Capítulo 1 - Lobo de rinha

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Na noite do incêndio...

A agitação tomou mais volume quando um dos dois garotos foi ao chão. Os punhos erguidos, escondendo as palmas ásperas, seguravam bolos de notas rumo aos céus enquanto os gritos rumavam seus ouvidos atentos. Era o que ele observava, depois de se levantar e limpar as roupas, e foi quando a poeira de areia fina alcançou seus olhos.

Ele se abaixou, espalmou ambas as mãos no chão e teve que piscar algumas vezes para evitar arranhar as retinas. Ignorou, de qualquer forma, o ardor para respirar fundo. Precisava se concentrar.

Fechou a barreira inconstante dos olhos, inspirou e expirou mais algumas vezes, inflando bem os pulmões. Os dedos se infiltraram no chão de terra, abrindo espaço a ponto de sentir as pontinhas doerem. Quando ouviu o mínimo ruído fluido da água se aproximando, abriu as orbes que brilharam em roxo ao mesmo tempo em que a barreira de terra se ergueu às suas costas.

A força da torrente abriu um buraco em sua defesa, mas apenas para o vazamento mínimo molhar sua camisa branca, amassada e entreaberta pelos seus movimentos.

— Vamos acabar com isso logo, lobo de rinha! Se apresse, eu não tenho a madrugada inteira! — O ômega riu alto, chamou a onda de risos alheios para junto do seu.

— Yoongi! — Taehyun chamou, recolhendo mais um bolo de notas dentro do boné sujo.

Yoongi olhou em sua direção para ver quando aquele mais novo gesticulou com dois dedos, pedindo para que se apressasse.

— Okay, então. — Murmurou, mais para si mesmo do que para qualquer outro ali presente. — Chega de brincar.

Diante a demora, o Ômega urrou impaciente pouco antes de lançar dezenas de fragmentos de gelo, finos e cortantes, em direção ao seu oponente.

— Você é um dos letrados¹, é?— Disse a fala ensaiada que repetia em todas as vezes.

Yoongi usou os braços como barreira, a pele rasgando assim que os fragmentos alcançaram. Ele pensou em repreender, em gritar a plenos pulmões para que "pegasse leve", mas não tinha tempo para isso. Tinha uma plateia para ser entretida.

Então apenas decidiu que também não pegaria leve.

Ele bateu o pé no chão, e quando a poeira se levantou, o movimento de ambas as mãos a fez voar em direção ao outro. Enquanto isso, usou o outro pé para desenhar a linha irregular na terra, a partir da qual se ergueram os espinhos pontudos, um a um, apontando para o céu noturno.

O Beta oponente procurava evitar a nuvem de poeira, mas os espinhos o desequilibraram, levando em uma de suas pontas a marca de sangue que arrancou ao arranhar uma das pernas. Foi distração o suficiente para Yoongi acertar o primeiro soco de uma sequência.

Era o auge. O ponto alto de todo o espetáculo. E os gritos animados garantiam o sucesso de mais uma refeição ganha.

Porém...

— Chega de show! — O grito alto veio de longe, do meio da multidão que abriu espaço para os passos pesados.

Yeonjun segurou o punho de Yoongi agarrado em sua camisa, se aproveitando da distração geral para piscar algumas vezes e tentar retomar a estabilidade do olhar, porque tudo girava depois do último soco que recebeu na bochecha.

Pega leve, caralho! — Gritou contido para que o amigo ouvisse.

— Você não pegou leve. — Yoongi o repreendeu. — Está tudo bem? — Mas estava ali o tom preocupado em sua voz, os olhos atentos ao estrago que ele acabara de fazer no amigo.

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora