Capítulo 16 - Sobre o que entende por justiça

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Ele tomou o terceiro palito entre os dedos. Depois usou o dedo de unhas sujas para resvalar os vestígios de pólvora. Se abaixando mais um pouco, quase com o rosto colado no chão de terra para sentir o cheiro fraquinho de gasolina que nenhum dos melhores farejadores seria capaz de encontrar, Jongsu sorriu grande para suas conclusões.

- Ainda os chamam de "aberrações"?! - Riu alto. - Eu aceitaria ser uma, de bom grado, se pudesse ter um desses. - Falava sobre o tamanho do carro que deduzia os estar levando. - E veja que sou parte do exército de "Vossa Majestade".

- Para quê usaria um carro? - A mulher brincou, mas recebeu o olhar furioso.

- Ou eu poderia usar uma das motos? Consegue imaginar a cena?

- Você e uma arma de fogo, invadindo uma vila e ameaçando o barista de uma das estalagens para comer de graça... Não mudaria muita coisa, a não ser o meio de transporte.

- Não vamos recapitular acontecimentos desnecessários. - Ele cuspiu no chão. - Eu já me expliquei. Não precisaria usar a força se reconhecessem que, assim como à coroa, eu os sirvo também. Não deveria pagar por minhas refeições.

- Hmm. De qualquer forma, não combinaria com você.

- O último lobo que eu vi guardar uma caminhonete no quintal, teve o gado morto por algum tipo de veneno. É claro, tanto quanto o dia, como desgraças como essa vêm acontecendo aos proprietários... Será que Namjoon não pensa que estão sendo claros ao deixar tamanhas migalhas? Está brincando de João e Maria, imagino.

- Faria sentido, se você estivesse procurando o caminho de volta para casa poderia seguir o que ele anda deixando. - A mulher se abaixou para pegar outro palito de ponta queimada. - Mas duvido muito que ele tenha coragem para dar as costas à capital. Está se revoltando aos arredores, e está sendo descuidado demais... - Olhou para Jongsu, por sobre seu ombro. - Acha que está ficando descuidado?

- Namjoon não comete erros. - Jongsu negou. - Nunca.

- Então os está tentando atrair?

- Atrair para onde? Mesmo seguindo o rastro de destruição que deixam para trás, nunca conseguimos encontrá-los. Para ser honesto, eu apenas acredito que o maldito circo existe porque não duvidaria de Namjoon liderar um bando de palhaços por aí. - Riu outra vez. - Nunca os vi, depois daquele dia. - Deu de ombros. - Mas posso imaginar aquele maldito ômega no meio.

- Fala do experimento? - Ela se levantou, levou o palito até o irmão. - Aquele que impediu que Namjoon o matasse?

- Ele sempre se mete onde não é chamado. Foi assim que o acabou trancafiando naquele laboratório.

- Olha... A mulher e filho dele foram mortos, ele foi procurar justiça. Ele tinha seus motivos para se meter na capital.

- É um idiota. Um tolo. - Jongsu quase urrou. - Mal posso esperar para colocar minhas mãos nele.

A mulher gargalhou.

- Está começando cheirar a ciúmes.

- Eu tenho um reino inteiro para impressionar, Hwasa. Não tenho tempo para coisas como essa.

□○□

Cheirava a poeira. Cheirava a poeira, gado, tempero e doce fervendo.

Felix queria abraçar Changbin, pedir para que o levasse em suas faíscas a cada canto que a luz do sol tocava.

Cada casebre, cada cerca, cada campo, cada árvore onde se penduravam balanços improvisados com pedaços de corda e galhos quebrados. Ele viu brilhar um riacho ao leste, por trás das construções que começaram a ficar mais constantes, de terrenos menos espaçados conforme se aproximavam da torre alta que se erguia à cima de um... Um tanto de terra muito alto?

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora