07. O destino trabalha como quer.

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No dia seguinte, acordei sentindo minha cabeça doer.

Não foi uma noite muito boa... acordei diversas vezes por conta de sonhos que eram torturantes.

Achei que minha mente esqueceria das memórias que foram desbloqueadas ontem, mas errei em achar isso.

— Bom dia maninha. — Meu irmão levantou um tempo depois de mim. — Estou me sentindo um pouco mal. Acho que não vou para escola. — Encarei o menino vendo ele fingir claramente estar doente.

— O que você tem? — Perguntei com a sobrancelha arqueada.

— Estou com vontade de vomitar. Foi aquele chocolate, certeza. — Ele massageou sua barriga com uma expressão de dor no rosto.

— Então não trago mais chocolate para você. — Sorri de lado vendo ele arregalar os olhos.

— Não, não. Eu tô curado. — Sorriu levantando as mãos. — É um milagre! Eu tô curado!

— Você é muito cínico. — Balancei a cabeça, rindo do menino.

— Eu não queria ir para escola. — Se sentou na mesa da cozinha, bocejando. — Aquele povo é muito chato.

— Concordo, mas não temos opção. — Suspirei, ao lembrar que provavelmente me encontraria com Luke na universidade.

— É, não temos opção. — Ele colocou seus dois braços sobre a mesa e apoiou sua cabeça neles. — Que chato.

— Por que você não tenta socializar com alguém? — Perguntei vendo ele levantar uma das sobrancelha. — Talvez você encontre alguém com os mesmos gostos que você.

— Que tipo de ser humano de doze anos em pleno século XXI gosta de ler, assistir anime e jogar videogame o dia inteiro? — Ele perguntou tirando uma risada minha.

— Você gosta. — Declarei vendo o menino bufar.

— Exatamente, só eu gosto. O povo da minha escola é completamente diferente de mim.

— Não custa nada tentar. — Entreguei um copo de suco para o menino.

Assim que acabamos de comer, nos arrumamos e fomos até o carro para os nossos compromissos.

— Podemos passar no mercado de novo? Prometo que hoje não compro só doce! Ontem eu passei fome na escola porque não tinha lanche. — Ele me olhou pedindo socorro com os olhos.

— Tá bem. — Bufei. — Você é insuportável hein. Por que não pegou um biscoito da cozinha? — Reclamei ligando o carro.

— Porque eu também quero doce. — Sorriu animado.

Quando chegamos no mercado, o menino entrou comigo e correu até os doces.

Henry quase nunca saía do carro. Era um milagre ele decidir ir comigo comprar duas guloseimas. Talvez meu irmão esteja querendo mudar sua parte antissocial. Isso era legal.

— Você é o Henry, né? — Ouvi uma voz feminina assim que me aproximei da seção de doces.

— É... s-sou. — Ele coçou a cabeça envergonhado. — E você é a Luna, né?

— Sou sim! Como sabe meu nome? — A menina perguntou gentilmente enquanto pegava um pacote da biscoito.

— Quando a professora fez a chamada, vi você levantando a mão. — Ele estava tão envergonhado, que evitava o contato visual.

— Você é bem observador! — Ela riu se aproximando do menino. — Ontem eu também observei você. — Aquela simples frase, fez o menino corar violentamente. — Quer dizer... — A menina percebendo o que disse, coçou a cabeça, também envergonhada. — Eu vi os meninos falando coisas desagradáveis para você.

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