Capítulo 21

684 132 13
                                    

Ela suspirou, engolindo o resto. Mergulhando ainda mais em contentamento, ela se virou para ajustar as almofadas. Kara pulou para fazê-la ela mesmo.

— Quando você vai acreditar que não precisa ficar fazendo as coisas para mim? Que eu nunca estive tão bem? Nenhum médico teria feito um trabalho melhor.

— Eu sei minha gota de orvalho invencível, mas você seria tão cruel a ponto de me privar de mimá-la?

O que uma mulher poderia responder àquilo?

Nada além de suspiros ininteligíveis, evidentemente. Foi tudo o que ela fez enquanto o ancião do oásis se levantava para dizer umas palavras de boas-vindas antes de os garçons trazerem grandes bandejas e dezenas de pratos servirem o jantar.

Mais suspiros acompanharam a fantástica refeição. A comida do oásis era a melhor que ela já provara.

Kara a alimentou, cortando os variados tipos de carnes e lhe dizendo os nomes e as receitas dos pães assados e grelhados e dos vegetais ao vapor. Kara a apresentou ao vinho de frutas, que ela proclamou que deveria substituir o néctar como a bebida dos deuses.

Mas era o logmet al madee que era realmente de outro mundo. As esferas douradas de massa fritas, crocantes por fora e macias por dentro e mergulhadas em um espesso molho eram tão boas que deveria haver e provavelmente havia uma penalidade contra elas.

Após o jantar, elas dançaram novamente, e Lena cumprimentou centenas de pessoas, agradecendo-lhes pela melhor noite da vida dela. Caminhando de volta para a cabana, ela decidiu algo.

Tudo no lugar era pura magia.

Mas Lena sabia que essa não era uma avaliação precisa, se ela estivesse com outra pessoa, não teria apreciado nem uma fração de tudo aquilo. Ela já estivera de férias em locais idílicos, mas nunca aproveitara nenhuma delas depois que seus pais morreram, e acabou parando de tentar voltar anos atrás... A...

— No que você está pensando, meu bem?

— Estava pensando em meus pais.

Os olhos de Kara se abrandaram.

— Você me contou que eles morreram. Não quis insistir no assunto. Não era uma boa ideia falar da morte de pessoas queridas na situação em que a gente estava.

— Mas você quer saber agora.

— Só se não for doloroso falar sobre isso.

— Não, não. Adoraria falar sobre eles. Odeio o fato de as pessoas evitarem falar sobre eles, como se isso fosse me lembrar de apenas da perda. Como se eu precisasse ser lembrada disso... Na verdade, não falar sobre isso me faz sentir ainda mais a falta deles.

— As pessoas podem se equivocar com suas boas intenções. — Kara limpou a garganta e sorriu. — O que eu acho surpreendente é você nunca deixar isso claro para elas.

— Oh, mas eu deixo.

Kara riu antes de a seriedade dominar suas expressões.

— A morte deles é recente?

— Parece que foi ontem. E há muitas vidas.

— Entendo o que você quer dizer.

— Você já perdeu entes queridos, também?

Kara balançou a cabeça.

— Quis dizer que entendo você. É tão vivido que parece algo perpetuamente novo, tão poderoso que parece que você esteve junto a mim á vida toda, como parte do meu ser. — O que ela poderia dizer sobre algo tão... Incrível? E, o pior, aquilo soara espontâneo e sincero. Que bom que Kara não permitiu que Lena fizesse um comentário, e continuou: — Mas não tenho uma experiência semelhante. Minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, então eu quase não me lembro dela. Então me diga meu bem, me conte sobre seus entes queridos.

Como provocar uma princesa Onde histórias criam vida. Descubra agora