenas se manteve quieto e com os ouvidos atentos. Para qualquer um que o visse, estaria dormindo.

- Quem vocês acham que ele é?

- O Prof. R.J. Lupin – o cochicho da menina surgiu em resposta ao outro garoto.

- Como é que você sabe?

- Está na maleta. – E realmente estava, logo acima da cabeça de Remus, no bagageiro, encontrava-se sua maleta toda estragada.

- Que será que ele ensina?

- É óbvio. – A voz astuciosa o fez se lembrar por um instante de Lily. – Só existe uma vaga, não é? Defesa Contra as Artes das Trevas.

- Bem, espero que ele esteja à altura. – O tom duvidoso fez com que Remus se perguntasse o que acontecera com os antigos professores deles, já que, em sua época, nenhum professor dessa matéria lecionava por mais de um ano... pelo jeito, as coisas continuavam iguais.

Após um longo suspiro vindo aparentemente de Harry, ele começou a contar algo aos dois amigos sobre uma conversa que tivera com... Por Merlin, o sr. e a sra. Weasley, o coração de Remus deu um salto. A voz do outro garoto lhe parecia tecnicamente familiar, como não percebera que era de Arthur?

Então, Harry Potter e um Weasley eram amigos. Teve que se conter para não sorrir ao perceber isso.

Remus continuou a escutar a conversa. Harry sabia que Sirius havia fugido de Azkaban, mas, pela forma que falava, não sabia o que ele era seu.

- Sirius Black – um arrepio percorreu sua coluna ao ouvir aquele nome – fugiu para vir atrás de você? Ah, Harry... você vai ter que tomar muito, mas muito cuidado. Não vai sair por aí procurando encrenca, Harry...

- Eu não saio por aí procurando encrenca. – Típico de um Potter, pensou Remus. – Em geral, as encrencas é que vem ao meu encontro.

- Harry teria que ser um bocado obtuso para sair procurando um biruta que quer matá-lo, não acha? – Weasley questionou, trêmulo. – Ninguém sabe como foi que o homem fugiu de Azkaban. – Uma pitada de culpa surgiu no estômago de Lupin. – Ninguém jamais tinha feito isso antes. E ainda por cima, ele era um prisioneiro de segurança máxima.

Os Marotos (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora