Capítulo 20 - Sobre a sua honestidade

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As mãos firmes eram tão contraditórias à personalidade incomum. Eram brutas, afundavam a ponta dos dedos a ponto de sentir as unhas curtas marcarem a carne de seus quadris. Mas diminuíam a intensidade do aperto para acarinhar ali com os polegares, resvalando a pele sensível e maltratada como se pedissem perdão pela brusquidão. 

Ele lutava para manter os olhos abertos, apesar de ser quase impossível não revirá-los a cada solavanco que o movia de encontro à lona da barraca, queimando suas costas contra o colchão de ar revestido de corina. 

O travesseiro - uma fronha cheia de roupas velhas - cuidadosamente posicionado às suas costas, já não funcionava mais como amortecedor. Não quando as estocadas duras eram intercaladas às mais lentas e fundas, o arrancando arfares exasperados e o fazendo pedir por mais, apenas para ter a negativa risonha do maldito homem que repetia o quanto adorava vê-lo daquela forma em todas as vezes em que estava prestes a atingir seu máximo.

Era tortura, assim definiria, mas estava longe de reclamar. Era bom o quanto durava, e o fazia pensar que - talvez - pudessem ser tão bons em fazer durar o que tinham fora da intimidade conferida pelas quatro paredes, também. 

Afinal, Yoongi nunca tinha "funcionado" com alguém por tanto tempo, como "funcionava" junto de Namjoon há tantos anos. Era quase fácil, lidar com todas as facetas do cotidiano ao lado do homem que em nada correspondeu à imagem criada por suas expectativas no início, mas provou ter seus próprios princípios ao fim.

Mas apenas isso: apenas "quase". E o "quase" o assustava como o inferno. 

Não que não visse verdade em Namjoon. Ele via, mas sentia estar deixando passar algo importante em todas as vezes que acordava assustado com os gritos dele durante as madrugadas, e não tinha nada além do abraço apertado correspondido, ou do pedido manso para que dormissem mais próximos.

Yoongi se sentia frustrado, as vezes, quando o via agir da mesma forma distante com todos os outros que não o próprio Yoongi ou Seokjin. Sentia que-

— Ei... — O sussurro baixinho o fez erguer os olhos, antes mesmo de os dedos alcançarem seu queixo para fazê-lo. — Está tudo bem? Quer que eu pare? Parece incomodado. 

Ele mordeu os lábios enquanto sorria. Moveu os quadris para ver os lábios alheios se partirem, os olhos se fecharem e sentir o ar quente rebater em seu rosto, arrastado pelo arfar que o fez arrepiar por inteiro. 

— Não seja covarde, Namu... — Choramingou, escondendo o rosto junto ao peito despido, agitado e molhado em suor. — Estou tão perto... Por favor... — Deixou um beijo ali, mas teve os cabelos puxados e o pescoço exposto por consequência. 

Conteve o gemido breve, sorriu mais e finalmente deixou as pálpebras pesarem quando os lábios umedecidos tomaram a pele sensível para fazê-lo se mover mais, agoniado pela vagareza que começava a se tornar incômoda. 

— Namjoon... — Tinha lágrimas acumuladas no cantinho dos olhos, e elas escorreram quando o sentiu pressionar o lugar certo. — Namjoon!

— Aqui. — Ouviu o risinho adorável rente à sua orelha e assentiu. — Achei de novo. 

Então, apenas assim as estocadas tomaram um ritmo diferente, miradas no mesmo lugar que fazia Yoongi se contorcer a cada vez que o corpo grande o sacudia. Teve que agarrar com força as cobertas espalhadas quando sentiu os olhos arderem, quando o ar se tornou denso em seus pulmões, e teve que relembrar sobre manter o controle. 

Namjoon notou, e o pediu para abri-los outra vez quando beijou cada uma das pálpebras fechadas com força. Yoongi não negou, abriu os orbes para ver o âmbar refletido atrás do brilho prata dos olhos nublados - sempre nublados...

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora