17. Eu te amo.

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— Boa noite amigo da Hannah. — Jennie sorriu animada assim que entrou no carro. — Graças a Deus eu não precisei pedir um uber. Esses motoristas são tão lerdos.

Luke abriu um sorriso para a menina que arregalou os olhos imediatamente.

— Eu concordo com você. Alguns parecem não saber dirigir.

— Amiga do céu. — Jennie me encarou surpresa. — O que você está esperando?

— Quê? — Perguntei, confusa.

Ela apenas riu e se virou para a janela. Jennie falava muito, era como se sempre tivesse um assunto para debater. Isso era bom, pelo menos assim eu não conversaria com Luke, e sim, ela.

— Então vocês trabalham juntas? — Ele perguntou.

— Sim, sim. Mas nunca chegamos a nos falar tanto como hoje. Estou feliz por ela finalmente resolver ter uma conversa comigo. — A menina me encarou, rindo. — Agora podemos ser amigas e falar sobre tudo: Unhas, roupas, maquiagens e o principal, homens!

Arregalei os olhos quando ela disse aquilo. Aonde eu estava me metendo senhor.

— De homens? — Luke ergueu a sobrancelhas com um sorriso.

— Sim! Tipo, o quanto você é lindo. — Ela se referiu ao Luke, causando um crise de risos no menino.

— Obrigada pelo elogio. Então é esse tipo de coisa que as mulheres fazem quando se juntam?

— Isso, e assistir Barbie. São coisas muito comuns.

— E o que vocês fazem quando não estão bem?

— Conversamos uma com as outras. Fazemos um pratão de brigadeiro e é claro que precisa rolar um karaokê, né.

— Entendi. — Luke parecia pensar sobre aquilo. — Bom Jennie, foi um prazer te conhecer. — Ele parou em frente a casa do endereço passado pela menina.

A casa tinha a cor branca e janelas de vidro; Uma varanda enorme com diversas plantas. Era simplesmente divina.

— Você mora sozinha? — Perguntei ao ver ela pegar o guarda-chuva.

— Eu moro com a minha mãe. — Sorriu fraco. — Já tentei me mudar mas não tenho coragem de deixá-la sozinha. Qualquer dia te conto a história em uma noite das meninas. — Piscou para mim e abriu a porta do carro para sair. — Até amanhã no trabalho.

Quando ela fechou a porta, me lembrei que estava sozinha no carro com o motivo do meu surto diário.

Um surto que era bom e ruim ao mesmo tempo.

— Você não vai passar para o banco da frente mesmo? — Ele perguntou ainda parado na porta da menina.

— Acho melhor eu ficar aqui. — Prendi a respiração sentindo mais uma vez alguma coisa perambular dentro do meu estômago.

Ele respirou fundo e voltou a dirigir, não insistindo.

— Eu sinto muito pelo o que aconteceu hoje mais cedo. — Começou a dizer com uma certa tristeza na voz.

— Eu não queria falar sobre isso..

— Por que você faz isso? — Uma impaciência surgiu no seu tom de voz. — Eu tô aqui tentando consertar as coisas e com muito medo de perder você por conta de erro, e você fica fugindo do assunto! Quando você vai perceber que é encarando os problemas que você aprende a lidar com eles? — Ele me encarou pelo retrovisor e eu abaixei a cabeça. — É um fato que a gente quase se beijou hoje de tarde. Você não vai conseguir mudar isso fugindo.

— Por que você está gritando comigo? - O encarei sentindo uma raiva crescer dentro de mim. — Por que está gritando comigo?!

- Eu não estou gritando! - Luke olhou para trás no mesmo momento em que um carro em alta velocidade veio em nossa direção.

— PARA O CARRO LUKE. — Gritei vendo ele olhar para frente surpreso e pisar no freio na esperança de parar o carro.

O carro em alta velocidade conseguiu mudar a direção antes de bater no nosso e Luke encostou o carro em uma calçada.

Por um momento soltei o ar que eu nem sabia que estava segurando.

— Me desculpa. — Suas mãos tremiam e seus olhos ainda estavam arregalados.

— Isso é tudo culpa sua! — Lágrimas escorriam de meus olhos enquanto eu tentava me recompor. — Caramba! Podíamos ter morrido por conta de uma discussão boba! — Soquei um dos bancos tentando aliviar a dor que eu sentia.

— Sabe qual é o seu problema? — Ele se virou para mim. — Você é uma egoísta por pensar que é a única pessoa com problemas. — Ele falou friamente. — Você acha que é a única que passa ou passou por coisa difíceis. Você acha que é a última a dar a palavra. Para você é mais fácil jogar a culpa nas pessoas não é? Ou então fingir que nunca aconteceu. Você é muito difícil! — Lágrimas escorriam de seus olhos.

Sem aguentar mais ouvir aquilo, fui tentar abrir a porta mas ele trancou.

— Me deixa sair.

— Viu! Está fugindo de novo!

— Para com isso! — Minhas lágrimas eram quentes e escorriam queimando o meu rosto. — Eu não te entendo sabia? — Minha voz saiu como um sussurro. — Por que você faz questão de me ter por perto se sabe como eu sou?! — Puxei o ar sentindo o meu coração pesado. — Se sou um fardo para você, porque me quis de volta em sua vida? Por que você faz tanta questão em me ter?!

O encarei. Seus olhos não transmitiam mais raiva, agora seus olhos transmitiam angústia.

Ele engoliu em seco e abriu a porta do carro. Por um momento achei que ele fosse me deixar ali sozinha mas ele respirou fundo e simplesmente berrou no meio da estrada vazia.

— PORQUE EU TE AMO. — Outra lágrima escapou de meus olhos. Eu estava em choque. — MEU DEUS COMO EU TE AMO. — Berrou outra vez e eu pude perceber o quanto ele estava chorando apesar das gotas da chuva em seu rosto disfarçando as lágrima. — Eu te amo tanto que as vezes é inevitável estar ao seu lado e não pensar em uma vida futura juntamente com você...

— Luke entra no carro! Você está se molhando todo! — Abri a porta, agora destrancada, e fui em sua direção.

— Eu te amo tanto que não me importo com que você tenha problemas. Te amo tanto que daria uma volta inteira ao mundo só para te encontrar. Eu te amo tanto que queria te beijar essa tarde no carro e não deixar você ir trabalhar porque queria você perto de mim. Eu te amo tanto que as vezes nem cabe no meu peito...

Luke me encarou assim que nos aproximamos. Ele estava perfeito. Seus cabelos molhados e seu rosto inchado passava a impressão de inocência e pureza. Seus braços se cruzaram abaixo do peito, seus lábios estavam tão rosados que me impulsionava a toca-los. Ele estava com a guarda abaixada. Estava tentando consertar as coisas.

— Entra no carro. — Falei vendo os lábios do menino bater de frio.

Ele simplesmente ignorou o que eu falei e se aproximava aos poucos de mim. Quando me dei conta, eu podia sentir sua respiração ofegante em meu pescoço.

— Podemos parar de brigar e voltar ao que estávamos fazendo de tarde? — Sua voz saiu como um sussurro de tão baixa.

— Luke você está encharcado.

— Estamos encharcados.

Ele encostou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos sentindo o cheiro do meu pescoço. O seu nariz fazia cócegas leves no local.

— Eu já disse que eu te amo?

— Para de falar que me ama.

— Nossa eu te amo desde que éramos pirralhos. — Ele beijou a ponta da minha orelha.

— Entra no carro, Luke.

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