Capítulo 13 - Durante toda a noite

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Em um primeiro momento, Hyunjin não entendeu direito o motivo para Namjoon mandá-los, ainda no picadeiro enquanto recebiam os aplausos, para recolher as tendas e baixar a lona. Mas bastou olhar em direção a Jisung, para sentir o aperto gélido no coração. 

Ele carregou o menino, junto do "tal Minho", para dentro da tenda onde ele dormia junto a Changbin, e então o deitou antes de cobri-lo em repreensões. Estava desesperado, tanto que mal notou como o rosto se tornou vermelho e a voz tão alta a ponto de assustar Changbin, que era mantido do lado de fora junto a Felix por brincadeira qualquer que viesse à mente de BangChan. 

Quando o mais novo resolveu "exigir passagem", defendendo que sabia bem o significado da palavra com o indicador decididamente erguido ante o nariz, chan entrou para impedir Hyunjin de gritar ainda mais e o enviou até a vila junto de Minho e os dois pequenos, afim de que o caminho o acalmasse os nervos. 

Ao fim de toda a confusão, restava apenas um BangChan preocupado, e um Jisung adormecido devido ao cansaço de todo o dia. 

O mais velho observava, do extremo da tenda a ponto de não saber definir se estaria dentro ou fora do espaço, a feição carregada do garoto. E então encontrou na imagem todo o motivo para o maldito pressentimento que vinha tendo há semanas. 

— BangChan. — Ele ouviu seu nome ser chamado com cuidado, e então o toque gentil ser deixado em seu ombro. — Eu posso vê-lo?

O Bang encarou o olhar preocupado, e apenas quando recebeu o aceno acolhedor notou que estava chorando em silêncio. Se sentiu, mais uma vez, esmagado por toda aquela realidade, quando reparou que, mesmo dele, procurava esconder o que sentia. 

Aprendeu enquanto era mantido em sua cela, em suas roupas sujas de sangue, suor e vomito, que chorar não adiantava um passo para a liberdade, e se era disso que estavam à procura, então não devia perder seu tempo com lamentos. Mas tudo mudava quando era Jisung ali, deitado enquanto a feição - mesmo em sono - se contorcia em dor a ponto de choramingar baixinho.  

Era aquela a criança que tomou em seus braços da primeira vez, depois de meses encarcerado, quando viu a luz do sol - tão precariamente - através das aberturas próximas ao teto daquele maldito laboratório. Era aquela criança que vira crescer, e experimentar novos sabores de comida para convencer o irmão mais novo a fazer o mesmo, e cuidar do que sequer deveria ser sua responsabilidade, e sorrir diante os treinos cansativos para encorajá-los a continuar e a trabalhar sem se importar com o fato de que alguém da sua idade não deveria estar ali e...

Ele apresentou as estrelas a Jisung, porque o mais novo não se lembrava de vê-las antes a não ser que fossem as fosforescentes que - dizia - costumava ter presas à parede de seu quarto na casa onde nasceu. Ele se deitou com ele, para protegê-lo em seus braços, quando o ouviu acordar gritando de um pesadelo real demais para não ser uma lembrança. Ele o tratou quando foi tomado pelo resfriado que se arrastava pela costa, nas vilas portuárias do leste, quando passaram por lá. 

Aos seus vinte e dois anos, BangChan se sentia responsável por Jisung. 

Aquilo não era um resfriado... Ele não podia tratá-lo, e a julgar pela urgência de Namjoon em voltar para casa, seu líder também não sabia o que fazer. Aquilo reduzia o músculo guardado em seu peito, o agitava a ponto de senti-lo preso na garganta. 

Ele sabia. De alguma forma, ele sabia que iria acontecer. Então como pôde deixar que acontecesse?

— BangChan. — Agora, com menos cuidado, seu nome foi dito por outra pessoa. 

Ele viu de perto o olhar frio, daquele que Namjoon decidiu carregar junto deles por motivos que sequer entendia ao certo. Sentiu o toque gélido de seus dedos sobre seu ombro, e focou a visão em suas orbes para recuperar o equilíbrio que o faltava. 

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora