XIX

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A semana foi respingada pelo mal-humor e monossílabas e alfinetadas desnecessárias por parte de Harry. Ele ainda estava emburrado. Mas qual era o motivo para aquele humor? Ainda era pelo incidente da lanchonete? Que merda foi aquilo, afinal? Louis não conseguia entender.

Para ele restava apenas deixar o tempo encarregado de afastar a neblina de teimosia de Harry. Se possível.

Louis voltou ao seu apartamento na quarta. Eles trocaram poucas palavras. Na sexta, a mesma coisa. No sábado, Harry saiu com seus amigos. No domingo, Louis passou o dia inteiro na frente da TV, assistindo a todo e qualquer filme que passou.

Apenas na segunda as coisas melhoraram. 

Styles adquiriu dois novos costumes desde que virou rotina receber Louis Tomlinson em sua casa: um deles era passar mais tempo na sala e não nos quartos, e o outro era não trancar a porta assim que chegava; ele só girava o trinco quando Louis ia embora ou perto das dez da noite, quando enfim ia para o quarto dormir.

Então tudo o que Harry precisava fazer quando ouvia os toques de Louis era dizer que a porta estava aberta. Foi o que ele fez naquele dia.

Quando o de olhos azuis adentrou o apartamento vizinho, a sua visão encontrou o cacheado deitado no sofá, de barriga para cima, mãos no peito, olhos fechados e joelhos flexionados, panturrilhas no braço do sofá e botas pretas brilhosas de salto pequeno flutuando no ar.

Ele usava uma camisa vermelha com estampas de flores, folgada, o tecido transparecia sua pele alva de tão fino que era, as mangas caiam até os pulsos e os únicos três botões existentes na altura do peitoral estavam abertos. A calça legging (há meses ele não conseguia fechar um jeans) era preta e marcava as curvas magras de suas pernas compridas. 

A barriga, a coisa mais charmosa do mundo. Só competia com a beleza pacífica estampada em seu rosto naquele instante. O resultado daquela competição era empate. A boca com formato de coração tinha o tom em rubro claro, como de costume, e havia uma sutil cintilância rosada brilhando em suas pálpebras. Quase imperceptível.

Louis percebeu que o encarou mais do que o necessário. Então coçou a nuca e fechou a porta.

- E aí? - pronunciou.

- Tudo como sempre. - Harry tinha o tom impassível - Perfeito.

 - Está com raiva de mim hoje?

- Essa pergunta não faz sentido. - Harry abriu os olhos para fitá-lo - É como se você estivesse me perguntando se eu respirei oxigênio hoje.

Louis sentiu aquela frase. Foi uma pontada no peito.

Mas não era nada. Nenhuma surpresa. Ele podia esperar algo como aquilo, então nasalou uma risada e desviou o olhar. Viu na mesa um prato com rodelas de tomate e fatias de queijo.

Ele se encaminhou até o prato, perguntou a Harry se ainda iria comer e levou uma garfada na boca quando este negou.

O cacheado disse que fez bastante, mas enjoou antes mesmo de comer. - Pega mais, a tigela está na bancada da cozinha.

Louis não negou, estava com fome e o tempero da salada exótica estava delicioso. Só que antes de se enfiar na cozinha, notou uma corrente de ar abafado circulando pelo corredor. A janela estava aberta. Ele atravessou o corredor para fechá-la e disse que era perigoso deixá-la aberta daquele jeito.

- A gente mora no sexto andar. - Harry retrucou.

Louis já tinha afrouxado a gravata e aberto os dois botões mais alto da camisa. Se sentiu mais confortável depois disso.

- Grande merda. - devolveu ele, agora na cozinha - Falando nisso, falei com a síndica. Na verdade, a gente quase discutiu pra valer. Mas ela garantiu que vai providenciar a manutenção do elevador em até três semanas.

Ain't Move On • L.S. (mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora