Tinha mais alguma coisa que a impediu, além da exaustão causada por aquela situação, foi saber que Lena resistiria. A expressão espontânea de emoções era algo que Kara teria de lutar para conquistar. Por fim, disse:
— Parece que você entende a gravidade das informações que possui e o que vai acontecer se elas caírem em mãos erradas. Já decidiu o que fazer com elas?
Lena encolheu os ombros.
— Se sair viva daqui, você quer dizer? Vou primeiramente confirmar os fatos. E depois pensarei bastante sobre como usa-los. — Lena fitou-a, taciturna. — Posso anunciá-los ao mundo, abrindo o caminho para que Krypton finalmente se transforme em uma democracia.
Kara levantou ambas as sobrancelhas, respondendo à impertinência dela com sarcasmo.
— Como uma das supostas democracias da região? É essa a epítome da paz e da prosperidade, em sua opinião? Você deseja salvar Krypton de sua atual riqueza e estabilidade, das mãos da família que a vem governando de maneira sábia e justa por quinhentos anos, colocando-a nas garras de novatos senhores das guerras? E não só Krypton. Você tem ideia do que o surgimento de tal "democracia" entre as outras monarquias causaria? As repercussões intermináveis que seriam transmitidas por toda a região? — Kara esperou até obter evidências de que seus motivos estavam sendo absorvidos, na percepção sombria em seus olhos, no tremor de seus lábios. E então continuou: — Mesmo que fôssemos depostos amanhã, e isso não mergulhasse a região no caos, isso não ajudaria seu irmão. Ou você se sentiria satisfeita em ver os agressores dele punidos, mesmo com ele ainda pagando sua pena na cadeia?
— Eu não sei ok? — ela choramingou seus olhos mostrando confusão e antipatia. — Eu já falei, não tive tempo de pensar. E não teria sentido começar agora. Estou no meio do nada, onde eu não posso ajudar ou prejudicar ninguém. Faça essa mesma pergunta se eu conseguir escapar daqui em condições de tomar algum partido.
Antes que Kara pudesse afirmar que faria qualquer coisa para protegê-la, Lena contorceu-se, quase dobrando o corpo.
O coração de Kara se comprimiu, imitando o espasmo dela.
Antes que Kara pudesse se mover, Lena se ajoelhou e jogou o corpo para trás, e uma bola de pânico irrompeu em suas entranhas.
Kara acreditara que Lena estava bem. E se ela tivesse deixada passar algum ferimento?
Kara a socorreu, não se importando com a dor que o ferimento lhe causava. Ela ergueu o rosto de Lena, examinando suas expressões agonizantes.
Foi só quando ela tentou escapar das mãos dela que Kara gritou:
— Lena, pare de ser tão teimosa. Você está ferida?
— Não. — Kara firmou as mãos que apoiavam o ombro e a cabeça dela, exigindo uma confissão. Ela cedeu, gemendo. — Foram aqueles socos. Acho que eu estava muito ocupada para pensar no que o meu corpo estava sentindo. Mas, de repente, ele... Dói a cada respiração. Sabe como se estivesse terrivelmente dolorida depois de muitas flexões. — Lena então bufou e gemeu conforme esticava o abdome de Kara — O que eu estou falando? Flexões tão devem ser nada para um tanquinho como o seu.
Lena estava distraindo-a. Embora não devesse nada a Kara a não ser hostilidade, e mesmo que não estivesse percebendo a sinceridade na preocupação dela, ela estava tentando desarmá-la
Antes de Kara beijá-la, forçando-a a honrar sua promessa anterior, disse:
— Lena, eu vou ter de tirar as suas roupas...
— Oh, não vai, não! — ela guinchou.
— Então tire você mesma. Daí você vai se deitar. Você precisa alongar esses músculos, ou então eles vão piorar. Vou massageá-los com uma pomada anti-inflamatória.
Ela permaneceu imóvel por instante antes de ceder, meneando a cabeça e abrindo seu casaco.
Kara seguiu aquelas hábil mãos conforme elas despiam as camadas de roupas. E, quando percebeu que ela usava um corselete por baixo da camiseta masculina, Kara sentiu o sangue abandonar sua cabeça, sendo bombeado apenas para a virilha. Ela já tivera problemas suficientes quando achava que ela era um mero rapaz.
Lena expôs a barriga e encarou-a envergonhada. Ela ficou tensa novamente quando Kara começou a virá-la, sussurrando:
— Deixe-me cuidar de você, não resista.
Ela deixou escapar um arquejo enquanto kara manipulava seu corpo no colo dela
— Resistir é inútil, não?
Kara sorriu enquanto abria o tubo de pomada.
— Oh, sim. Você não está em condições. Pode resistir a mim o quanto quiser quando não estiver mais sofrendo.
Lena murmurou algo, um misto de sussurro de consentimento e de dor/prazer quando ela começou a examiná-la cuidadosamente, espalhando sobre a pele dolorida a pomada que ela antes aquecera com as mãos.
— Só de pensar que eles tocaram em você me faz pensar em assassinato.
A intensidade de Kara á inquietou e seus olhos a contemplaram.
— Quer dizer que você não faz isso automaticamente?
Kara lançou-lhe um olhar reprovador.
— Assassinato não está nem no mesmo sistema solar que a manipulação e a prisão de inocentes. Não acha que está levando sua inimizade longe demais?
— Eu não sei. Talvez você ache que matar alguém seja uma punição adequada para o abuso de poder, como um exemplo extremo para os outros. Quanto à minha inimizade, deixe-me jogar um de seus irmãos na cadeia por cinco anos e arruinar o futuro e a psique dele, e então discutiremos o exagero das minhas crenças e reações.
Kara parou os movimentos massageadores quando ela começou a tremer. Ela poderia estar ficando com frio ou... Excitada. Kara estava as duas coisas. E, embora tudo o que quisesse fosse arrancar suas roupas e as dela e acabar com a fonte dos tormentos de Lena, ela sabia que aquilo precisava permanecer uma fantasia por enquanto.
Kara manteve as mãos pressionadas gentilmente contra a pele dela por mais alguns instantes, seu olhar emaranhado com o dela.
Então Kara as removeu, ajudando-a a se levantar. Ela; recusou a ajuda e arrumou as roupas. Então, com os olhos ainda brigando com os dela, ela sentou-se no lugar mais afastado da cabine, contra a porta.
Kara pensou que poderia adiar isso para quando ela estivesse mais calma, quando tivesse decidido como prosseguir. Mas o distanciamento de Lena fez algo estalar dentro dela
Kara precisava resolver isso. Agora.
Kara se aproximou, mostrando que não aceitaria mais ser rejeitada e categorizada como vilã
— Vamos esclarecer uma coisa, Lena. Eu não participei do que aconteceu com o seu irmão. Então, não tenho mais nada a dizer sobre isso. Muito menos que me desculpar. — Ela ficou satisfeito ao perceber a justiça surgir no olhar de Lena— Então, até que eu esteja em posição de descobrir mais sobre isso, não vou deixar que você, toque neste assunto. A questão do seu irmão está encerrada, por hora. — Kara manteve o olhar nela até que ela bufou, concordando. Kara meneou a cabeça, selando o pacto. E então disse: — Agora, existe apenas um assunto com o qual devemos nos preocupar. Nossa sobrevivência.
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Como provocar uma princesa
Fiksi PenggemarA princesa Kara Zor-El resgatou Lena Luthor, então refém da tribo rival de sua família, carregando-a em seus braços fortes. Porém, logo descobriu que havia muito mais do que imaginava por trás daquela beleza selvagem. Lena guardava uma importante in...