Capítulo 10 - A sorte de Minho

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De certo, de tudo o que havia em Jongsu, paciência não tinha parte alguma.

Ele suspirou, irritado, e deu mais um passo à frente.

- Vamos aproveitar a noite. - Foi o que disse.

Também em seu limite, Heeseung praticamente rosnou ao se voltar para aquele soldado.

- Eu não sei se você reparou, mas não estamos em casa, Jongsu. - O mais velho ouviu o anuncio entre dentes, então cerrou os seus também. - Não é mais um treinamento. Não estamos caçando coelhos para o jantar! Isso aqui, o que estamos seguindo, é algo que nunca vimos antes. Não fazemos ideia do que ele é capaz de fazer, não sabemos até onde qualquer um deles pode chegar.

- São apenas lobos, como eu e você.

- "Apenas lobos". - Heeseung riu, negando. - Então me diga de que classe.

- Não importa!

-"Não importa"? Me diga o motivo. - Ele estava próxima outra vez, e Jongsu odiou que a presença o fizesse querer regredir.

- Não importa, porque-

- Porque temos alphas, não é? - O sorriso aberto fez o mais velho cuspir no chão. - E o que isso é? Essa palavra... É o nome de minha classe, não estou certo? Esses malditos não são mais o que costumavam ser, Jongsu. Não são os mesmos que você arrastou para aquele inferno. Desde o momento em que tiveram seu sangue corrompido, eles deixaram de ser "apenas lobos".

- Se não são lobos... - Heeseung fez uma careta diante o hálito alcóolico que rebateu em seu rosto - Então o que são?

Heeseung apertou os olhos. Se aproximou mais, quase a ponto de encostar suas testas.

- Aberrações. - Foi o que disse. - Por que motivo acha que fazem parte de um circo?

Quando ele se afastou, sem o dever mais um olhar sequer, Jongsu chutou a primeira pedra que viu no chão.

Certeiro, mesmo que não fosse essa sua intensão, a pedra pequena rebateu no tronco da árvore ao lado e rumou para uma das moitas mais ao fundo da floresta. Ele apoiou as mãos na cintura para suspirar, quando a mesma pedra retornou rolando para perto de seus pés.

- Cuidado com a raiva. -A voz feminina disse, baixinho. - Ela ainda vai te condenar.

Jongsu riu, esfregou o rosto com os dedos de uma das mãos.

- Chances de me condenar não faltam. - E sua risada foi correspondida. - Eu não acho que vamos chegar a algum lugar seguindo a vagareza desse... Dele!

- Para ser honesta, eu também não acho que tenhamos mais tanto tempo assim.

Ele acompanhou a caminhada dela, quando os passos reverberaram pelo silêncio que os restava como companhia.

Hwasa caminhava com calma, pisando nas folhas secas e desviando das raízes altas como se pudesse fazê-lo de olhos fechados. Carregava, em uma das mãos, uma pedra riscada, com a qual afiava a ponta incisiva de algo parecido com uma bala, que segurava com outra. Os cabelos escuros eram abraçados pelo céu noturno, se misturando como fossem um. E um pingente, preso na corrente de prata no pescoço, correspondia o vermelho vivo ao brilho das estrelas, pulsando em sua luz fraca como se fosse uma extensão do que deveria existir em seu peito.

- Nosso ponto de rastreio não vai funcionar por mais que alguns dias. - Ela continuou.

- O que quer dizer? - Jongsu questionou, realmente curioso.

Aquela mulher, era um de seus maiores orgulhos. Era inteligente, sensata, e aprendera bem tudo o que ele tinha a ensinar, antes de ser dado como um lobo inválido pelos motivos dos quais muito discordava.

Dinastia Alpha - Respeitável Público • Namgi (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora