Louis não sabia o que esperar a partir do momento em que decidira tomar para si a liberdade de uma vida comum.
Isso não significa que ele estivera isolado nem aprisionado ou mentalmente alienado por uma seita radical. Bom, não teoricamente, pelo menos. A grande questão é que já se faziam mais quatorze anos desde a última vez em que ele morou numa casa de verdade, então tornou-se impossível manter na memória grandes detalhes e sensações que rascunharam sua infância.
No fim das contas, essas memórias se tornaram tão distantes que lhe parecem mais um amontoado de ilusões. Todas forjadas. Eram mais como curta-metragens que atravessavam seus pensamentos hora ou outra.
Família? Louis não sabia o que era isso. Uma pena. Em seu quinto ano de vida, ele se viu sendo aceito na vida dos tios após a trágica fatalidade que lhe tomou seus queridos pais. Os tios o abrigaram e o mantiveram saudável. Lhe adoraram, lhe educaram, lhe consolaram. Lhe toleraram como puderam.
Aí a tia engravidou.
Ele ainda lembra perfeitamente a tarde amena que estampara a janela do seu quarto quando seu tio enfiara a cabeça careca e reluzente por entre a porta, interrompendo a guerra de carrinhos que o menino encenava no chão.
- Quê? - o pequeno retrucou seu chamado sem nenhum interesse.
Não apenas o tio, mas também a tia com sua barriga de melancia adentraram o quarto azul. Ambos se puseram a sentar na cama do pequeno. Precisavam ter uma conversa, disseram. Uma novidade que eles apostavam que Louis amaria. Mas, antes de tudo, quiseram saber se ele gostaria de mudar de colégio. Não, eu gosto do que tô.
Insistindo, quiseram saber se ele não se sentia muito solitário passando muito tempo naquela vizinhança chata e sem outras crianças se não ele. Um pouco, às vezes, admitiu o garoto. Então, não seria ótimo fazer novos amigos? Sem nem pestanejar, ele concordou.
Foi aí que Louis ouviu a ideia de "colégio só para garotos" pela primeira vez .
- Só meninos estudam lá? Mesmo?
- Sim, apenas meninos.
- Que legal. Tem uma menina na minha sala, a Eleanor, que me morde todo dia. Quer ver? Olha! Hoje ela me mordeu no braço. Olha! Eu odeio ela!
- Que menina malvada!... Não queremos isso para você. Então pensamos nesse colégio, lá não vai ter nenhuma menina chata pra te perturbar. E temos certeza que os garotos são educados e legais, como você.
- Será que eles gostam de Power Rangers também?
- Não sei, devem gostar... E o melhor de tudo é que você vai poder dormir lá, e ter um colega de quarto!
- Colega de quarto?
- Sim! Um amigo que dorme no mesmo quarto que você - mas Louis pensara que dormiria no mesmo quarto do bebê - Ele pode até gostar de Power Ranger, basta você perguntar para saber... Ter um colega de quarto é quase como ter um irmão. Não é, mesmo, querido?
Ele também pensara que o bebê na barriga de sua tia seria como um irmão para ele.
- É verdade.
- Ok... - cedera, hesitante e incerto - Mas... se eu for pra lá, eu não vou perder a chegada do bebê? E também... eu não posso voltar para casa nunca mais? Não vou ver vocês nunca mais?
Ele ainda se sentia desolado quando pensava nos pais. Saber que nunca mais os veria novamente lhe causava um nó na garganta. Eles estavam no céu, cuidando dele de lá, isso é certo, mas ele queria-os ali, ao seu alcance. Louis não queria que o mesmo acontecesse ao tios. Isso o deixaria ainda mais triste.
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Ain't Move On • L.S. (mpreg)
FanfictionLouis Tomlinson é ex-soldado, Harry Styles é ex-Submisso... e o amor não foi gentil com eles. Mudando-se para um subúrbio no norte da Inglaterra, Louis e Harry compartilham a solidão com os fardos do passado. Ou Onde dois jovens que não se conhecem...