22. Dorme aqui hoje.

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Passei o dia inteiro avaliando cada peça recebida, algumas eram de boa qualidade para um desfile de tamanha importância, já outras, foram descartadas.

Como não havia tanto trabalho, o senhor Monroe me liberou mais cedo para que eu pudesse terminar meus trabalhos do curso.

Não pedi para Luke me buscar, eu precisava de um tempo sozinha para organizar as minhas coisas e principalmente minha mente.

Quando estamos apaixonados ficamos chateados por coisas tão bobas, não é? Por exemplo, eu não fiquei tão feliz assim recebendo a mensagem de Luke porque pensei que talvez ele pudesse ter me dito aquilo pessoalmente.

Será que ficou chateado por eu ter dito que ele é grudento?

Será mesmo que eu estava apaixonada?

Entrei pelas portas do meu quarto, organizando cada um dos livros para voltar a rotina. Eu consegui terminar o livro três no trabalho enquanto carimbava alguns papéis e agora era menos um.

Pensei em trocar de roupa quando eu vi a blusa e a calça de Luke, dobrada no canto da minha cama. Sem pensar muito, vesti ambas e sentei na escrivaninha pronta para mais um round .

Demorei mais ou menos duas horas para terminar aquele. Era pequeno e bem produtivo. Comecei o quinto sentindo que seria o mais chato por conter 550 páginas.

Depois de algumas horas, dei uma pausa ao receber uma mensagem e percebi que havia muito mais que uma.

— Você ainda está no trabalho?
Me avisa para te buscar.
Eu trouxe as crianças em um parque bem legal.
Quem sabe voltamos aqui quando você sair. — Luke mandou quatro mensagens e foi aí que eu notei as horas. Eram exatamente nove horas da noite, isso explica a preocupação dele.

— Estou em casa, não se preocupe.
Quando acabar de se divertir com as crianças, trás Henry para casa por favor. — Enviei, saindo da conversa e vendo uma outra mensagem de um número desconhecido.

— Oii! É a Jenniie.

— Oi Jennie. — Respondi e notei que a menina estava online, provavelmente não demoraria para responder.

Desliguei o celular sentindo um cansaço muito grande. Fisicamente e psicologicamente.

Resolvi terminar os benditos dois últimos livros no dia seguinte, afinal, era sábado, e ninguém nunca fazia nada, que envolva trabalho, aos sábados.

Deitei em minha cama me aconchegando entre a coberta e os travesseiros, sentindo os olhos fecharem aos poucos...

...

Eu sentia pequenos beijos sendo depositados entre o meu pescoço e o rosto. Não tinha a mínima noção do que era, mas fazia muitas cócegas.

— Você está chateada comigo de novo, não está? — Continuou a me beijar até se encaixar em cima de mim. — O que eu fiz dessa vez?

— Sai de cima de mim. — Falei me debatendo. — Não estou chateada.

— Então por que não me chamou quando saiu do trabalho? — Ele retirou o seu corpo de cima do meu, e se sentou ao meu lado.

— Eu saí mais cedo e não queria te incomodar. — Virei o meu rosto para o outro lado da cama, aonde ele não podia ver.

— Por que não respondeu as minhas mensagem de tarde?

— Ah não sei, eu estava ocupada.

— Então por que não respondeu quando viu as últimas mensagens?

— Como você é chato! Quer ouvir que eu estou chateada mesmo? — Me levantei encarando o seu rosto.

— Sim. — Ele sorriu de canto.

— Tá legal! Eu estou. — Voltei a deitar a minha cabeça no travesseiro e a tampei com o cobertor.

— Quer me dizer o motivo? — Senti o menino deitar ao meu lado.

— Eu não sei.

— Não sabe se quer dizer o motivo, ou não sabe o motivo?

— A segundo opção.

— Hum... Compreendo. — Ele ficou em silêncio por um momento. — Você quer que eu vá embora?

— Não. — Retirei o cobertor da cabeça e fiquei encarando a parede branca. — Por que não disse o quanto eu estava bonita pessoalmente?

— Está chateada por conta disso? — Não olhei em seu rosto, mas eu podia nitidamente ver um sobrancelha arqueada e um sorriso nos lábios.

— Me responde.

— Eu estava com medo de você achar que aquilo era brega e me chamar de grudento. Mas depois eu não aguentei e te enviei uma mensagem.

Um silêncio surgiu novamente no local, decidi me virar para ele e encarar seu rosto.

— Eu gosto quando você é grudento. — Não conseguindo encarar os seus olhos, desviei o olhar. Não costumo ser o tipo de pessoa sentimental que diz essas coisas, mas eu queria deixar ele feliz com as minhas palavras.

— Você gosta, é? — Ele soltou uma risadinha.

— Sim... — Meus olhos encararam o teto e cruzei os braços. — Eu gosto quando diz que sou linda, quando fala que me ama o tempo inteiro, quando me beija e não quer me soltar... gosto quando você faz coisa na qual eu me sinto amada.

— Entendi. — Ele suspirou e se aproximou de mim colocando o a sua cabeça em meu ombro. — É raro ver você tão sentimental. — Um de seus braços passou pela minha barriga, me abraçando.

— Culpa sua. — Empurrei ele, vendo o mesmo rir.

— Como foi seu dia? — Perguntou, curioso.

— Organizei algumas encomendas e avaliei, carimbei algumas papelada que faltavam, confirmei a presença de alguns convidados importantes e depois voltei para casa. — Eu ainda olhava para o teto, revendo tudo aquilo que eu havia feito. — Quando cheguei aqui, troquei de roupa e voltei a ler os livros da universidade.

— Nossa, você fez bastante coisa. — Acariciou meus cabelos com uma das mãos. — Deve estar cansada, né?

— Sim, bastante.

— Eu vou embora então, Luna está me esperando na sala com o seu irmão. — Ele depositou um beijo em minha bochecha, e se levantou para sair do quarto. Rapidamente agarrei a sua mão e o puxei de volta para cama.

— Mas você acabou de chegar. — Ele se sentou com um sorriso. — Dorme aqui hoje. — Não consegui o encarar. Aquilo era vergonhoso demais.

— Você está muito carente hoje. — O menino engatinhou em minha direção, e depositou um beijo nos meu lábios. — Ou pretende fazer outra coisa comigo aqui? — Ele sorriu com malícia e automaticamente meu rosto aqueceu.

— Por que você é tão idiota? — Apoiei meu rosto nas mãos esperando a vergonha passar. — Meu Deus como você é bobo!

— Por que você ficou com vergonha? Casais fazem esse tipo de coisa. — Riu, deitando-se entre as minhas pernas, passando os dois braços pela minha cintura.

— Ainda não somos um casal.

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