XXII

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Louis tinha tentado dizer, assim que aquela mulher abriu a porta, que ele não sabia que Harry estava com alguém, que não queria incomodar e que, não, ele não precisava entrar,  sério, ele voltaria uma outra hora sem problema nenhum. Mas não adiantou, bastou-lhe dizer seu nome que Anne não deu margem para recusa, tratou de puxá-lo para dentro enquanto chamava pelo filho.

- Ele veio falar com você - ela disse quando Harry apareceu.

- Eu só vim ver como você estava - Louis retorquiu, desviando o olhar do universitário - Só achei que ele estava sozinho. Mas como a senhora está aqui, acho melhor ir embora.

Anne fechou a porta. Harry se aproximou deles o mais lentamente possível. Que tipo de  tragédia viria de um encontro como aquele? Com aquelas duas, três pessoas dentro de um apartamento fechado? Um grego, interminavelmente tenso e dramático, ou um mais visceral, como os de Shakespeare?

- Ora, que isso - Anne replicou - Está quase na hora do almoço. Fica pra comer com a gente. Não acha que seria bom, Harry?

- Hum... É. Sim. Talvez. Mas pode ser que Louis tenha que, sei lá, fazer alguma coisa agora - Harry lançou uma bela olhada para Louis. 

- Sim, é isso mesmo...

- Mas se ele veio te ver, ele pode ficar uns minutos, sim - retrucou a mulher - O almoço não vai demorar, já estou terminando. Falando nisso, preciso voltar pra cozinha. Vocês fiquem à vontade, meninos.

- Achei que você estivesse no trabalho. - Harry sussurrou quando Anne sumiu de suas vistas.

- Me disseram para não ir hoje. Agora só posso fazer hora extra duas vezes por mês... E eu também queria te contar uma coisa... mas acho melhor contar depois.

- É, eu também acho.

Louis sussurrou ainda mais baixo - Como eu faço para ir embora agora?

- A porta está bem ali, é só sair.

- Você acha que ela vai se importar?

- Quer a verdade? Acho ela vai, sim.

Tomlinson remexeu o canto da boca - Bom... então, ah, que se dane, eu já estou aqui mesmo. Vou ficar.

- Você que sabe... Mas, Louis, por favor, não seja antipático e não diga nenhuma besteira.

- Beleza.

Harry limpou a garganta, pegou o controle do sofá e voltou ao tom de voz usual - Acho que tá passando maratona de Friends na NBC. Tá precisando de uma mãozinha aí, mãe?

- De jeito nenhum. Podem ficar aí.

Eles a obedeceram, sentaram-se no sofá, lado a lado de um jeito não muito natural, parecia duas crianças de castigo, enquanto fingiam prestar atenção no que passava na TV.

- Como você está? - Harry perguntou não muito depois.

- Eu?

Não, Louis, a Rainha Elizabeth.

- Sim, você.

- Estou bem.

- Mesmo?

Louis se encontrou em seu olhar, curvou um pequeno sorriso e assentiu com convicção - E você?

Harry inclinou a cabeça e emitiu um ruído como resposta.

- Tá, e o que isso quer dizer?

- Quer dizer que estou grávido. É isso que quer dizer.

Por algum motivo, ouvir aquilo fez Louis rir. Uma risada tímida mas espontânea. Uma sonoridade rara e genuína que causava reboliços em estômagos alheios.

Ain't Move On • L.S. (mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora