•Capítulo 38• Um milagre

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|Joyce|

Sinto-me um pouco melhor depois de ter comido a minha única refeição deste longo dia. Contudo, eu tenho uma má impressão a respeito da durabilidade deste meu pendente bem-estar. Já passei tempo o suficiente aqui para saber que envolvendo o nome Marco nada de bom vem por aí.

Que Deus tenha misericórdia de mim, caso contrário não sei o que será de mim...

Parecia que Marco ia deslocar meu braço devido à forma que ele puxava-o. Sem nenhuma delicadeza, como sempre. Enquanto andávamos até ao sítio que o Marco estava a levar-me, noto alguns homens, tão psicopatas e mesquinhos quanto ele, a andar apressados de um lado para o outro. Até pareciam vultos.

Entretanto, não demorámos muito para chegarmos ao cómodo que fica no mesmo piso aonde situa-se a cela que eu e os demais estávamos.

Antes de abrir a porta, Marco deu-me uma forte bofetada que fez-me ficar muito desnorteada. Minha cabeça ia explodir e eu ainda tinha a vontade de vomitar em virtude do gosto do meu próprio sangue na minha boca. A sensação que eu tinha é que meu estômago estava a dar várias voltas e por isso sentia-me um pouco enjoada.

Marco colocou-me em seu colo para que eu não caísse, pelo menos ainda. Ele empurrou a porta com o seu pé esquerdo e, por conseguinte, entramos em um quarto negro.

Naquela hora fechei meus olhos por breves segundos para tentar mentalizar que o enjoo que eu estava sentindo iria logo passar.

Isto é um pesadelo. Mas um pesadelo real e que, aparentemente, não tem como eu sair disto pois eu estou acordada. Parece que não tenho saída e isto é muito frustrante pois não tenho nenhuma certeza de que poderia safar-me disto.

Estou a toda a hora a pensar na minha família e nas outras pessoas que amo. Penso nos meus pais e na minha irmã que devem estar desesperados e desolados. Será que pensam que estou morta? Eles devem estar a sofrer tanto pois ter uma filha desaparecida é uma injúria insuportável. Eu consigo imaginar isso. Não saber se estou viva ou morta é uma tortura horrível.

A Isabella e a Emma devem estar um "caco" nesse momento. Conhecendo bem elas como eu conheço, eu sei que estão a sofrer muito também. Se fosse ao contrário eu também estaria assim. Eu amo-as tanto como se realmente fossem minhas irmãs de sangue. E sei que o recíproco é verdadeiro.

Agora pensando no Augusto, eu sinto uma sensação terrível dentro de mim como se eu tivesse perdido algo muito valioso. Nós conhecemo-nos há muito pouco tempo e sinto aquela vontade desesperada de estar com ele e de viver muitas coisas boas ao seu lado pois nós ainda somos jovens. Tal como dizem: temos muito tempo pela frente.

Contudo, nesta circunstância que deparo-me presa agora, começo a duvidar disso porque há grandes chances de eu não sair viva daqui. Estou cercada por abutres carniceiros e é o pior deles - o Marco - é que está a infernizar minha vida.

Eu queria tanto estar na minha casa, junto dos meus pais, da minha irmã, das minhas amigas, ler meus livros, ver tv e assistir às séries, aos filmes e às novelas que eu gosto, também ouvir as músicas que gosto, especialmente o funaná e o zouk que amo de paixão.

Eu ainda tenho tanto para viver.... Sei que há muitas coisas boas que esperam por mim mais a diante, no entanto, o Marco e a FAC estão a ser uma enorme pedra no meu sapato.

Eu estou a fazer de tudo, mas o máximo para não perder minha fé e a minha esperança porque caso contrário aí sim não haverá nenhuma salvação para mim. Às vezes eu penso na hipótese da Rhana poder ajudar-me - por ela ser uma agente do FBI - mas ela está de férias aqui, e além do mais Rhana está sozinha aqui em Cabo Verde. Acho que não há muita coisa que ela possa fazer.

Nada Além Da Esperança ▪︎ Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora