Capítulo 23 - Infância e Juventude

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A serenidade nunca foi algo próximo do que qualquer um pudesse pensar, quando olhavam de perto para sua personalidade.

Isso porque, definitivamente, Jeon Jungkook era um falso ômega. Um falso ômega em todos os aspectos que se listavam o básico da classificação, desde o caráter duvidoso, até às decisões impulsivas.

Um exemplo bom, é quando teve a coragem necessária para se levantar em meio à classe para erguer alto a mão aberta quando foram questionados sobre quem abria a boca para apontar o culpado pela janela quebrada na torre alta do colégio tão rigoroso, em troca de recuperar os intervalos perdidos como repreensão. Ele se arrependeu logo depois, quando descobriu que o culpado arcaria com as consequências sozinho. Mas o fez, mesmo assim.

Ele ergueu a mão, corajosa e impulsivamente, como faria um Alpha julgado digno de respeito, uma vez manifestada lealdade para com a instituição. Sim, porque apenas Alphas seriam leais o bastante, é claro...

Jungkook o fez mas, logo depois, os dedos abertos com tanta decisão tremularam minimamente antes de se fecharem, tal como o braço que se abaixou até estar junto do próprio dorso outra vez. Então, como um Beta digno de reconhecimento, uma vez tomado como responsável por seus próprios atos errôneos de forma tão benevolente, apontou para o próprio peito. Porque, de fato, apenas Betas poderiam ser tão altruístas.

Findou a cena que fez uma porção de queixos caírem quando foi taxado pelos colegas - em seu silêncio julgador diante os mais velhos que eram as figuras de respeito do colégio - como um ômega nato, barato e ridículo a ponto de contorcer a careta em seus rostos. Porque ômegas são ótimos em convencer a todos os outros de suas mentiras, e foi isso o que Jungkook fez tão bem.

Ao fim, para os líderes da instituição - os quais o observava ali para repreender de forma tão atenta, mas que nunca se interessaram em saber sua real classe -, Jungkook era como um Beta perfeito, e como um Alpha digno de aplausos. Talvez tenham sido esses os critérios usados para que chegassem à conclusão de que ele não deveria arcar com consequência alguma.

As brincadeiras que terminaram no acidente, então, seriam perdoadas e eles teriam de volta o intervalo por seu ato tão empático, e por sua coragem em se entregar.

"Quão nobre!", Jungkook quase os podia ouvir pensar. E ele chegou a se orgulhar disso, apesar dos olhares tortos dos amigos, que queimavam suas costas. Mas o orgulho durou pouco.

- Fui eu, na verdade. - A voz grave soou de trás da multidão, que se dissipou em pouco tempo para dar espaço ao porte alto e de postura ereta em seus passos, pouco confiantes mas muito bem disfarçados.

- De quem é a verdade, afinal? - Perguntou um dos líderes, com os olhos indecisos entre um e outro.

- Eu joguei a bola. - Aquele que tomou frente se entregou. - Ele só estava passando na hora errada, tentou agarrá-la, mas não conseguiu fazê-lo.

A verdade posta extraiu mais uma porção de negativas dos que, após o perdão a Jungkook, o passaram a admirar de forma tão rápida que pareceu mecânica. Agora, a vítima dos olhares desaprovadores era o garoto bem mais alto do que ele mesmo se via, e que escondia os braços atrás das costas com a cabeça erguida, pronto para a sentença.

- Tinha mesmo que ser você, não é, Taehyung? - O líder voltou a vociferar, aparentemente mais irritado do que antes. - De onde tirou essa ideia, hmm? Sabe que não conta em suas habilidades força ou destreza para um jogo como esse. - Jungkook se surpreendeu com o sorriso desafiador que viu ao erguer a cabeça o bastante para enxergar o rosto enrugado, escondido nos lábios daquele senhor alto de cabelos pretos e envolto em seu uniforme respeitável.

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora