Capítulo 3 - Vila de covardes

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Dedicado à roxo_prata. Por me fazer entender que não é "covardia" sentir medo. Sentir medo é um jeitinho diferente de eu me lembrar que estou viva.

🍂

- Você só pode estar confuso das ideias. - Beomgyu reclamou pelo que contou ser a quinta vez, mas não teve reação alguma como resposta. - Cara! Eu estou falando com você! - Praticamente gritou, e todos na rua olharam em sua direção.

Ele se curvou uma porção de vezes, em pedidos de desculpas por interromper o silêncio fúnebre.

- Dá para manter o silêncio, por favor? - Soobin, carregando o saco pesado nas costas, puxou o amigo pelo braço enquanto sussurrava próximo à sua orelha. - Pelo menos fale mais baixo.

- O que te deu na cabeça? - Beomgyu o empurrou pelo ombro. - Por qual bom motivo decidimos escutar o que a porra de outro Alfa disse?

- Olhe em volta. - Soobin gesticulou. - Por acaso já conheceu de verdade mais algum Alfa além de mim?

- Além de você?

- Além de mim!

- Não! E esse é o exato motivo para eu querer o máximo de distância. Veja só, eu conheci você e olhe onde estou agora! Não confio em mais nenhum dessa laia.

Soobin parou de caminhar. Beomgyu também pausou quando o viu estacionado no meio do movimento da rua estreita.

- O que é agora, Soobin?

- Está reclamando. - Apontou.

Beomgyu bufou. Rolou os olhos, impaciente.

- Não comece.

- "Não comece"? - Soobin riu em uma lufada. - Se arrependeu de ter deixado a mansão?

- Eu não disse isso.

- Não precisa dizer, é o que parece. - Ele assentiu a própria fala, ergueu as sobrancelhas para o amigo. - Se está arrependido, volte Beomgyu. Volte, aponte o dedo para o homem que te aprisionou por anos enquanto praticamente te cultivava como uma plantinha, para ser usado como um forninho de bebês.

- Soobin, não. - Kai se aproximou dos outros dois. Segurou Soobin por um dos ombros.

- É sério. - Soobin negou, porém, o toque do amigo. - Se quer voltar para aquela masmorra que chamava de quarto, vai. Pelo menos tinha suas refeições perfeitamente regradas, cobertas quentes, e um vaso sanitário. - A ironia exalava de cada citação. - Como bônus, os olhos cercados de rugas, prontos para te engolirem, malucos para te tocar o mínimo possível.

Beomgyu rosnou baixinho. Kai se colocou entre os dois:

- Chega. - Pediu.

- Volte rastejando, Ômega. Seu Alfa, senhor de terras, está te esperando para uma boa refeição. Desse você gosta, hmm? Deve mesmo estar com saudade de engolir aquela porra toda.

- Soobin! - Kai gritou. Os olhos estavam cintilando em verde quando uma rajada de vento soprou seus cabelos em um redemoinho. - Chega. - Repetiu, firme.

Soobin olhou para seus olhos, e seus próprios pintaram de roxo para externalizar a raiva. Ele pensou em se impor, mas retornou dois passos. De cabeça baixa, findou a discussão:

- Se está arrependido, fique para trás. Não vai ficar sozinho, tenho certeza. - Ele lançou o olhar ladino para Kai antes de dar a volta por ele e continuar andando.

Yoongi, que assistia tudo em silêncio, também voltou a caminhar.

- E eu pensando que minha relação com os outros dois era problemática. - Comentou, rindo baixinho.

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora