Se havia uma única coisa que Harry Styles levava a sério essa coisa era os medicamentos que tomava.
Aos seus dezesseis anos, meses depois de ter visto o filme com Glenn, ele decidira que estava na hora de tomar antidepressivos. Contou aos seus pais a decisão. Eles ficaram excepcionalmente chocados com o pedido de uma consulta psiquiátrica e o pior ainda foi após a consulta, quando se eles se viram encarando o papel que receitava três doses de antidepressivos ao filho caçula.
Até aquele momento eles puderam acreditar que o filho estava bem... Depois, não mais.
Desde então, Harry precisava voltar ao psiquiatra a cada cinco ou seis meses, para reanálise do seu quadro.
A cada seis meses seus pais rezavam para que a medicação fosse suspensa por falta de necessidade… se não isso, pelo menos que a quantidade fosse diminuída. Entretanto, pouco avanço foi testemunhado desde o início. E, infelizmente, os pais e Harry tinham que lidar com a montanha-russa de medicamentos, que se elevava a cada colapso que ele enfrentava.
Os remédios foram trocados diversas vezes. O antidepressivo da vez era fluoxetina, mas já havia sido risperidona, nefazona, sertalina e mirtazapina. O único que continuou o mesmo em todos esses anos foi a amitriptilina - o estabilizador dos efeitos colaterais da medicação mais forte.
O calmante era o mesmo também, Passiflorine, que ele só tomava quando achava necessário.
Styles não tentou terapia, nem psicólogo. Nem por insistência. Não queria de jeito nenhum. Seu psiquiatra vinha recomendando isso nas últimas consultas. “Esses remédios não vão te dar a cura. Você precisa fazer outros tratamentos, se quer melhorar de verdade” mas isso fazia Harry pensar em trocar de psiquiatra, talvez o problema fosse a incompetência daquele médico.
Era só pelo médico que ele ainda não tinha melhorado. Unicamente por ele.
Pelo menos os remédios continuavam ajudando imensamente. Traziam o chão de volta para os seus pés. Alinhava a órbita dos seus seus pensamentos. A estabilidade da sua mente. Era pelos remédios que Harry se sustentava de pé, era pelos remédios que ele ainda conseguia ter forças para seguir em frente.
Harry nunca perdia uma dose, era seu ritual diário - uma pílula de fluoxetina às sete da manhã e outra às sete da noite. Amitriptilina ao acordar, depois de almoçar e antes de dormir; calmante quando necessário.
Ele não tomava álcool, se mantinha saudável para não acabar adoecendo e precisando de antibióticos, mas, mesmo assim, existiam momentos em que os remédios não funcionavam.
Os colapsos de Harry sempre voltavam.
Essa onda de desesperança e sofrimento lhe atinge desde cedo. Só p que mudou foi a forma de manifestação dela. Quando criança, eram crises de choro que duravam horas mas que se resolvia com conforto familiar.
À medida que crescia, porém, a busca por ajuda lhe dava desconforto então fora aí que suas temporadas de isolamento tiveram início.
Tão logo vieram as horas em que ele se recusava a falar. E por culpa dos remédios, as lágrimas pararam de vir. E por fim, no fim da adolescência, Styles se via tomado por uma perturbadora exaustão que lhe tirava o ânimo de viver. A falta de forças o prendia na cama.
Quando ainda morava com seus pais, ele ficava deitado por horas, até ser obrigado a levantar. Agora, morando sozinho, podia ficar por dias sem ser incomodado.
Houve o tempo em que morou com Cesar, verdade, e Cesar era bom em não deixá-lo permanecer na cama, era bom em trazê-lo de volta para a vida. Tão eficaz quanto seus antidepressivos.
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Ain't Move On • L.S. (mpreg)
Fiksi PenggemarLouis Tomlinson é ex-soldado, Harry Styles é ex-Submisso... e o amor não foi gentil com eles. Mudando-se para um subúrbio no norte da Inglaterra, Louis e Harry compartilham a solidão com os fardos do passado. Ou Onde dois jovens que não se conhecem...
