Capítulo 25

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Conforme a noite se aprofundou, o ambiente singular do oásis deu lugar ao frio do deserto. Mesmo se ficasse tão congelante quanto ficara durante a jornada, Kara não sentiria nada. Ela estava queimando, de dentro para fora.

Lena finalmente adormeceu. Kara saiu para tomar um pouco de ar.

Mas não encontrou nenhum na vastidão ao redor dela

Ela parou na extremidade do jardim da cabana, encarando as estrelas prematuramente claras e cintilantes. O calor dentro de si preenchia seus olhos com uma mistura de frustração e desânimo. Como vira nos olhos de Lena. Aquilo a ferira como uma facada.

E o que mais doía era o fato de não poder afastar aqueles sentimentos. Kara não podia prometer-lhe algo que não tinha certeza de que poderia cumprir. Promessas a encheriam de esperança. Aquilo era ainda mais agonizante do que a resignação, e, se por qualquer motivo, Kara falhasse em mantê-las, o desespero seria ainda mais devastador.

Ela faria o que precisasse para garantir a felicidade de Lena. Mas, até lá, precisava ficar em silêncio, precisava sofrer com ela. E amá-la com todo o seu ser.

Kara rezou apenas para que Lena não precisasse escolher entre ela e o irmão.

Kara não poderia perdê-la. Não sobreviveria.

Lena acordou, a ferocidade e a satisfação da última possessão de Kara fervilhando ainda em seu sangue, em seus ossos.

Ela se espreguiçou, gemendo pelo frisson delicioso das dores em seu corpo. Kara manteve a promessa de levá-la à loucura e além. Ela achava agora que a sanidade, assim como a alma que sentia que Kara lhe roubara, era um adorno altamente superestimado e sem importância.

Kara não estava ali, mas chegaria a qualquer momento.

Lena levantou-se, rejuvenescida. Ela ouviu o barulho dos cascos de Reeh ao fundo da cabana.

Correu, então, para a porta. No instante em que pisou lá fora, encarando o crepúsculo no céu de que agora tanto precisava, um meteoro piscou e desapareceu, como se nunca tivesse existido.

Como o tempo que elas haviam passado juntas.

Mas elas não se comportavam como se esse tempo fosse acabar. Elas fingiam que seria para sempre.

Kara contornou a cabana, aproximando-se dela com aquele sorriso pelo qual valia a pena viver. Lena correu até ela e montou em Reeh, recostando-se naquele corpo quente

Depois de um instante trotando despreocupadamente em sua excursão diária ao alain, Lena suspirou, aconchegando-se naquele calor protetor.

— Cheguei a uma conclusão — ela anunciou. Kara beijou o topo da cabeça dela e a abraçou com mais força, esperando pela revelação. — Ser sequestrada foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Kara riu.

— Que coincidência, isso também foi a melhor coisa que já me aconteceu.

— Você acha que algum dia eu vou poder cavalgar em um cavalo só meu?

— Tenho problemas em vê-la em situações de perigo.

— Que perigo? Os cavalos daqui, assim como todos os habitantes, são maravilhosamente compreensivos com estrangeiros inaptos.

— Então eu tenho um problema em manter você nos meus braços o quanto eu puder... — Kara parou, murmurou, e continuou: — Tê-la em meus braços em qualquer oportunidade.

Ela sabia que Kara deveria estar se punindo por ter falado daquela forma, por sugerir que o tempo delas, juntas estava chegando ao fim.

Lena desviou do assunto, levando seus lábios formigantes pelo entorpecimento do medo ao pescoço de Kara

— Uma causa nobre.

— Precisamente. Eu fiquei viciada em abraçá-la dessa forma desde que chegamos ao oásis.

— Buttuli. — Ela jogou a cabeça pra trás e sorriu para os olhos de Kara, mas encontrou um vazio ali.

A ternura então surgiu, fazendo-a se perguntar se havia mesmo visto a tristeza. Mas havia. E Lena não iria tocar nesse assunto.

Por que se preocupar com o futuro e macular a pureza da felicidade compartilhada no presente?

Lena esfregou a barriga de Kara. Agora que ela não usava mais bandagens, apenas uma das vestimentas locais cobrindo o machucado que se curava rapidamente, ela se fartava no nirvana sensorial de tocar naquela perfeição escultural, sempre que possível. O que era quase sempre.

— Kara...

— Sim, Lena, diga meu nome assim, como se você não pudesse mais respirar se eu não estiver dentro de você. Como eu logo estarei.

A excitação de pensar em Kara honrando suas intenções, ali, era paralisante. E não só porque aquela era uma fantasia que ela achara que jamais seria realizada. Elas estavam em um lugar aberto, com o povo do oásis distante.

Lena achou que estava apenas a estimulando, que ela esperaria até que chegassem ao alain, onde já haviam compartilhado mais de um encontro explosivo, mas daí Kara a levantou, erguendo seu volumoso vestido e deixando-o flutuar sobre seu colo.

Então, enquanto uma das mãos segurava as rédeas, a outra deslizou por entre as dobras do decote procurando seus seios. O fogo penetrou em seu ser conforme aqueles dedos manipulavam seus mamilos. As chamas a consumiram quando Kara afundou os dentes em sua nuca, como um leão segurando sua fêmea.

Lena inclinou o corpo para trás, suas pernas já abertas separando-se ainda mais, sua calcinha ficando encharcada.

— Você sabe o que acontece quando eu sinto a sua excitação? — Kara murmurou no ouvido de Lena, enquanto sua mão deslizava para dentro de sua calcinha, apertando-há gentilmente por um instante, tornando o ritmo da palpitação ali ainda mais frenético. — Quero senti-la novamente, mas vou ter de me contentar em sentir seu calor e sua pele sedosa derretendo-se por mim. Mostre-me o quanto você deseja o meu toque, meu bem.

Sem se preocupar se alguém poderia vê-las, ela abriu ainda mais as pernas, dando acesso total a Kara

— Estou sempre fora de mim desejando você. Toque-me, faça o que quiser comigo.

Seu dedo acariciou os lábios úmidos do sexo de Lena, deslizando sua grossura e sua força, abrindo um caminho, alimentando o prazer agonizante dentro dela. Lena se contorceu, gemeu e virou o rosto para ela. Kara enfiou a língua dentro da boca de Lena enquanto substituía o dedo pelo polegar, e penetrava o dedo médio dentro dela. O prazer se intensificou, e ela se abandonou aos cuidados de Kara. Ela afagou sua intimidade até que o clímax que construíra a devastar.

— Fazer você enlouquecer de prazer é a coisa mais maravilhosa que eu já experimentei — Kara murmurou enquanto seus dedos a acariciavam, até que ela a acalmou e mudou de direção e ritmo, levando-a á loucura novamente.

Quando ela começou a implorar, Lena a sentiu libertar-se, seu membro rijo batendo contra suas nádegas. Kara sussurrou no ouvido dela:

— Levante-se usando os músculos das coxas, como eu ensinei a trotar.

Kara realmente ia possuí-la ali. Aquela ideia quase a levou a outro clímax.

Lena se levantou, e Kara se posicionou.

— Sente-se sobre mim — Kara disse, quando os músculos de Lena começaram a ceder.

E ela o fez.

Kara forjou um caminho por dentro dela como uma lança ardente. Lena achou que já estava acostumada ao tamanho e a espessura de Kara, mas cada vez parecia ser a primeira.

Agora a pressão chegara a um ápice de dor e dominação que redefinia todos os seus conceitos de intimidade física e prazer. Lena estava viciada naquela plenitude impossível, na sensação de ocupação total, em ter uma parte vital de Kara tão inexoravelmente dentro dela, e em extrair o prazer das profundezas das duas, como Kara insistia que ela nem sonhava que existiam.

Como provocar uma princesa Onde histórias criam vida. Descubra agora