Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)

Capítulo 7 - Um dragão e cinco estrelas

- Eu não acho que seja uma boa ideia, para qualquer pessoa sã, começar isso à essa hora da noite.

Assustado pela voz que vinha da mata, Jimin se desequilibrou mais uma vez. A estrutura cristalina - de pura água - que abraçava a sola de seu pé, se desfez e ele foi de encontro às águas frias do rio.

Jungkook riu sem som. Se sentou na beira e mergulhou os pés na água corrente.

- Você é um idiota. - O dorso de Jimin emergiu da água.

Os braços estavam cruzados sobre o peito e o bico emburrado puxava os lábios cheinhos, da forma que fez Jungkook franzir o nariz em meio ao sorriso que aumentou de tamanho.

- E você, é "um" o quê? - O questionamento fez o loiro negar com um gesto. - Está frio. - O sorriso sumiu da feição do outro. - Vai acabar ficando doente.

- Os outros ainda não chegaram.

Jimin pegou um pouco da água gélida com as mãos juntas. Molhou os cabelos e os penteou para trás com os dedos. Ele viu, de soslaio, quando Jungkook mordeu os lábios diante sua cena, remexendo as pernas - antes abertas - para pressionar os joelhos um contra o outro.

- Hyunjin disse que me ajudaria a descobrir o que estava fazendo de errado. - Ele suspirou. - Continuo caindo, e não quero estragar mais um show.

Jungkook respirou fundo quando a brisa fria soprou seu rosto. Usou as mãos como apoio, atrás da cintura, para inclinar o corpo para trás.

Diante os olhos, que viu brilhar em meio ao rio escuro - que se misturaria fácil ao céu noturno - ele acenou:

- Me mostre.

Jimin conteve o sorriso, mas ele o viu.

Jungkook o viu, e se sentiu orgulhoso por conseguir arrancá-lo.

- Tudo bem. - O aceno positivo veio acompanhado de um suspiro de bochechas infladas, o que apenas o deixava ainda mais adorável à vista de seu único espectador. - Me diga o que vir. - Ele pediu e viu quando Jungkook assentiu, piscando devagar como que para encorajá-lo.

Jimin mergulhou, então, e o tempo que passou embaixo da água não alarmou Jungkook como faria a qualquer outro público. Ele esperou pacientemente, e se sentiu abraçado quando a espera valeu à pena.

O loiro emergiu outra vez, mas não se conteve em ficar mais abaixo da superfície como antes. Oh, não... Jimin a superou. Ele se ergueu, vestido em nada além das calças brancas e largas, concentrado em manter firme a corrente de água que o prendia pelo pé - e tornozelo, por segurança -, ele ergueu a outra perna até que a tivesse rente a seu tronco, ambas as mãos segurando a panturrilha para mantê-la reta, grudada à lateral do rosto. Desenhos bordados surgiram da base de água que o mantinha suspenso, quando ela se afinou até se tornar quase da grossura do galho mais fino da árvore acima da cabeça de Jungkook.

Jungkook. Ele que assistia a tudo envolto pelo silêncio noturno, embalado apenas pelos ruídos da água cristalina - brilhante mesmo na ausência da luz lunar, porque Jimin por si só parecia carregar algum feixe brilhante suficiente para iluminar suas madrugadas sem sono. Não havia nota, ou acorde, ou música alguma, mas mesmo assim ele podia jurar ouvir a voz doce do vento dizendo para que o deixasse cair.

"Deixe-o cair", era o que a brisa cantava, "Deixe-o, porque não haverá outra possibilidade como essa".

Jimin, acompanhando o instrumental que apenas os dois ouviam, girou duas vezes e fez com que sua base girasse também, espalhando gotas cristalinas par enfeitar a vista de quem assistia como estrelas no céu escuro. Soltou a própria perna para lança-la para trás, curvando o dorso para frente e tomando o impulso que usou para saltar, girando no ar e gesticulando graciosamente com um único dedo erguido rumo ao rio, chamando as águas para abraçá-lo antes de ser lançado para os céus outra vez.