•Capítulo 35• Um desabafo

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Enquanto Quimera falava do nível da profundidade dos hematomas que percorriam uma considerável parte do corpo de Joyce - graças a Deus não eram tão graves assim - Joyce voltou a sorrir fraco e quando Quimera percebeu, curiosamente, com a testa franzida, ela perguntou a sua nova colega o seguinte:

- Porquê que estás a sorrir assim? Porventura surgiu-te uma boa lembrança? Ou algo do género? - indagou Quimera, um pouco inquietada e querendo contagiar-se, por breves instantes, com o regozijo de Joyce. E o sorriso da Joyce só veio a desaparecer quando ela começou a gesticular sua boca, evidenciando assim que iria falar.

- É que eu gosto do teu sotaque de português. - confessou Joyce - Eu acho tão bonito o sotaque do português de Portugal. - um singelo sorriso fora inevitável de ser esboçado nas fisionomias destas duas raparigas, já muito feridas, tanto a nível físico como psicológico.

- Obrigada! Agradeço-te especialmente por arrancares, por breves instantes, um sorriso da minha fisionomia que, a um bom tempo, não regozijava-se ao ponto de sorrir. - confessou Quimera em seu momento nostálgico e depois seus olhos escureceram.

Quando Joyce percebeu que o lindo sorriso da sua nova companheira estava a desfazer-se, a mesma logo interviu com o seguinte:

- Eu desejo, um dia, viajar para Portugal. Ou melhor, eu quero muito conhecer outros lugares pois eu nunca cheguei a viajar antes para um outro país. Até agora eu nem conheço muito bem as outras ilhas. - declarou Joyce.

Quimera continuava focada em cuidar dos ferimentos da Joyce e ela, ainda deitada no chão duro, podia notar manchas escuras na zona do seu abdómen. Essas imagens deixavam Joyce mais aterrorizada ainda.

- Se... se eu sair dessa, é claro. - ela suspirou pesadamente no final. Quimera lançou um olhar de compaixão para Joyce.

Quimera compadeceu-se, pois ela entendia completamente o desabafo dela, e por isso, logo decidiu abrir-se um pouco mais com a Joyce pois esta já havia conquistado a sua confiança.

- Há dois anos atrás... a minha família e eu viajamos até aqui em Cabo Verde. Instalámo-nos na ilha da Boa Vista e uma semana depois viemos para a ilha de Santiago. - Quimera deu uma pequena pausa. Seus olhos já estavam marejados em virtude de suas lembranças penosas:

 Seus olhos já estavam marejados em virtude de suas lembranças penosas:

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- Creio que sou cristã desde que eu entendo-me por pessoa e... e desde pequenina eu amava o trabalho dos missionários. Sabe, entregar-se de corpo e alma ao Evangelho de Cristo... - Joyce esboçou um pequeno sorriso, porém logo desfez-se por meio de um pequeno gemido de dor em função da ardência que o álcool etílico jazia em suas feridas.

Nada Além Da Esperança ▪︎ Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora