Capitulo 03 - James

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James

Meu celular apitou em cima da mesa de cabeceira, tateei a madeira, ainda de olhos fechados, para desligar a droga do despertador. A primeira mensagem que apareceu na tela foi a de Madison, é quase uma rotina agora que ela está começando na Hayward.

É terça-feira e eu já estou cansado pra caralho. Com um show marcado para sábado, nós precisamos pegar pesado no ensaio, e pretendo tocar a música que eu compus durante verão, na Califórnia.

Tomei um banho rápido e desci as escadas. Max foi o primeiro a notar minha presença, bloqueando o celular no mesmo segundo, como se fosse segredo que ele está de papinho com Hannah. Ao seu lado estavam Beck e Will, agarrados com o casal meloso que são. Divido a casa com os dois caras, enquanto Derek, Jake e Scott moram nos alojamentos da Hayward.

— Tenha respeito pela minha prima, seu merdinha — rosnei para Will, empurrando a mão dele que estava quase encostando na bunda de Beck. — Sou o responsável por ela em Boston.

Meu estômago se contorceu quando Beck virou de uma vez o suco verde que costuma tomar pela manhã, e tenta obrigar todo mundo a acompanhá-la. Will, como um bom cachorrinho, sempre cede, e Max também, porque ele não sabe dizer não a ninguém. Eu me recuso, não coloco essa merda na minha boca nem se minha vida depender disso.

— Vi que você pegou sua guitarra ontem — Beck comentou. — A Hannah já estava em casa?

— Sim — respondi, sem mais detalhes. — Onde ela foi? Você sabe?

— Não, eu não monitoro a minha melhor amiga, seu esquisito.

Bom, Beck, você deveria, porque ontem a noite alguém a machucou. Não sei como, nem quem, e nem de que forma. Mas ela estava machucada, frágil e confusa. Tão confusa que, por alguns segundos, pensei que ela finalmente cederia um pouco de espaço para mim.

"Não somos amigos", foi o que ela disse. Que se foda. Não preciso ser seu amigo para querer mantê-la em segurança. Vi ela crescer ao lado de Beck, então, queira ela ou não, eu vou sempre estar por perto.

— Por que você quer saber? — Max perguntou, me encarando, querendo saber se Hannah pode ser motivo de disputa entre nós.

Dei de ombros. Ele não está na jogada. Nem eu, é claro. Mas se eu estivesse, Max não seria um problema. Hannah seria minha, se eu quisesse que fosse.

Ignorei sua pergunta enquanto enchia minha tigela com cereal e leite, o mais prático possível. E roubei um pedaço da panqueca que Beck preparou para Will, é o mínimo depois de ouvir os sussurros e gemidos durante a noite. Odeio quando ela dorme aqui.

— Que clima gostoso pela manhã — Will brincou. — Vai ter ensaio hoje?

— Sim. E que porra o Derek está fazendo, hein? A banda não vai pra frente se o vocalista não se esforçar, espero que ele não falte hoje.

— Existem vocalistas melhores — Max murmurou, e sei que está se referindo a mim, mas não quero esse papel, eu gosto da minha guitarra e ponto final. — Espero não estar perdendo tempo com vocês.

— Você nunca perde seu tempo quando está fazendo algo por mim, cara — eu provoquei Max, com a voz melosa.

Ele deu risada e me mostrou seu dedo do meio.

— Conheci um cara que é dono de uma rede de bares e clubes, não quero animar vocês, mas talvez eu consiga alguns shows fora da cidade.

Larguei minha tigela no mesmo segundo, quase explodindo de felicidade. Max vai ser um empresário do caralho, não vou trocá-lo por ninguém, nem mesmo quando a banda estiver grande. Ele vai ser um dos maiores, junto com todos nós.

Duas verdades, uma mentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora