Não que ela já tivesse posto Kara e casamento juntos no mesmo pensamento...
Lena a observava trançar algumas folhas de palmeira e formar um engenhoso cesto para as frutas. Então disse:
— Sabe, vim para cá pensando que todos da Casa de El eram pervertidos mimados. Inúteis ao extremo, que ficassem perdidos sem seus guardas ou suas bugigangas, que, tudo que lhes restava era uma riqueza imerecida e um status herdado.
Aquelas ágeis mãos se interromperam, e seus olhos se tornaram contemplativos e sóbrios. Então Kara inalou.
— E o que você pensava de mim, especificamente?
Lena lhe devia a verdade, não importando quão feia ela fosse. Sentindo a vergonha corar suas faces, ela confessou:
— Quando ouvi pela primeira vez as histórias de seu valor e de suas vitórias? Achei que você era a mais arrogante do bando, brincando de ser heroína, levando o crédito pelas conquistas dos verdadeiros heróis anônimos, ou, no mínimo, usando a vida dos seus homens como rede de segurança e seus infindáveis recursos para fazer o papel de princesa guardiã do reino da Casa de El. Achei que você revelaria quem realmente era quando fosse despida de seus recursos.
Kara pôs uma das mãos sobre o peito.
— Ai. E agora você acha tudo isso e mais algumas outras coisas?
Lena lançou-lhe um olhar de reprovação.
— Você sabe o que penso agora.
— Conte-me.
O jeito que Kara disse aquilo, a maneira como ela a encarava. Como se não pudesse viver sem aquele conhecimento vital.
— Você sabe o que você é. Possui um reino inteiro que venera a sujeira debaixo dos seus pés.
Kara sentou-se lentamente.
— Reverência não importa para mim. Nunca faço nada visando ao agradecimento ou à admiração de alguém. Também não espero nada.
Ela contraiu os lábios.
— Que pena. Você vai ter de manter o queixo erguido e receber o carregamento de veneração como a princesa que você é. A julgar pela maneira como as habitantes do oásis a tratam você é muito mais do que isso. E é apenas você, e não sua família real inteira. Você fez muito por eles.
— Só faço o que estou em posição de fazer. Não mereço crédito ou gratidão por fazer meu trabalho, mas teria recebido desrespeito e descrédito se não o tivesse feito.
Bem, desfrute do seu sucesso — Lena provocou.
— E aguentar o enjoo causado por toda essa bajulação? Você ao menos acredita que eu nunca esperei ou quis nada disso?
— Oh, sim. Eu vi você sorrindo quando contaram histórias de bravuras suas na noite passada. Com certeza não liga para a adulação dos outros.
— Eu não disse isso.
O coração dela parecia que iria explodir.
— Você não anseia... Pela minha atenção?
Kara negou veementemente.
— Eu anseio por sua aceitação, sua aprovação.
— Ah... Você esteve presente nas duas últimas semanas, já sabe.
Kara ficou de joelhos e a encarou:
— Preciso ouvir de você, meu bem, suas inconfundíveis palavras. O que você pensa de mim é a única validade que eu sempre quis.
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Como provocar uma princesa
FanfictionA princesa Kara Zor-El resgatou Lena Luthor, então refém da tribo rival de sua família, carregando-a em seus braços fortes. Porém, logo descobriu que havia muito mais do que imaginava por trás daquela beleza selvagem. Lena guardava uma importante in...