A apreensão que acometia Louis era tão densa que lhe causava náuseas... E o fato de Harry recusar ir ao hospital era um agravante a mais.
Louis não soube como reagir diante daquela dor. Mas, por sorte, não foi algo que perdurou por muito tempo. Assim que ouviu ele dizer que tinha passado e que se sentia melhor, Louis o deixou sozinho por um breve instante para ir ao quarto. Ao voltar à sala, as mãos suspendiam no ar a malinha tiracolo e a bolsa na qual continha tudo o que a bebê precisaria no hospital.
Deus queria que ele não tivesse esquecido nada importante, mas agora era tarde demais para checar item por item.
Tomlinson estava tão nervoso. Não esperava por um parto prematuro. Mas, afinal, que pai contaria com isso? Não era algo que pudesse ser previsto ou prevenido. Bastou-lhe então apenas suplicar em oração silenciosa para que nada de ruim tivesse acontecido... e para que nada de ruim acontecesse a partir dali.
Otimismo. Ele queria mergulhar nas tranquilas e reconfortantes águas do otimismo e ouvir seu sussurro etéreo lhe acalentar com a afirmação de que ele estava prestes a viver a melhor experiência que teria em toda a sua vida.
Mas tudo isso não passava de um devaneio escapista. Louis não estava muito confiante sobre o que aconteceria em breve.
Nada confiante, na verdade.
Enfim.
Ao ver todas aquelas coisinhas tons de rosa-pastel com bordados de adoráveis ursinhos serem depositadas na mesa; ao vislumbrar metalmente o que imaginava haver ali dentro; ao pensar em tudo o que viria a seguir, Harry sentiu o pânico tumultuar não apenas seus pensamentos, mas intervir também em seus atos.
De olhos arregalados e músculos trêmulos, ele disparou que ainda não tinha comido. Sua voz saiu densa, grave e algumas palavras foram gaguejadas. Isso acabou convencendo o outro - nem tanto pelos argumentos, mas sim pela histeria preocupante - que um desjejum era indispensável.
E de fato era, sem dúvidas um trabalho de parto não seria nada fácil. Harry precisaria de toda a energia que pudesse ter.
Por estar sem apetite, ele demorou a comer. O pão amanteigado foi enfiado goela a baixo em pequenas migalhas e o transbordante copo de leite foi bebericado muito lentamente.
Após a refeição que pareceu ter se estendido por uma eternidade, Louis recolheu as louças, deixando-as na pia.
Seu uniforme de trabalho já havia sido trocado por uma jeans e um suéter listrado, bem como a sua supervisora já havia sido avisada sobre o motivo pelo qual ele não compareceria ao trabalho naquele dia. E nem nos próximos.
(Mais tarde, quando tudo estivesse em paz, a questão da demissão seria resolvida. Por hora, ele já tinha muito com o que se preocupar)
Louis também quis ter avisado Anne sobre o estado de Harry, principalmente agora que sairiam para o hospital. Entretanto, o universitário o proibiu de comunicá-la tão cedo.
- Cedo, Harry? - perguntou tentando manter o tom de voz controlado - Você está tendo contrações desde sabe-se lá que horas. Deveria ter me avisado antes. Precisamos ir ao hospital imediatamente! E eu acho que sua mãe deveria saber que você vai entrar em trabalho de parto a qualquer momento.
- Ainda não! Ainda não é a hora. Eu sei, tá legal?! Temos que esperar mais um pouco.
- Esperar o quê? - indagou exasperado - Ela nascer aqui neste sofá?
- Eu ainda não vou ter ela, porra! A bolsa ainda não estourou!
- E com sorte nós chegamos no hospital antes dela estourar!
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Ain't Move On • L.S. (mpreg)
FanfictionLouis Tomlinson é ex-soldado, Harry Styles é ex-Submisso... e o amor não foi gentil com eles. Mudando-se para um subúrbio no norte da Inglaterra, Louis e Harry compartilham a solidão com os fardos do passado. Ou Onde dois jovens que não se conhecem...