01. Memórias.

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NY, Nova York.

— Bom dia maninha. — Meu irmão abriu a porta de meu quarto logo pela manhã. — Hoje está um dia tão lindo! Estou feliz que nossas aulas irão começar.

— Só você mesmo que está feliz. — Levantei de minha cama, tentando firmar os pés no chão. — Não estou nem um pouco animada.

— Fica feliz! O dia está muito bonito. — Ele foi em direção as cortinas e as afastou, dando total liberdade para o sol entrar.

— Fecha isso menino! — Fui em direção à elas, e fechei sem pensar duas vezes.

O sol logo pela manhã, causava uma enorme sensibilidade em meus olhos. Henry queria me deixar cega.

— Você é muito rabugenta! — Declarou cruzando seus braços.

— E você é muito intrometido. — O encarei, vendo o seu semblante irritado. — Como é que eu pude esquecer de trancar meu quarto? Sempre que não tranco, você aparece aqui com seu lindo humor. — Falei ironicamente, vendo o menino me imitar.

— E sempre que eu venho te dar bom dia com o meu lindo humor, você me trata igual bicho. — Fez um bico, cruzando seus braços. — Sabe de uma coisa? Nunca mais venho te fazer feliz pelas manhãs. — Henry saiu do meu quarto batendo seus pés no piso de madeira maciça.

Respirei fundo indo em direção ao banheiro para lavar meu rosto.

Minhas manhãs costumavam ser mais calmas quando meu irmão não estava tão agitado.

Eu costumava acordar cedo, estudar, arrumar a casa, fazer almoço e ainda conseguia usar um tempinho para fazer algo diferente. Mas quando meu irmão acordava junto comigo, a única coisa que eu conseguia fazer, era o almoço.

— Se acalmou estressadinho? — Perguntei indo em direção ao sofá onde ele estava.

— Veio aqui para continuar me perturbando? — Seus olhos estavam vidrados em um anime que passava na televisão.

— Está vendo Naruto?

— Não, estou vendo Barney. Ali o Barney usando o sharingan. — Ele revirou os olhos como se aquilo fosse óbvio.

— Você é grosso demais menino! — Dei um tapa em sua testa, ouvindo ele reclamar.

— Tenho a quem puxar! — Ele berrou ao perceber que eu me afastava da sala.

Fui em direção à cozinha para preparar  o café da manhã e percebi o menino vir atrás de mim.

Estava com uma imensa vontade de fazer panquecas, talvez fosse um algo bom para melhorar o humor.

— Eu queria te contar um sonho que eu tive... — O tom de sua voz mudou para mais suave.

— Pode contar. — Declarei, colocando um copo de suco para o garoto.

— Sonhei... com uma casa pegando fogo... — Meus olhos se arregalaram no mesmo momento.

Será que ele lembrava?!?!

— E dentro dessa casa, estava eu, você  e mais dois adultos. — Milhões de memórias começaram a surgir em minha cabeça. Tudo voltou em questões de segundos como um enorme flashback. — Eu e você parecíamos muito mais novos.

— E o que acontecia depois? — Tentei disfarçar o grande vazio que surgiu em meu coração. Mas era inevitável.

— Você chorava muito e gritava o nome do papai e da mamãe. — Uma pequena lágrima escorreu de meus olhos.

Minhas pernas bambearam, meu corpo não correspondia mais, meus olhos ardiam e meu coração batia aceleradamente.

Mamãe... papai...

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