Capítulo 7

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Kara queria se afogar em Lena, dar-lhe um vislumbre da necessidade e da ferocidade que ela lhe causava. Seus lábios clamavam pelo os dela, sua língua penetrava-lhe cada vez mais, provocando gemidos e sensações. Ela a recebeu, aparentemente incapaz de corresponder àquela paixão, mas devastando-a com sua entrega.

— Lena... Luthor... Meu raio de sol...

— Não é justo — ela gemeu nos lábios de Kara. — Eu não sei o seu nome... Muito menos o que ele significa.

Kara mordiscou o lábio inferior dela, sugando-o até que ela gemesse e recebesse ainda mais sua língua.

— Kara... Kara Zor-el — Ela começou a traduzir, dizendo apenas "Amada...", quando Lena se assustou e a empurrou.

Kara a encarou, seu ser precisando dela, daqueles lábios contra os seus, daquele calor envolvendo seu corpo repentinamente frio.

Lena a encarou de volta, e disparou:

— Você é uma Zor-el?

Kara assentiu arrependida por ter contado. A espontaneidade da atração que explodira entre elas terminara ali na hora que Kara revelara quem era nada seria como antes.

Dentre as milhares de mulheres que Kara conhecera na vida e centenas de mulheres que a desejaram, jamais houvera uma que a enxergara como algo além de uma málgama de status, poder e dinheiro. Kara nunca fora apenas uma mulher para elas. E também não seria para Lena

Kara suspirou, seu olhar abandonando os lábios intumescidos de Lena enquanto esperava que a artificialidade surgisse daqueles olhos sinceros. Sempre ficara irritada com as armadilhas de seu status e de sua riqueza. Agora, Kara deliberadamente os amaldiçoava.

Então Lena novamente a surpreendeu. O espanto de Lena transformou-se no reflexo da repulsa.

— Você é uma daqueles ricos e imorais criminosos?

Kara encarou a mulher que acabara de chamar sua família de criminosos. E fez a única coisa que poderia ter feito.

Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou.

Agora que o anestésico local estava passando, o ferimento se manifestava ao menor movimento, golpeando-a com uma dor lacerante. Porém, não tão intensa quanto o olhar de aversão com o qual Lena ainda a fulminava. Parecia que seu divertimento apenas alimentava aquela; repentina antipatia.

Mas Kara não pôde evitar. Ela não conseguiu controlar o alívio por, em vez de bajulá-la, Lena estar pronta para lhe dar outro soco.

E ela o fez. No braço bom, com força suficiente para acalmá-la e impedir que ela abrisse aqueles pontos meticulosos de tanto rir.

— Não ria de mim, sua imbecil!

Kara ergueu a mão, tentando fingir seriedade. Era a coisa mais difícil que ela fazia naquela noite, logo depois de tentar não agarrá-la e trazê-la para si. Aquela mulher sabotava seu autocontrole e provocava todos os seus sentidos.

— Eu não ousaria. Estou rindo de prazer, e não de você. — Kara massageou o local do golpe, como se para prolongar a sensação do contato entre elas. Seus lábios ainda queimavam com a lembrança dos de Lena, de sua língua brincando com a dela do sabor de sua intoxicação e de engolir seus gemidos de prazer. Seu corpo ainda formigava, desejando-a. Ela queria acabar com aquela discussão para tê-la novamente. — E é por sua causa e de suas surpresas.

Lena fechou os punhos, comprimindo os lábios até formarem uma linha.

— Que tal eu acabar com elas agora, quebrando o seu nariz?

A agressão fez com que o prazer jorrasse dentro de Kara enquanto ela alisava o queixo dolorido.

— Para fazer companhia ao meu queixo? Que bom que eu não disse meu nome quando você estava me cortando com o bisturi.

Os olhos de Lena se comprimiram, enfurecidos.

— Mas agora eu sei, e vou ter de usar o bisturi para fazer o desbridamento da ferida antes de fechá-la. Ou ela infeccionará. E não me diga que você consegue cuidar de si mesma, porque nós sabemos que não consegue. Você não alcança o ferimento. E, da próxima vez, talvez eu não consiga ficar tão... Calma.

Kara fingiu estar chocada

— Você não só usaria suas habilidades contra mim, como também abusaria do seu poder e quebraria o juramento de não machucar ninguém? Você me torturaria com o bisturi? Você zombaria da minha incapacidade e teria prazer com a minha dor? — E, abrindo um sorriso: — Mal posso esperar.

Lena a mediu, desdenhando-a

— Então o masoquismo extremo também está na sua lista de perversões? Faz sentido.

— Não para mim. Ou, pelo menos, não fazia. Mas estou descobrindo que qualquer coisa vinda de você é bem-vinda.

Admitindo que pela primeira vez na vida Kara estivesse experimentando algo fora do seu controle, ela suspirou e procurou o que restara de suas roupas ensanguentadas. E, embora Lena a continuasse fulminando com ódio, ela sentia o desejo incontido dela espalhar-se por seu corpo frio, aquecendo-a de dentro para fora. Kara estremeceu ao ver a frieza do olhar de Lena mirando seus músculos enquanto ela vestia-se novamente.

Sua satisfação aumentou. As reações de Lena não só alternaram entre o prazeroso e o brutalmente honesto, como também sobrepujavam as dela. A mente de Lena podia estar ordenando que ela cortasse Kara ao meio, mas todo o resto do ser dela clamava por ela. E claro isso a estava deixando ainda mais louca.

Quando estava terminando de se vestir, ocorreu-lhe tentar ligar o aquecedor. Ele ainda estava funcionando.

Virou-se para Lena com um sorriso, ao qual ela retribuiu com um olhar de reprovação.

— Agora você liga o aquecedor. Queria ver o quanto aguentaria antes de sucumbir à hipotermia? Ou achou que eu iria lhe oferecer o melhor remédio para isso?

— Aquecimento corpo a corpo. — Kara quase estremeceu ao imaginar a sensualidade inebriante daquele ato. — E agora você me deixou preocupada. Devo admitir que eu, fui negligente por não pensar nisso, ou que sou uma comandante tão ineficiente que não me lembrei do aquecedor de bordo. Vou ganhar um desconto se disser que o motivo da falha foi minha preocupação com você?

— Não. Eu tenho outra explicação. Você não pensou nisso porque tem o sangue-frio como todos de sua espécie. Cobras.

Kara deixou escapar uma risada, causando mais dores.

— Ah, nunca fui tão insultada em minha vida.

Como provocar uma princesa Onde histórias criam vida. Descubra agora